Em abril, ele havia dito que não iria de jeito nenhum ao horário eleitoral gratuito declarar seu voto
Vera Rosa / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Depois de dizer que o candidato do PSDB, José Serra, é o "mais preparado" para enfrentar qualquer crise nos próximos anos, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) vai se reconciliar com a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT). Dilma e Ciro vão almoçar juntos amanhã, em Brasília. No cardápio está a participação dele na campanha petista. Com a ajuda do governador de Pernambuco, Eduardo Campos - que preside o PSB -, a equipe do PT convenceu Ciro a gravar um depoimento para o programa de TV de Dilma no horário eleitoral gratuito.
Desde que foi obrigado pela cúpula do PSB a desistir da disputa ao Palácio do Planalto, Ciro deu várias estocadas no PT, no presidente Lula e em sua própria legenda. "Não me peçam para ir à TV declarar o meu voto, que eu não vou", desabafou ele, em abril, após afirmar que Lula estava "navegando na maionese".
No auge das alfinetadas, Ciro submergiu, furioso com o diagnóstico de Lula de que deveria haver apenas um candidato da base aliada para enfrentar Serra. Não apareceu nem no ato político do PSB, há nove dias, quando o partido entregou a Dilma as propostas para o programa de governo e declarou apoio a ela.
"Eu passei por um momento de grande tristeza e me senti feito de bobo, mas não sou de cultivar mágoa", confessou. Ferrenho adversário de Serra, Ciro diz ser amigo de Dilma, uma mulher que define como "batalhadora" . Em conversas reservadas, o ex-ministro da Integração no primeiro mandato de Lula contou que os elogios ao tucano foram feitos num momento de grande desilusão política.
Esse é um blog de Clipping de Miguel do Rosário, cujo blog oficial é o Óleo do Diabo.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Estadão 28/07 - - Tucano é 'mais progressista' que todo o PT, diz Guerra
Afirmação foi resposta a declarações de dirigente petista sobre o figurino[br]de "direita troglodita"atribuído a Serra
Julia Duailibi - O Estado de S.Paulo
O presidente do PSDB e coordenador da campanha tucana, Sérgio Guerra (PE), chamou ontem a equipe da adversária do PT, Dilma Rousseff, de "guerrilha da mentira". Ele rebateu as declarações do presidente do PT, José Eduardo Dutra, segundo as quais o tucano José Serra vestiu o figurino de "direita troglodita".
"O Dutra é da direita aloprada, o negócio dele é carimbar as pessoas de forma preconceituosa. Serra tem 40 anos de vida progressista. Nestes anos, os setores conservadores tiveram resistência a ele", afirmou Guerra.
O presidente do PT fez as declarações ao comentar frase de Serra em evento com empresários anteontem, no qual reproduziu declaração do líder dos sem-terra João Pedro Stédile de haveria aumento de invasões no campo num eventual governo Dilma. O PT reagiu à afirmação de Serra, relacionando-o ao conservadorismo. Os tucanos rebateram as acusações, dizendo que o PT está mais à direita que Serra e afirmando que a frase dita pelo candidato foi proferida por Stédile em entrevista ao Estado.
De acordo com Sérgio Guerra, "muita gente da esquerda sabe que Serra é mais progressista que todo o PT junto". E atacou os adversários: "Eles se associam no subterrâneo a interesses nem sempre republicanos, e na prática apoiam gente que quebra sigilo e que constrói dossiê".
Para o presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva, as acusações dos tucanos são características de uma "campanha derrotada".
"Plantar inverdades, na era da informação, não convence mais o eleitorado", disse. / COLABOROU ADRIANA CARRANCA
Julia Duailibi - O Estado de S.Paulo
O presidente do PSDB e coordenador da campanha tucana, Sérgio Guerra (PE), chamou ontem a equipe da adversária do PT, Dilma Rousseff, de "guerrilha da mentira". Ele rebateu as declarações do presidente do PT, José Eduardo Dutra, segundo as quais o tucano José Serra vestiu o figurino de "direita troglodita".
"O Dutra é da direita aloprada, o negócio dele é carimbar as pessoas de forma preconceituosa. Serra tem 40 anos de vida progressista. Nestes anos, os setores conservadores tiveram resistência a ele", afirmou Guerra.
