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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Folha 28/06 - - Pastelão tucano

São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Pastelão tucano

SÃO PAULO - Sobre a escolha dos vices, a primeira pergunta que se faz é: o que ele agrega? O que ele (ou ela) acrescenta à candidatura? Em relação ao PT, a resposta é simples: Michel Temer não acrescenta nada, mas o PMDB dobra o tempo de TV de Dilma Rousseff.
José Serra subverteu a lógica. No seu caso, o processo de escolha do vice serviu para escancarar a desagregação da campanha. Poucas vezes se assistiu a um espetáculo tão desastroso como esse que o tucanato nos oferece desde a última sexta.
Se lhe fosse dada a oportunidade de fazer um roteiro para os adversários, o bom João Santana, marqueteiro petista, talvez não conseguisse ser tão criativo.
Depois de prolongar ao limite a novela do vice, Serra optou, sem convicção, por Álvaro Dias. Em 2002, afastado do PSDB, ele havia apoiado Lula contra o mesmo Serra. Isso, porém, ficou em segundo plano, diante de tanta trapalhada.
Foi Roberto Jefferson, do PTB, quem fez o anúncio, pelo Twitter. Preterido e humilhado, o DEM se revoltou em bloco. E, também pelo Twitter, botou a boca na vuvuzela: escolha "inconsequente e desastrosa", disse o deputado Ronaldo Caiado, completando -"Se na campanha nos tratam assim, imaginem se o PSDB ganhar?". "O sotaque do senador Dias vai chegar muito bem ao Nordeste... argh!!!!!!", vuvuzelou Cesar Maia.
A reação foi tanta que o PSDB, depois de tomar a decisão, divulgou nota dizendo que a indicação estava "sendo apreciada por líderes e presidentes dos partidos". O próprio Álvaro Dias deu declarações contraditórias: "Se o DEM tiver que sair, saio eu", disse, para depois dizer que não sairia, não senhor.
Pelo menos até quarta, quando o DEM faz a sua convenção, o pastelão deve prosseguir. Mas o vexame já é fato consumado. A campanha tucana está em frangalhos.
Serra ainda pode vencer? Até pode. Mas dá a impressão de que gostaria de fazê-lo sem vice, sem aliados, só ele -sozinho, sozinho.

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