Coordenador de comunicação de tucano é responsabilizado por queda nas pesquisas
Gilberto Scofield Jr.
SÃO PAULO. No olho do furacão desde que as últimas pesquisas de intenção de voto mostraram a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, com cerca de 20 pontos à frente do candidato do PSDB, José Serra, o jornalista paulistano Luiz Gonzalez, 57 anos, coordenador de comunicação e principal estrategista da campanha tucana, é um sujeito visivelmente irritado com as críticas que ele considera infundadas ao seu trabalho.
À frente de uma equipe de 300 pessoas e uma rotina que começa cedo e entra pela madrugada, por conta dos hábitos notívagos do seu candidato, o marqueteiro não dispensa opiniões, especialmente numa hora tensa como agora. Mas as quer respaldadas em fatos.
À tentativa de responsabilizálo pela queda de Serra, responde com fatos e números das campanhas das quais participou.
Os levantamentos de sua equipe não reproduzem a rejeição a Serra captada pelos institutos de pesquisa. O que significa que o rumo não muda por conta do escárnio petista, das avaliações de eventuais marqueteiros ou do fogo amigo de políticos do PSDB e aliados.
De tucanos, ele entende bem.
São 16 anos administrando campanhas do partido, desde que em 1994 fez a vitoriosa comunicação de Mario Covas na disputa pelo governo de São Paulo. Hoje, a Lua Branca, agência de propaganda tocada atualmente por seus dois filhos, cuida de contas do governo do estado e do município de São Paulo, contratos que ultrapassam os R$ 150 milhões.
Avesso a entrevistas formais, Gonzalez usa sua experiência de 20 anos de jornalismo e 21 anos em campanhas políticas começou em 1989, quando saiu do Departamento de Jornalismo da TV Globo para dirigir a campanha para a TV de Ulysses Guimarães à Presidência para mandar seus recados. Um deles, dizem integrantes do comando da campanha, é que o caminho até as eleições é longo, a imagem do candidato é construída passo a passo, o projeto mira o segundo turno e seu eixo estratégico o confronto dos currículos e das qualificações de Serra e Dilma permanece, mas será monitorado para que se façam acertos táticos.
Gonzalez cita pesquisas que, em agosto e setembro de 2006, previam vitória acachapante do então presidente Lula sobre o candidato Geraldo Alckmin, do PSDB, no primeiro turno. Os números variavam entre 50% e 51% para Lula e algo entre 25% e 29% para Alckmin. O primeiro turno das eleições terminou com 7 pontos percentuais de diferença.
Por isso, suas decisões são tomadas com os números que tem à mão, captados por pesquisas qualitativas diárias em oito estados, testes de reação com eleitores antes e depois da divulgação de cada peça, e 700 entrevistas por dia.
São oito produtos fechados por dia: dois programas de rádio, dois de TV, comerciais de rádio e TV, planos de mídia de rádio e TV, fora os fechamentos de impressos, jornais, reuniões de debates e respostas de entrevistas que o candidato precisa dar diz um integrante de sua equipe. Tudo é multiplicado por dois, pois estamos fazendo também a campanha de governador do Geraldo Alckmin.
Queixas pela falta de diálogo
Mas o trabalho aparentemente insano não ganha o perdão dos apoiadores de uma candidatura que perdeu votos até em estados em que tinha vantagens, como São Paulo, Minas Gerais e a região Sul. Os tucanos esperavam que a campanha na TV e no rádio de Serra virasse o jogo e nublasse a transferência, para Dilma, do prestígio acumulado pelo presidente Lula, um governante com um índice de aprovação de 79%. Não foi o que ocorreu até agora.
Gonzalez é centralizador e determinado, mas não burro diz o concorrente Paulo de Tarso, coordenador de comunicação da campanha de Marina Silva.
Lula tem a aprovação do Brasil, e o Gonzalez faz uma oposição comparada com Dilma. A entrada do Indio da Costa mudou o teor da campanha para uma estratégia de oposição clara, e muitos tucanos pedem agora que ela seja aprofundada.
Acho que Gonzalez tem feito um bom trabalho, mas Dilma é uma candidata vitoriosa desde o começo disse em seu videoblog outro concorrente, o marqueteiro Duda Mendonça, que em 2002 trabalhou para a eleição vitoriosa de Lula. O marqueteiro tem como profissão potencializar seu candidato, mas não decidir uma eleição.
Desde que o programa eleitoral gratuito no rádio e na TV começou, as críticas variaram do conteúdo ao estilo centralizador e à falta de diálogo de Gonzalez com os políticos na cúpula da campanha. Os petardos vieram de aliados, gente como o senador e líder do PSDB, Arthur Virgílio (Ele tem dificuldade de ouvir a opinião dos outros), o senador Álvaro Dias (Na medida em que se poupam as críticas, não se expõem os equívocos, falcatruas e a corrupção), o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (Se o Gonzalez ouvisse um pouco os políticos, não poria no ar uma favela fake, nem o bobajol do Zé).
Serra entrou na disputa em um cenário difícil, de popularidade altíssima do governo atual e de transferência real de votos de Lula para Dilma afirma o marqueteiro Nelson Biondi, veterano de campanhas que já foi sócio de Duda Mendonça e, em 2002, fez com Nizan Guanaes a campanha de Serra à Presidência contra Lula. Na hora da queda, a pressão e a tentação para as guinadas são enormes.
Como Gonzalez é centralizador, chamou para si o desagrado.
Mesmo políticos mais ponderados reclamam de barreiras na integração entre a política de Serra na mídia e a que se faz nas ruas.
A estrutura da campanha nas ruas, a cargo do senador Sérgio Guerra, não se comunica adequadamente com o Gonzalez, que não valoriza tanto este trabalho mais político diz o deputado tucano Márcio Fortes.
Apaixonado por motos, Gonzalez trabalhou por 10 anos como jornalista na imprensa escrita e outros 10 anos em televisão, em sua maior parte na Rede Globo, de onde saiu em 1989, quando fez a primeira incursão na política, ao coordenar a campanha de TV de Ulysses Guimarães.
Em 1991, com o também jornalista egresso da Globo Woyle Guimarães, fundou a produtora GW, que cresceu para três estados (São Paulo, Brasília e Paraná) e tem hoje 12 sócios.
Próximo a Serra desde 2004
Em 2003, Woyle e Gonzalez fundaram a agência de propaganda Lua Branca, cujo controle em 2006 foi assumido pelos filhos de Gonzalez. Ele é dono também da Campanhas, empresa de marketing político por trás de Serra e Alckmin. O marqueteiro se aproximou de José Serra em 2004, na disputa contra Marta Suplicy e Duda Mendonça pela prefeitura de São Paulo (Serra ganhou).
Quem conhece Gonzalez diz que ele não é pessoa fácil de pressionar, apesar do cenário.
Mas os políticos reclamam.
O que acontece sempre é o político esculhambar ou porque está por fora da situação, ou porque quer atingir alguém, ou porque quer alguma coisa. O interesse não é com o êxito da campanha. É pessoal. Sempre ligado a dinheiro ou disputa por espaço. Faz parte do jogo diz um integrante da campanha.
Esse é um blog de Clipping de Miguel do Rosário, cujo blog oficial é o Óleo do Diabo.
domingo, 29 de agosto de 2010
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