O presidente do PT fez as declarações ao comentar frase de Serra em evento com empresários anteontem, no qual reproduziu declaração do líder dos sem-terra João Pedro Stédile de haveria aumento de invasões no campo num eventual governo Dilma. O PT reagiu à afirmação de Serra, relacionando-o ao conservadorismo. Os tucanos rebateram as acusações, dizendo que o PT está mais à direita que Serra e afirmando que a frase dita pelo candidato foi proferida por Stédile em entrevista ao Estado.
De acordo com Sérgio Guerra, "muita gente da esquerda sabe que Serra é mais progressista que todo o PT junto". E atacou os adversários: "Eles se associam no subterrâneo a interesses nem sempre republicanos, e na prática apoiam gente que quebra sigilo e que constrói dossiê".
Para o presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva, as acusações dos tucanos são características de uma "campanha derrotada".
"Plantar inverdades, na era da informação, não convence mais o eleitorado", disse. / COLABOROU ADRIANA CARRANCA
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Estadão 28/07 - - Dora Kramer
Dora Kramer
Dizer que o candidato do PSDB, José Serra, vestiu o "figurino da direita troglodita", que faz "o discurso da República Velha" e que obedece a ordens de "falcões associados a um índio", como diz o presidente do PT, José Eduardo Dutra, pode ser interessante como artifício de contra-ataque.
Dá colorido ao embate, alimenta a impressão de que campanha eleitoral se resume à troca de desaforos, serve para ganhar tempo, mas não responde às questões postas em cena pelo adversário.
Estas, se bem rebatidas de forma substantiva, desaparecem num instante do noticiário. Agora, se tratadas na base dos adjetivos, acompanharão como uma sombra a candidata Dilma Rousseff até o fim da jornada, serão cobradas dela nos debates de televisão e continuarão sendo repetidas no horário eleitoral.
O PT deveria ser o primeiro a ter consciência disso. Tudo o que não é bem explicado, tudo o que não é enfrentado, aquilo que não recebe de início um corte pela raiz, assombra.
Na campanha de 2006, o PT partiu de uma base real - as privatizações feitas durante o governo Fernando Henrique Cardoso - e montou como quis a história dos inimigos entreguistas que no dia seguinte à sua volta ao poder venderiam o Banco do Brasil e a Petrobrás na bacia das almas.
Os tucanos esbravejavam, diziam que era mentira e o candidato recorria à alegoria para rebater, posando de colete e boné cheios de enfeites alusivos às queridas estatais. Seria só patético se não fosse também ineficaz.
Em miúdos, a resposta errada para a questão que estava sendo posta ao exame do público. Ou, por outra, resposta alguma.
Ontem, já na segunda semana consecutiva de ataques duros da oposição à candidatura de situação, Dilma Rousseff resolveu tomar uma providência.
Depois de dizer a todos que candidato à Presidência da República não deve se utilizar da palavra de outrem - no caso, ela se referia ao candidato a vice de Serra, Índio da Costa -, Dilma tomou à frente: "Então, vou responder ao ex-governador José Serra, acho lamentável que a eleição tenha descido, da parte do meu adversário, a esse nível."
Quer dizer, não disse coisa alguma. Não repudiou com veemência qualquer relação com os bandoleiros colombianos denominados Farc, não disse que são terroristas narcotraficantes nem renegou João Pedro Stédile e seu aviso de que em caso de vitória dela o MST perceberá que "vale a pena se mobilizar", ou seja, invadir propriedades privadas, depredar, roubar, barbarizar.
O que fica na cabeça de quem vê?
A evidência, no mínimo, de que esses assuntos rendem constrangimentos ao PT. Essa história de levantar o nariz e dizer "o que vem de baixo não me atinge" é atitude típica de quem não sabe o que dizer.
E por que não sabe? Porque o PT ainda tem contradições internas e externas que se prestam à exploração do adversário.
E por que ainda tem isso oito anos de governo e uma inequívoca opção pelo pragmatismo depois?
Porque fez uma carta-compromisso para se eleger, comprometeu-se com a realidade para governar, mas como partido jamais fez autocrítica em regra, nunca revisou seus conceitos.
