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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Globo 24/06 - - Células curam cegueira

Tratamento na Itália recuperou visão de pessoas com queimaduras graves
Pela primeira vez, cientistas comprovaram, num estudo de dez anos, que o tratamento com implante de célulastronco, retiradas do próprio paciente, faz cegos voltarem a enxergar. A técnica foi um sucesso em 77% de 112 voluntários. Dos 107 olhos tratados, 82 foram completamente recuperados, e 14 outros parcialmente.

Um dos participantes da pesquisa, feita por cientistas do Centro de Medicina Regenerativa Stefano Ferrari, da Universidade de Modena, na Itália, tem 80 anos e perdeu a visão aos 8 anos, com prejuízo grave em ambos os olhos. Em todos os casos, os danos à córnea foram causados por substâncias químicas e fontes de calor. A pesquisa abre caminho para o desenvolvimento de novas terapias contra a cegueira.

Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), as queimaduras representam de 7% a 10% dos acidentes nos olhos no Brasil. Na pesquisa italiana, publicada na revista científica “New England Journal of Medicine”, a equipe aplicou células-tronco retiradas do limbo (a membrana situada entre a córnea e a esclera, a parte branca do olho) de partes do olho ainda saudável do paciente. Em seguida, elas foram cultivadas em laboratório e enxertadas na córnea doente para estimular a regeneração. Alguns receberam mais de um implante.

A técnica foi realizada pela primeira vez em 1998, e já foi aplicada em 252 voluntários.

— O tratamento proporcionou efeito por pelo menos dez anos — afirmou Graziella Pellegrini, que participou do estudo. — Mesmo quando o efeito não foi completo, ele aliviou sintomas como a sensibilidade à luz e a dor nos olhos. De qualquer maneira, os participantes tiveram alguma melhora. E muitos disseram que estavam vivendo um milagre.

Os pacientes com ferimentos superficiais foram capazes de voltar a enxergar num período de até dois meses depois do tratamento.

E os médicos ainda identificaram quais os tipos de células-tronco funcionaram melhor em cada caso Na opinião do oftalmologista Ivan Schwab, da Universidade da Califórnia, que não participou da investigação, este é o mais longo e o maior estudo desse tipo: “É um sucesso estrondoso”

Há estudos em curso no Brasil

A maioria dos voluntários teve danos em apenas um olho, e em alguns casos a visão era tão limitada que eles só conseguiam ter a percepção de luz ou o movimento das mãos.

Nas situações em que ambos os olhos estavam danificados, as célulastronco foram retiradas de uma parte preservada do limbo. Algumas dessas pessoas chegaram a passar por várias operações, sem sucesso, antes de iniciar o tratamento experimental.

Atualmente, as pessoas que sofrem queimaduras nos olhos podem ser operadas para implante de córnea artificial. Mas esse tipo de procedimento pode ter várias complicações, como infecção e glaucoma.

Outra alternativa é receber um transplante de células-tronco de cadáver, porém o paciente terá que tomar drogas para evitar a rejeição, o que também é um risco.

No Brasil, há protocolos de pesquisa semelhantes para esses casos, como, por exemplo, no Instituto Penido Burnier, em Campinas.

Mas aqui o procedimento é feito com o implante de células-tronco extraídas da membrana amniótica, a parte interna da placenta, diz o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto.

O médico explica que as células da membrana amniótica se diferenciam e formam novos tecidos na superfície dos olhos, e têm propriedade anti-inflamatória e cicatrizante.

Segundo o especialista, a técnica recupera até 70% dos casos de queimaduras oculares, inclusive as provocadas pelo contato com produtos como soda cáustica, cal e amônia. E ela ainda pode ser aplicada na reconstrução de pálpebras, para eliminar inflamação pós-cirúrgica de pterígio (o espessamento da conjuntiva), de tumores, em ceratoconjuntivite, penfigoide (uma doença auto-imune que ataca a mucosa dos olhos) e nos casos de uma alergia ocular conhecida como Stevens-Johnson, que pode deixar cicatrizes na córnea.

As queimaduras nos olhos ocorrem com uma maior frequência em homens que trabalham em ambientes industriais, sem o uso de óculos de proteção, especialmente na faixa etária de 20 anos a 40 anos

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