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terça-feira, 25 de maio de 2010

Estadão 25/05 - - Café vendido no País terá de seguir padrão

Empresas que venderem o produto com impurezas e fora dos padrões serão multadas e terão a mercadoria recolhida

Adriana Fernandes, da Agência Estado



BRASÍLIA - O governo vai exigir padrão mínimo de qualidade para o café vendido no mercado interno. Empresas que venderem café com impurezas e fora dos padrões determinados pelo Ministério da Agricultura serão multadas e terão a mercadoria recolhida por fiscais.

A medida faz parte de uma ofensiva para acabar com a imagem difundida junto aos consumidores de que o melhor café produzido no Brasil vai para o exterior e o ruim é vendido no País. As mudanças poderão levar a aumento de preços de algumas marcas que vendem café mais barato, mas com alto teor de impurezas, como palha e milho.

Ao anunciar na segunda-feira, 24, o programa "Qualidade Global" para a bebida a segunda mais consumida no Brasil atrás da água , o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, também prometeu para breve medidas de apoio ao setor cafeeiro para resgatar no exterior o "respeito" pelo café brasileiro que, segundo ele, foi "adulterado" por campanhas de marketing bem sucedidas de outros países produtores.

Rossi criticou diretamente a Colômbia, por vender café com nome colombiano, mas misturado ao brasileiro. "Temos de recuperar aquilo que é nosso de verdade. É feito lá um blend e reexportado como se fosse café colombiano para ter um over-price no mercado internacional . Isso é muito ruim", atacou. Para ele, as novas regras representam um marco para a indústria nacional e vão garantir um café de melhor qualidade na mesa do brasileiro. "Quem tem o melhor café do mundo não pode ter o mito que o bom café vai embora e aqui fica o ruim. Isso não é verdade".

As mudanças entrarão em vigor em fevereiro. Até lá, as empresas terão de se adequar aos padrões de pureza, umidade, acidez, adstringência e critérios de avaliação sensorial do café, como aroma, sabor, fragrância e sabor residual.

Instrução Normativa da Agricultura será publicada na terça-feira no Diário Oficial com porcentuais exigidos. Para ser vendido, o produto deverá ter, no mínimo, nota igual ou superior a quatro pontos numa escala de zero a dez. Além disso, o café produzido no Brasil ou importado poderá ter, no máximo, 1% de impurezas. A presença de umidade no grão torrado ou moído não poderá ultrapassar 5%. Um profissional especializado fará a prova da xícara, que consiste na degustação do produto. O Brasil é o maior produtor e exportador de café.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Almir José da Silva, o Brasil é o primeiro país a impor regras desse tipo e a elaborar um padrão de identidade e qualidade para a bebida, a exemplo do que os franceses fizerem para o vinho. "Os bons industriais serão premiados e os maus serão punidos", disse. A Abic adota há 20 anos selo de pureza e desde 2004 tem certificação de qualidade para seus associados.

Para o secretário de Produção do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone, o café passará a ter preço justo ao inibir a concorrência desleal e forçar as empresas a oferecerem produto com um padrão de qualidade. "Eu não chamaria isso de aumento. É compatibilização de preço com a qualidade do produto". Segundo ele, empresas que oferecem café a preços aviltados por terem pior qualidade terão de se "enquadrar ou sumir do mercado".

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