São os mesmos contidos no documento A ruptura necessária de 2002 - substituído pela Carta aos brasileiros - e mantidos com nova roupagem em A grande transformação de 2010 - em vias de ser trocado por um enunciado de 13 intenções pluripartidárias mais palatáveis às urnas.
E por que o PT não faz autocrítica?
Porque perderia massa e o indiscreto charme dos revolucionários de almanaque.
Memorial. Em 1999, o então encarregado de assuntos internacionais do PT e atual assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, ofereceu ao Itamaraty seus préstimos para aproximar o governo brasileiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.
Na época as Farc eram fortes, cercavam Bogotá e poderiam sim tomar o poder na Colômbia. Diferente de hoje, praticamente dizimadas e reduzidas a acampamentos rurais isolados.
A oferta de Garcia foi recusada, mas o interlocutor ainda está em atividade nas lides de política externa (não mais no Itamaraty) para não deixar ninguém mentir.
Dizer que o candidato do PSDB, José Serra, vestiu o "figurino da direita troglodita", que faz "o discurso da República Velha" e que obedece a ordens de "falcões associados a um índio", como diz o presidente do PT, José Eduardo Dutra, pode ser interessante como artifício de contra-ataque.
Dá colorido ao embate, alimenta a impressão de que campanha eleitoral se resume à troca de desaforos, serve para ganhar tempo, mas não responde às questões postas em cena pelo adversário.
Estas, se bem rebatidas de forma substantiva, desaparecem num instante do noticiário. Agora, se tratadas na base dos adjetivos, acompanharão como uma sombra a candidata Dilma Rousseff até o fim da jornada, serão cobradas dela nos debates de televisão e continuarão sendo repetidas no horário eleitoral.
O PT deveria ser o primeiro a ter consciência disso. Tudo o que não é bem explicado, tudo o que não é enfrentado, aquilo que não recebe de início um corte pela raiz, assombra.
Na campanha de 2006, o PT partiu de uma base real - as privatizações feitas durante o governo Fernando Henrique Cardoso - e montou como quis a história dos inimigos entreguistas que no dia seguinte à sua volta ao poder venderiam o Banco do Brasil e a Petrobrás na bacia das almas.
Os tucanos esbravejavam, diziam que era mentira e o candidato recorria à alegoria para rebater, posando de colete e boné cheios de enfeites alusivos às queridas estatais. Seria só patético se não fosse também ineficaz.
Em miúdos, a resposta errada para a questão que estava sendo posta ao exame do público. Ou, por outra, resposta alguma.
Ontem, já na segunda semana consecutiva de ataques duros da oposição à candidatura de situação, Dilma Rousseff resolveu tomar uma providência.
Depois de dizer a todos que candidato à Presidência da República não deve se utilizar da palavra de outrem - no caso, ela se referia ao candidato a vice de Serra, Índio da Costa -, Dilma tomou à frente: "Então, vou responder ao ex-governador José Serra, acho lamentável que a eleição tenha descido, da parte do meu adversário, a esse nível."
Quer dizer, não disse coisa alguma. Não repudiou com veemência qualquer relação com os bandoleiros colombianos denominados Farc, não disse que são terroristas narcotraficantes nem renegou João Pedro Stédile e seu aviso de que em caso de vitória dela o MST perceberá que "vale a pena se mobilizar", ou seja, invadir propriedades privadas, depredar, roubar, barbarizar.
O que fica na cabeça de quem vê?
A evidência, no mínimo, de que esses assuntos rendem constrangimentos ao PT. Essa história de levantar o nariz e dizer "o que vem de baixo não me atinge" é atitude típica de quem não sabe o que dizer.
E por que não sabe? Porque o PT ainda tem contradições internas e externas que se prestam à exploração do adversário.
E por que ainda tem isso oito anos de governo e uma inequívoca opção pelo pragmatismo depois?
Porque fez uma carta-compromisso para se eleger, comprometeu-se com a realidade para governar, mas como partido jamais fez autocrítica em regra, nunca revisou seus conceitos.
São os mesmos contidos no documento A ruptura necessária de 2002 - substituído pela Carta aos brasileiros - e mantidos com nova roupagem em A grande transformação de 2010 - em vias de ser trocado por um enunciado de 13 intenções pluripartidárias mais palatáveis às urnas.
