Folha 15/06 - - PT pede à PF que apure se tucano teve sigilo violado

Receita não informa se irá abrir uma sindicância para apurar vazamento

Eduardo Jorge e o PSDB têm dúvidas sobre ação que pretendem mover, já que desconhecem o autor do suposto crime

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

A direção nacional do PT ingressou ontem na Polícia Federal, em Brasília, com um pedido de investigação sobre a quebra do sigilo fiscal e bancário do vice-presidente-executivo do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira.
O documento, em nome do presidente do partido, José Eduardo Dutra, foi dirigido à Diretoria Geral da PF e pede a instauração de inquérito para apurar a "veracidade" e a "autoria" do ilícito.
No sábado, a Folha revelou que a "equipe de inteligência" que começava a ser montada na pré-campanha da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, levantou dados fiscais e financeiros sigilosos de EJ, homem-forte na Presidência de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
O grupo obteve documentos de três depósitos feitos em sua conta, num total de R$ 3,9 milhões, além de outros dados constantes de seu Imposto de Renda.
"O PT reafirma que nem o partido nem a coordenação da pré-campanha autorizaram, orientaram, encomendaram, solicitaram,ordenaram ou tomaram conhecimento de qualquer ação dessa natureza", diz a nota divulgada ontem.
A assessoria de imprensa da Polícia Federal informou que, quando o pedido chegar à direção do órgão, passará por uma análise preliminar.
Na última quinta-feira, o deputado federal tucano Marcelo Itagiba (RJ) também pediu à PF investigação sobre a acusação de que a "equipe de inteligência" do PT tenha discutido a encomenda de um dossiê antitucano. A polícia ainda analisa o teor do pedido formulado pelo parlamentar tucano.
Procurada ontem pela Folha, a Receita Federal não informou, até o fechamento desta edição, se iria abrir uma sindicância para apurar o vazamento de dados fiscais sigilosos de Eduardo Jorge.
Ontem, Eduardo Jorge se reuniu por cerca de 40 minutos com o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), em São Paulo.
Guerra diz que quer "recompor limites de convivência democrática que foram rompidos" e que, para isso, o partido vai entrar na Justiça. A avaliação é que houve crime de quebra de sigilo fiscal e que, portanto, cabe ação na Justiça comum.
Tecnicamente, EJ e o comando tucano ainda têm dúvidas sobre como se dará o ingresso da ação na Justiça, já que não se sabe quem é o autor do suposto crime.
Está prevista uma reunião para amanhã com a participação de Guerra, do advogado do PSDB Ricardo Penteado e do líder da minoria na Câmara, deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Penteado diz que o caso será analisado apenas amanhã, mas afirmou que "não há como ter acesso a dados sob sigilo fiscal sem a atuação do governo ou de alguém do governo".