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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Folha 18/08 - - PT busca fusão de Dilma com Lula, PSDB derrapa

NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

Como primeiro capítulo de novela ou "teaser" de filme hollywoodiano, os programas de Dilma Rousseff gastaram à vontade, com imagem em película e uma edição ao detalhe. Esta abordou temas de risco, como o período em que foi "presa", ficou na "cadeia", expressões usadas para impacto e construção de personagem. Não faltou nem o "ex-marido".
Na construção da personagem, principalmente à tarde, cenas recorrentes mostraram o percurso de caminhos, como uma estrada. À noite, em superprodução, um voo partiu do Chuí com Dilma para o rio Madeira com Lula -e o resto dos dez minutos seguiu na mesma viagem.
Lula entrou poucas vezes à tarde, como escada, não protagonista. À noite, com a edição em ritmo acelerado, o programa buscou uma fusão de Dilma com Lula.
À tarde, em nenhum depoimento foi possível perceber o teleprompter, a começar de Dilma. À noite, pelo contrário, o texto foi controlado e expresso sem trégua, como se Dilma e Lula fossem um só, em edição que de início causou estranheza.
José Serra, por outro lado, denunciou o que parecia teleprompter em boa parte de suas entradas à tarde. E o efeito não foi de naturalidade. A edição carregou no esforço de torná-lo popular, falando da "casinha num bairro operário" ou mudando o nome para "Zé" -como se viu na campanha anterior, sem sucesso, com o "Geraldo" de Alckmin.
À noite, seu discurso foi menos empostado, sem leitura aparente, e um jingle com imagens genéricas tomou o lugar de uma favela de cenografia, mal construída e editada, que havia aproximado o programa do desastre, à tarde. E o tema foi quase único, saúde.
Mas a inadequação de Serra no palco eleitoral se mostrou incontornável. No dizer da "Economist", antecipando-se à sua "apresentação", "ele aparenta ser insípido, exceto quando sorri, quando parece assustador".

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