E por que o PT não faz autocrítica?
Porque perderia massa e o indiscreto charme dos revolucionários de almanaque.
Memorial. Em 1999, o então encarregado de assuntos internacionais do PT e atual assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, ofereceu ao Itamaraty seus préstimos para aproximar o governo brasileiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.
Na época as Farc eram fortes, cercavam Bogotá e poderiam sim tomar o poder na Colômbia. Diferente de hoje, praticamente dizimadas e reduzidas a acampamentos rurais isolados.
A oferta de Garcia foi recusada, mas o interlocutor ainda está em atividade nas lides de política externa (não mais no Itamaraty) para não deixar ninguém mentir.
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Folha 28/07 - - Serra manipula o vice para fazer ataques, diz petista
DE BRASÍLIA
DA ENVIADA A PALMAS
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse que seu adversário José Serra (PSDB) manipula o seu próprio vice, o deputado Indio da Costa (DEM-RJ), para fazer ataques no lugar dele.
Ela insinuou que Serra usa Indio de escudo e disse que o partido do vice foi a pior oposição ao governo: "O DEM votou contra tudo. Teve uma atitude não de oposição, foi de destruição do governo Lula e em alguns momentos da pessoa do presidente Lula".
Em entrevista à Rádio Difusora AM de Mossoró (RN), a candidata de Lula disse que as declarações do vice de Serra ligando o PT às Farc, ao narcotráfico e ao Comando Vermelho são lamentáveis.
"Não considero que uma pessoa que é candidata a presidente da República deva colocar alguém para fazer as acusações e ele endossar. Então vou responder ao ex-governador José Serra. Acho lamentável que a eleição tenha descido, da parte do meu adversário, a esse nível", disse.
Dilma disse que os ataques da oposição são "completamente infundados, inconsequentes e irresponsáveis" e que "este é um dos momentos mais desqualificados em toda história das campanhas após a democratização".
Para a petista, a estratégia de Serra é motivada pelos resultados das pesquisas eleitorais que mostram o crescimento de sua candidatura.
Ela afirmou que as pesquisas apontam uma situação "tranquila e confortável" para a sua campanha: "Nós consideramos que há uma ótima situação, ainda mais faltando mais de 20 dias, 30 dias para o início do programa de televisão".
Em Pernambuco, Dilma voltou a acusar o tucano de usar "tática do medo" para desconstruir sua imagem, tal como ocorreu com Lula nas eleições de 2002. Serra retrucou que "[essa acusação] é bobagem. Eu quero debater propostas para os problemas do país e dos Estados".
DA ENVIADA A PALMAS
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse que seu adversário José Serra (PSDB) manipula o seu próprio vice, o deputado Indio da Costa (DEM-RJ), para fazer ataques no lugar dele.
Ela insinuou que Serra usa Indio de escudo e disse que o partido do vice foi a pior oposição ao governo: "O DEM votou contra tudo. Teve uma atitude não de oposição, foi de destruição do governo Lula e em alguns momentos da pessoa do presidente Lula".
Em entrevista à Rádio Difusora AM de Mossoró (RN), a candidata de Lula disse que as declarações do vice de Serra ligando o PT às Farc, ao narcotráfico e ao Comando Vermelho são lamentáveis.
"Não considero que uma pessoa que é candidata a presidente da República deva colocar alguém para fazer as acusações e ele endossar. Então vou responder ao ex-governador José Serra. Acho lamentável que a eleição tenha descido, da parte do meu adversário, a esse nível", disse.
Dilma disse que os ataques da oposição são "completamente infundados, inconsequentes e irresponsáveis" e que "este é um dos momentos mais desqualificados em toda história das campanhas após a democratização".
Para a petista, a estratégia de Serra é motivada pelos resultados das pesquisas eleitorais que mostram o crescimento de sua candidatura.
Ela afirmou que as pesquisas apontam uma situação "tranquila e confortável" para a sua campanha: "Nós consideramos que há uma ótima situação, ainda mais faltando mais de 20 dias, 30 dias para o início do programa de televisão".
