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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Vice de Dilma é "mercadoria", diz Serra

Tucano defende escolha de Indio como "ideológica" e afirma que Temer foi definido após "troca de cargos"

Presidente da Câmara classifica de "raivosa" e "destemperada" fala de candidato tucano, que insiste em elo PT-Farc

JOSÉ MASCHIO
DE PORTO ALEGRE

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, chamou ontem em Porto Alegre o vice de Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (PMDB), de ""mercadoria", fruto de "troca de cargos".
Ao defender a indicação de Indio da Costa (DEM) para seu vice, Serra disse que o presidente Lula não queria Temer como vice de Dilma, mas teve que "engolir" o nome por "troca de cargos".
"É mercadoria. No nosso caso, é política e ideologia", afirmou, ao justificar a escolha de seu vice. "O Indio tem quatro eleições nas costas e na última foi muito mais votado que Temer, que entrou na repescagem, na soma de votos de legendas."
Temer disse que a declaração foi "raivosa e destemperada" e que espera a retomada do debate de ideias. "Este não é o Serra que conheci." Questionado sobre a declaração de Indio ligando o PT às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e ao tráfico, Serra disse que "é preciso que o PT, que a Dilma explique as ligações" com o grupo.
O tucano afirmou que os membros das Farc são "sequestradores, pessoas que cortam cabeças de gente". "Dilma nomeou a mulher de um deles no governo [o ex-padre Olivério Medina]. Dilma está devendo essa explicação da vinculação com essas forças terroristas", disse.

YEDA
Serra fez uma caminhada pelo centro de Porto Alegre. A governadora Yeda Crusius (PSDB), que teve o impeachment pedido após crise política, não compareceu. A justificativa oficial foi que os candidatos tinham agendas diferentes. Ambos só se encontraram numa visita à direção da rede Record.
Em discurso na Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Serra voltou a fazer ataques a Dilma. "Eu queria muito saber o que minha adversária sabe de agricultura. Até hoje, a não ser falar que não coloca, e depois colocar o boné do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], ela não falou nada", disse.

MÁS COMPANHIAS
Em entrevista à TV Brasil que foi ao ar ontem, Serra disse que Dilma perde "disparado" em matéria de más companhias. Ele tinha sido questionado sobre sua aliança no DF com Joaquim Roriz (PSC), que pode ter a candidatura impugnada.
Ele disse que Lula, apesar da popularidade, não conseguiu maioria no Congresso porque só aprova matérias se der benefícios em troca. "Como acostumaram, você precisa dar uma coisa a mais."

Colaborou GABRIELA GUERREIRO, de Brasília

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