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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Madri - Clóvis Rossi: Falta uma resposta (Folha 20/05/2010)

MADRI - Antes de um período de repouso para me curar de fraturas de duas costelas, ouso dividir com o leitor a pergunta que não quer calar: por que os Estados Unidos resolveram torpedear o acordo Brasil/Turquia/Irã?

Quem estimulou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a dialogar com os iranianos foi ninguém menos que Barack Obama. Você pode até não acreditar no que dizem porta-vozes do governo sobre o fato de que o acordo é calcado em carta que Obama enviou faz pouco a Lula.

Mas eu ouvi diretamente de Robert Gibbs, o porta-voz de Obama, que o presidente norte-americano havia dito a Lula que o diálogo era importante -no encontro que tiveram às margens do G8+5 da Itália. E que o Brasil deveria usar o peso de suas relações comerciais e o fato de a sua Constituição proibir o uso militar da energia nuclear para dizer a Ahmadinejad que deveria fazer a mesma coisa.

OK, o acordo está longe de encerrar o contencioso nuclear, como reconhecem os negociadores turcos e brasileiros.

Mas "o ponto do acordo é que ele ganha de seis a oito meses" [para negociações], como diz Patrick Clawson, do Instituto do Oriente Próximo, de Washington.

Em vez de aproveitar a janela entreaberta para algo produtivo, Washington volta ao tema das sanções antes mesmo de que os envolvidos digiram o acordo.

Se estou repassando ao leitor a pergunta, é porque não encontrei uma resposta convincente de parte nem de Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático de Lula, nem do próprio presidente.
Há uma no "site" do Council on Foreign Relations, na boca de Michael A. Levi, diretor do Programa sobre Segurança Energética e Mudança Climática: "O acordo parece desenhado para imprensar os Estados Unidos, ao fazê-lo parecer o mau sujeito, se disser não".
Será? É infantil, não?

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