Em Pernambuco, Dilma voltou a acusar o tucano de usar "tática do medo" para desconstruir sua imagem, tal como ocorreu com Lula nas eleições de 2002. Serra retrucou que "[essa acusação] é bobagem. Eu quero debater propostas para os problemas do país e dos Estados".
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segunda-feira, 26 de julho de 2010
Folha 26/07 - - Datafolha aponta perda de vagas da oposição no Senado
Bancada de PSDB e DEM cairia de 6 para 3 senadores, segundo pesquisa
Feito em 7 Estados e no DF, levantamento indica que bancada governista subiria de 8 para 10; renovação seria de 62%
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO
A oposição corre risco de redução do número de senadores nos oito principais colégios eleitorais do país, revela o Datafolha. Segundo pesquisa realizada em sete Estados (SP, MG, RJ, PE, BA, RS e PR) e no Distrito Federal, a bancada de PSDB e DEM cairia à metade (de seis para três) se a eleição fosse hoje.
Integrante da oposição, o PPS elegeria um senador: Itamar Franco, em Minas.
Segundo a pesquisa, realizada em parceria com a TV Globo, de 20 a 23 deste mês, a bancada do PT dobraria, de dois para quatro senadores.
Excluído o PMDB, que perderá dois governistas e elegeria ao menos dois independentes, a base governista subiria de oito para dez nesses colégios eleitorais. A oposição cairia de seis para quatro.
Entre essas 16 vagas em disputa (duas para cada colégio), haverá renovação de, no mínimo, 62% e a eleição de ao menos nove novatos.
Realizada a 71 dias da eleição, a pesquisa ainda não registra o esforço dos principais cabos eleitorais em apoio a seus candidatos.
Aliado do presidenciável José Serra (PSDB) e potencial beneficiário da divulgação do 45 em São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira aparece em sétimo lugar -com apenas 4%, e tecnicamente empatado com Ana Luiza, do PSTU.
Em Minas, o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Pimentel (PT), tem 23% e está em terceiro lugar, atrás do ex-governador tucano Aécio Neves (62%) e de Itamar (41%).
Na Bahia, o petista Walter Pinheiro -candidato do governador Jaques Wagner (PT)- é o terceiro, com 20%.
Como a margem de erros é três pontos, para mais ou para menos, Pinheiro está encostado em Lídice da Mata (PSB), 26%. O senador Cesar Borges (PR) lidera, com 34%.
No Rio, Marcelo Crivella (PRB) tem 42%, e o ex-prefeito Cesar Maia (DEM), 31%.
Feito em 7 Estados e no DF, levantamento indica que bancada governista subiria de 8 para 10; renovação seria de 62%
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO
A oposição corre risco de redução do número de senadores nos oito principais colégios eleitorais do país, revela o Datafolha. Segundo pesquisa realizada em sete Estados (SP, MG, RJ, PE, BA, RS e PR) e no Distrito Federal, a bancada de PSDB e DEM cairia à metade (de seis para três) se a eleição fosse hoje.
Integrante da oposição, o PPS elegeria um senador: Itamar Franco, em Minas.
Segundo a pesquisa, realizada em parceria com a TV Globo, de 20 a 23 deste mês, a bancada do PT dobraria, de dois para quatro senadores.
Excluído o PMDB, que perderá dois governistas e elegeria ao menos dois independentes, a base governista subiria de oito para dez nesses colégios eleitorais. A oposição cairia de seis para quatro.
Entre essas 16 vagas em disputa (duas para cada colégio), haverá renovação de, no mínimo, 62% e a eleição de ao menos nove novatos.
Realizada a 71 dias da eleição, a pesquisa ainda não registra o esforço dos principais cabos eleitorais em apoio a seus candidatos.
Aliado do presidenciável José Serra (PSDB) e potencial beneficiário da divulgação do 45 em São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira aparece em sétimo lugar -com apenas 4%, e tecnicamente empatado com Ana Luiza, do PSTU.
Em Minas, o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Pimentel (PT), tem 23% e está em terceiro lugar, atrás do ex-governador tucano Aécio Neves (62%) e de Itamar (41%).
Na Bahia, o petista Walter Pinheiro -candidato do governador Jaques Wagner (PT)- é o terceiro, com 20%.
