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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Folha 16/08 - - Mauro Paulino

"Não sei, pode ser"

Para ter chances, Serra tem de crescer entre eleitores que aprovam o governo


O HORÁRIO eleitoral gratuito começa hoje sob amplo clima de favoritismo de Dilma, o que potencializa o desafio original e vital à campanha de Serra: para reverter esse sentimento precisa avançar entre aqueles que aprovam o governo Lula. Se a campanha não atingir essa façanha, Serra será derrotado por larga vantagem já no primeiro turno.
Os que são totalmente fiéis a Lula, que só votam em quem ele apoia, já estão com Dilma e a elevaram à atual liderança à medida que a associação de seu nome ao do presidente foi sendo percebida. Acompanhamento do Datafolha mostrou em dezembro passado -quando Serra tinha uma vantagem de 15 pontos sobre Dilma- que havia ainda um potencial de transferência com poder de alavancar a candidata do presidente.
Hoje essa transferência direta está praticamente esgotada, e cabe a Dilma preservar sua herança através da campanha televisiva, sem escorregar nos debates e entrevistas.
Por outro lado, os que não querem votar em um candidato apoiado por Lula já se decidiram majoritariamente a favor de Serra e, em menor escala, também de Marina.
Entre essas duas faixas há 22% de eleitores que gostam do governo Lula mas não estão convictos sobre seu voto. Provavelmente é o segmento que vai decidir se haverá ou não segundo turno. Os votos desses eleitores vacilantes serão especialmente disputados pelas campanhas.
Ao serem abordados pelos entrevistadores do Datafolha na semana passada, 56% deles mostraram-se indecisos antes de verem o cartão de candidatos, taxa acima da média verificada no total de eleitores. Quando estimulados, 12% continuaram indecisos, 36% escolheram Serra, 31% Dilma e 15% Marina.
Delineiam-se preferencialmente por mulheres, por assalariados e com nível de escolaridade entre fundamental e médio. São mais jovens do que a média dos eleitores e apresentam um perfil de renda pouco mais alto do que o apresentado pelos brasileiros em geral.
Estão mais presentes nas regiões Sudeste e Sul, em especial nos Estados de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul.
Enquanto os lulistas convictos apresentam uma preferência partidária de 37% pelo PT -que no total de eleitores atinge 23%-, nesse segmento essa taxa cai para 18%, enquanto os sem-partido atingem 64%, oito pontos acima da média.
Como a aprovação ao governo Lula é o foco da eleição, vale situá-los com mais detalhe nesse aspecto. No total do eleitorado ela se divide entre 32% que avaliam o governo como ótimo e 45% como bom. Entre os mais convictos que, sem dúvida votam em quem Lula indicar, há mais eleitores que consideram o governo ótimo do que bom. Já entre os que não estão totalmente convencidos isso se inverte: a maioria diz que o governo Lula é bom e uma menor parte diz que é ótimo.
São, portanto, eleitores menos entusiasmados com o governo federal, apesar de aprová-lo, que não votam necessariamente na candidatura oficial e que complementarão a decisão do voto a partir do que ocorrer nos próximos 46 dias.
Não bastará aos candidatos convencê-los de que continuarão a obra de Lula. Esses eleitores, em especial, deverão ser persuadidos de que no próximo governo a obra será aperfeiçoada.
MAURO PAULINO é diretor-geral do Datafolha

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