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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Globo 09/08 - - Governistas de cofres abarrotados

Aliados de Dilma Rousseff nos estados arrecadam 63% a mais que seus adversários


Fábio Fabrini, Gustavo Paul e Isabel Braga

No quesito arrecadação, as campanhas a governador aliadas à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (PT), levam franca vantagem sobre as alinhadas ao principal adversário dela, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB). A exemplo do que ocorre na disputa presidencial, os doadores têm enchido os cofres dos políticos próximos ao Palácio do Planalto nas eleições regionais, deixando a oposição, em alguns casos, descapitalizada. Levantamento do GLOBO sobre as prestações de contas parciais apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, nos 15 maiores colégios eleitorais do país onde há polarização entre apoiadores da petista e do tucano, a máquina governista amealhou 63,8% mais.

A comparação foi feita entre os candidatos que, dos dois lados, estão mais bem colocados nas pesquisas. Apoiadores de Dilma levantaram R$29,3 milhões até agora, ante R$17,9 milhões dos adversários. Para o cientista político Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília (UnB), os números expressam uma característica da política brasileira: quem tem a máquina nas mãos, controlando contratos e a destinação de verbas públicas, tem mais facilidade de angariar apoios e recursos.

- Ninguém quer ficar com a oposição. Isso é um indício claro e irrefutável da capacidade de cooptação que o governo federal tem - afirma o especialista.

Para Nogueira, essa lógica é nociva ao jogo político, pois evidencia que a democracia brasileira ainda está em processo de consolidação:

- É ruim. Se verificarmos nas democracias mais avançadas, esse fenômeno não existe.

Campanha mais cara é do Paraná

Nos 15 colégios eleitorais, a campanha mais rica é a do senador Osmar Dias (PDT) ao governo do Paraná, que declarou receitas de R$9,7 milhões, contra R$2 milhões do adversário Beto Richa (PSDB). Não por acaso, o palanque do pedetista foi disputado por Dilma e Serra até quase o início do período eleitoral. A folga no caixa não se reproduz no desempenho eleitoral. A mais recente pesquisa Ibope/RPC aponta que o tucano tem 46% das intenções de voto, contra 33% de Dias.

No Rio, o governador Sérgio Cabral (PMDB) bate Fernando Gabeira (PV), que apoia Serra e Marina Silva (PV), por R$4,6 milhões a R$100 mil. No Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) conseguiu R$1,3 milhão, mais que Yeda Crusius (PSDB) e José Fogaça (PMDB), seus principais adversários, juntos (R$852 mil).

No Nordeste, a maioria das campanhas que servem de palanque para Dilma - e têm como vantagem as máquinas estaduais - arrecadou mais. Em Pernambuco, a diferença de Eduardo Campos (PSB) para Jarbas Vasconcelos (PMDB) é de R$2,2 milhões para R$1,4 milhão. No Ceará, Cid Gomes (PSB) obteve R$1,4 milhão, ante R$740 mil de César Cals (PSDB). No Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), com R$645 mil, declarou 21 vezes mais que o pedetista Jackson Lago (R$30 mil).

Embora argumente que a campanha está no início e boa parte do empresariado prefira colaborar mais adiante, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), alega que a oposição tem mais dificuldade de abastecer seus cofres:

- A arrecadação do PT está atrelada ao uso da máquina estatal. Quem é governo tem muito mais chances de conseguir doações.

Procurado, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, não foi localizado. Além do interesse em contratos com o governo, líderes dos partidos dizem que pesa na decisão do empresariado o medo de ser retaliado pelo governo ao contribuir com a oposição.

Somente em seis estados a oposição leva vantagem na arrecadação. Mesmo assim, nos principais casos, controla o governo, o que serve de chamariz para doadores. Em São Paulo, por exemplo, a diferença é gritante: o tucano Geraldo Alckmin (PSDB) declarou receitas de R$5 milhões, contra R$R$966 mil do adversário, Aloizio Mercadante (PT). O petista tem dito que, embora haja problemas de "ritmo e fluxo" na campanha, sua equipe já obteve o compromisso de diversos colaboradores e que o caixa vai engordar.

Em Minas, embora o governador Antônio Anastasia (PSDB) tenha em torno da metade das intenções de voto de Hélio Costa (PMDB), conforme as últimas pesquisas, ele arrecadou 33% a mais (R$3 milhões).

Guerra avalia que a vantagem de Alckmin nas sondagens eleitorais ajuda a explicar a adesão do empresariado. Em Minas, a popularidade do ex-governador Aécio Neves (PSDB), que concorre ao Senado, e a frente de partidos da coligação de Anastasia favoreceriam a arrecadação. Sozinho, Aécio declarou uma receita de R$1,6 milhão, a mais polpuda entre os candidatos ao cargo nos 15 principais colégios eleitorais.

No Espírito Santo, o senador Renato Casagrande (PSB), com 51% da preferência do eleitorado no Ibope, amealhou R$1,1 milhão, quase dez vezes mais que o segundo colocado, o tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas (R$135 mil). Integrante da base aliada de Lula, Casagrande não credita à proximidade do Planalto sua arrecadação elevada. Segundo ele, as realidades estaduais são diferentes e devem ser analisadas caso a caso.

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