Como a margem de erros é três pontos, para mais ou para menos, Pinheiro está encostado em Lídice da Mata (PSB), 26%. O senador Cesar Borges (PR) lidera, com 34%.
No Rio, Marcelo Crivella (PRB) tem 42%, e o ex-prefeito Cesar Maia (DEM), 31%.
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26/07 - - Brasília - Fernando Rodrigues: O potencial de cada um
BRASÍLIA - O Datafolha da semana passada confirmou alguns paradigmas sobre a atual disputa pelo Planalto e tornou ainda mais claro o potencial de cada candidato.
A marca da 6ª eleição presidencial direta pós-ditadura é a do equilíbrio entre duas forças majoritárias (PT e PSDB). A regra parece cristalizada. Repete-se pela quinta vez seguida, desde a disputa de 1994. À la americana, há também sempre um terceiro nome (desta vez, Marina Silva, do PV), indicando a renitente insatisfação de pequena parcela da população com a polarização recorrente apenas entre os candidatos do establishment.
Sobre o potencial dos favoritos, há argumentos positivos para os dois lados, embora a soma geral sinalize um caminho mais suave para o PT.
No Datafolha, José Serra (PSDB) tem 37% contra os 36% de Dilma Rousseff (PT). Trata-se de um empate técnico. Ao longo dos últimos meses, entretanto, quem se movimentou para cima foi a petista.
Dilma também tem a seu favor: 1) voto espontâneo maior (21%) que o de Serra (16%); 2) é conhecida "muito bem" só por 14% do eleitorado (o percentual do tucano é 32%); 3) 30% não sabem que Lula a apoia; 4) 41% acham que ela vai vencer (só 30% pensam assim do adversário); 5) a economia está aquecida, há empregos e uma sensação geral de prosperidade.
Já Serra tem um portfólio menos robusto. Mas contabiliza o seguinte: 1) pertence ao partido franco favorito na eleição para governador de São Paulo pela quinta vez consecutiva; 2) apesar da força de Lula pró-Dilma, conseguiu se manter num patamar próximo a 35% em todas as pesquisas; 3) 32% dos que aprovam o governo Lula declaram ter intenção de votar em Serra.
No papel, Dilma parece favorita. Serra tem sido resiliente. Eleições assim impedem previsões. Ou, como na anedota sempre ouvida por aqui em Brasília, só será possível prever depois de 3 de outubro.
A marca da 6ª eleição presidencial direta pós-ditadura é a do equilíbrio entre duas forças majoritárias (PT e PSDB). A regra parece cristalizada. Repete-se pela quinta vez seguida, desde a disputa de 1994. À la americana, há também sempre um terceiro nome (desta vez, Marina Silva, do PV), indicando a renitente insatisfação de pequena parcela da população com a polarização recorrente apenas entre os candidatos do establishment.
Sobre o potencial dos favoritos, há argumentos positivos para os dois lados, embora a soma geral sinalize um caminho mais suave para o PT.
No Datafolha, José Serra (PSDB) tem 37% contra os 36% de Dilma Rousseff (PT). Trata-se de um empate técnico. Ao longo dos últimos meses, entretanto, quem se movimentou para cima foi a petista.
Dilma também tem a seu favor: 1) voto espontâneo maior (21%) que o de Serra (16%); 2) é conhecida "muito bem" só por 14% do eleitorado (o percentual do tucano é 32%); 3) 30% não sabem que Lula a apoia; 4) 41% acham que ela vai vencer (só 30% pensam assim do adversário); 5) a economia está aquecida, há empregos e uma sensação geral de prosperidade.
Já Serra tem um portfólio menos robusto. Mas contabiliza o seguinte: 1) pertence ao partido franco favorito na eleição para governador de São Paulo pela quinta vez consecutiva; 2) apesar da força de Lula pró-Dilma, conseguiu se manter num patamar próximo a 35% em todas as pesquisas; 3) 32% dos que aprovam o governo Lula declaram ter intenção de votar em Serra.
No papel, Dilma parece favorita. Serra tem sido resiliente. Eleições assim impedem previsões. Ou, como na anedota sempre ouvida por aqui em Brasília, só será possível prever depois de 3 de outubro.
