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sábado, 14 de agosto de 2010

Editorial Folha 14/08 - - Dilma avança

Pesquisa Datafolha mostra que estratégia eleitoral de Lula obtém resultado e pode levar a candidata petista a vencer no primeiro turno

Pesquisa Datafolha publicada hoje mostra que Dilma Rousseff abriu considerável vantagem sobre o tucano José Serra. A petista chega às vésperas do início do horário eleitoral gratuito oito pontos percentuais à frente de seu maior rival. Considerando apenas os votos úteis, Dilma estaria hoje a três pontos de uma conquista no primeiro turno.

Embora o período mais acalorado da campanha esteja por começar, os números traduzem o êxito da estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujos índices de popularidade vão se transferindo para sua preferida. A inédita aprovação presidencial ao fim do mandato chega a atrair simpatias -ou pelo menos evitar ataques- de nomes da oposição.

Questionado no "Jornal Nacional" sobre o ameno tratamento dispensado a Lula, o ex-governador paulista, em nova tentativa de desvincular criador e criatura, justificou-se dizendo que o presidente da República não é candidato.

É verdade, mas tem sido um incansável cabo eleitoral, a projetar nacionalmente a imagem de Dilma e sua identificação com ela. Repetindo um de seus bordões favoritos, o da metáfora da nação como família, Lula insiste em fazer de Dilma a "mãe" do crescimento econômico e do Brasil -cabendo a ele próprio, num eco populista, o papel de pai.

Não por acaso, a ascensão da petista se associa ao aumento do número de eleitores que tomam conhecimento de sua proximidade com o presidente. Ser a candidata oficial não significa apenas receber o apoio de um governante com boa avaliação e reconhecida capacidade de comunicação popular. Beneficia-se também do peso da máquina governamental e do arco de alianças fisiológicas construído pelo Planalto nos últimos anos.

Por sua vez, a campanha de Serra está longe ser uma obra político-eleitoral admirável. Em meio a ambiguidades e hesitações, tucanos e democratas se desentendem e têm dificuldades em aparecer para o eleitor como desejável alternativa ao lulismo.

Os conflitos internos já se manifestavam anteriormente no próprio âmbito do PSDB, entre Serra e Aécio Neves, que nutria esperanças de ser o candidato à Presidência. A derrota para o paulista não gerou apenas mal-estar em alguns setores da oposição. Também repercutiu de maneira negativa na campanha estadual. Na expectativa de participar da corrida presidencial, o ex-governador mineiro demorou a promover o candidato Antonio Anastasia. Não conseguiu, até aqui, fazer com seu vice o que Lula fez com Dilma.

Se o quadro em Minas não evoluir de modo mais favorável ao PSDB, aumentam as chances de a candidatura petista aproximar-se de uma vitória no primeiro turno. Dilma continua crescendo no Nordeste e no Rio, Estado no qual Serra vai de mal a pior, em que pese o vice carioca de sua chapa -o intrépido deputado Índio da Costa.

Embora seja um candidato mais preparado e experiente, o tucano esbarra em problemas de imagem e em alianças que, além de fracas e desgastadas, não parecem ser as de sua predileção. Num momento em que aumenta a sensação de bem-estar provocada pelos bons ventos econômicos, o poder de inércia do continuísmo parece difícil de ser contido.

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