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São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Direita, esquerda, centro
SÃO PAULO - Há no Brasil uma direita escandalosa e disposta a se escandalizar com tudo. Sua representação é mais midiática do que propriamente política. E o lulismo tem a ver com uma coisa e outra.
Ao mesmo tempo em que o êxito do governo (e, em particular, de Lula) inibiu a emergência de uma opção de direita puro-sangue à sua sucessão, também desinibiu, pela mesma razão, o ressentimento ou às vezes o ódio de setores que se julgam ameaçados pela nova ordem.
A base social dessa direita, para quem o mundo virou de ponta-cabeça, não são exatamente os detentores da riqueza extrema, que vão muito bem e talvez daqui a pouco tenham saudade. Nem, é claro, a massa pobre, que já esteve em situação pior e sentirá a falta de Lula.
A direita estridente, cínica ou raivosa, fala a (e por) setores de uma certa alta classe média, que teve seus sonhos ou pretensões de exclusivismo azedados pela emergência da "nova classe média".
Em termos políticos, a figura um tanto folclórica de Indio da Costa é um sintoma do que restou à direita, imobilizada diante de um presidente que parece ter apresentado o país a si mesmo. Lula, afinal, faz um governo de comunhão nacional.
Se a direita grita sua impotência, a esquerda nunca pareceu tão satisfeita. O lulismo anestesiou a intelligentsia, cooptando boa parte dela. Inverteram-se os papéis clássicos: temos hoje uma direita apocalíptica e uma esquerda integrada.
Nesse ambiente, o campo de discussão crítica ficou estreito e está contaminado pelo sectarismo de uma polarização algo artificial.
Direita e esquerda ganham lastro na vida real quando vêm acompanhadas do prefixo "centro". Centro-direita, centro-esquerda -é por aí, distante das extremidades, que a política entre nós caminha (ou patina). Discute-se a "ampliação" do Bolsa Família, a "revisão" da política cambial etc. As brigas intelectuais, por isso, podem soar ridículas. Como se, sem perceber, todos ali fossem só "radicais de centro".
Ao mesmo tempo em que o êxito do governo (e, em particular, de Lula) inibiu a emergência de uma opção de direita puro-sangue à sua sucessão, também desinibiu, pela mesma razão, o ressentimento ou às vezes o ódio de setores que se julgam ameaçados pela nova ordem.
A base social dessa direita, para quem o mundo virou de ponta-cabeça, não são exatamente os detentores da riqueza extrema, que vão muito bem e talvez daqui a pouco tenham saudade. Nem, é claro, a massa pobre, que já esteve em situação pior e sentirá a falta de Lula.
A direita estridente, cínica ou raivosa, fala a (e por) setores de uma certa alta classe média, que teve seus sonhos ou pretensões de exclusivismo azedados pela emergência da "nova classe média".
Em termos políticos, a figura um tanto folclórica de Indio da Costa é um sintoma do que restou à direita, imobilizada diante de um presidente que parece ter apresentado o país a si mesmo. Lula, afinal, faz um governo de comunhão nacional.
Se a direita grita sua impotência, a esquerda nunca pareceu tão satisfeita. O lulismo anestesiou a intelligentsia, cooptando boa parte dela. Inverteram-se os papéis clássicos: temos hoje uma direita apocalíptica e uma esquerda integrada.
Nesse ambiente, o campo de discussão crítica ficou estreito e está contaminado pelo sectarismo de uma polarização algo artificial.
Direita e esquerda ganham lastro na vida real quando vêm acompanhadas do prefixo "centro". Centro-direita, centro-esquerda -é por aí, distante das extremidades, que a política entre nós caminha (ou patina). Discute-se a "ampliação" do Bolsa Família, a "revisão" da política cambial etc. As brigas intelectuais, por isso, podem soar ridículas. Como se, sem perceber, todos ali fossem só "radicais de centro".
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política
Folha 26/07 - - Marta lidera voto ao Senado, com Tuma e Quércia em 2º
DE SÃO PAULO
A petista Marta Suplicy lidera a corrida pelo Senado em São Paulo, diz o Datafolha. O senador Romeu Tuma (PTB) e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) estão tecnicamente empatados na disputa pela segunda cadeira reservada a São Paulo.
Segundo a pesquisa, realizada dos dias 20 a 23 em parceria com a TV Globo, Marta conta com 32% das intenções de voto. Tuma tem 22%, e Quércia, 21%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.
Um dos principais articuladores políticos do presidenciável José Serra, o ex-secretário Aloysio Nunes Ferreira está em sétimo lugar, tecnicamente empatado com Ana Luiza (PSTU).
No horário eleitoral, ele colará sua imagem à de Serra e à do candidato a governador Geraldo Alckmin.
Interessada em herdar o segundo voto dos eleitores tucanos, Marta investirá num programa de TV independente da campanha do PT para o governo encabeçada por Aloizio Mercadante.
Quércia tentará conquistar o eleitorado de Alckmin, num programa casado ao do PSDB em rádio e TV.
Na disputa, o senador Tuma padecerá de falta de tempo no horário eleitoral.
Segundo o Datafolha, Ciro Moura (PTC) tem 19% de preferência, enquanto o vereador Netinho (PC do B) aparece com 15%. O cantor Moacyr Franco (PSL) tem 9%. O Datafolha ouviu 2.083 eleitores.
A petista Marta Suplicy lidera a corrida pelo Senado em São Paulo, diz o Datafolha. O senador Romeu Tuma (PTB) e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) estão tecnicamente empatados na disputa pela segunda cadeira reservada a São Paulo.
Segundo a pesquisa, realizada dos dias 20 a 23 em parceria com a TV Globo, Marta conta com 32% das intenções de voto. Tuma tem 22%, e Quércia, 21%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.
Um dos principais articuladores políticos do presidenciável José Serra, o ex-secretário Aloysio Nunes Ferreira está em sétimo lugar, tecnicamente empatado com Ana Luiza (PSTU).
No horário eleitoral, ele colará sua imagem à de Serra e à do candidato a governador Geraldo Alckmin.
Interessada em herdar o segundo voto dos eleitores tucanos, Marta investirá num programa de TV independente da campanha do PT para o governo encabeçada por Aloizio Mercadante.
Quércia tentará conquistar o eleitorado de Alckmin, num programa casado ao do PSDB em rádio e TV.
Na disputa, o senador Tuma padecerá de falta de tempo no horário eleitoral.
Segundo o Datafolha, Ciro Moura (PTC) tem 19% de preferência, enquanto o vereador Netinho (PC do B) aparece com 15%. O cantor Moacyr Franco (PSL) tem 9%. O Datafolha ouviu 2.083 eleitores.
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Estadão 26/07 - - Equipe de 270 pessoas atua na comunicação de Serra
Campanha do tucano alugou três estúdios na zona oeste paulistana, onde serão gravados programas de televisão
Julia Duailibi - O Estado de S.Paulo
Com três minutos a menos tempo de TV que a campanha de Dilma Rousseff (PT), a equipe de comunicação do tucano José Serra começou na semana passada a discutir os programas e a estruturar os estúdios onde será gravado o horário eleitoral gratuito.
Um imóvel na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, com três estúdios, foi alugado. Lá funcionam os Estúdios Quanta, que se intitulam o "maior complexo brasileiro de locações para o setor audiovisual".
A comunicação está dividida em 14 áreas principais: da criação de impressos à coordenação, tocada pelos jornalistas Luiz Gonzalez e Woile Guimarães. Numa campanha presidencial, em que grande parte do desempenho do candidato é creditado à estratégia de comunicação, a estrutura montada para atender a demandas é enorme. Mais de 270 profissionais, entre contratados diretos e prestadores de serviços, se dividirão em equipes de criação, pesquisa, mídia e conteúdo, entre outras.
Na semana passada, houve a primeira reunião de criação da equipe de comunicação para começar a esboçar a produção dos comerciais de rádio e TV, que estreiam no dia 17 de agosto. Ainda está em discussão o formato do programa, como se haverá apresentadores. Os filmes devem apresentar Serra, destacar a biografia do tucano, explorando temas sociais como a criação do FAT e dos genéricos. Parte das imagens externas do candidato já foi colhida em 10 Estados.
A produção dos programas de TV concentra 140 pessoas. Há no grupo roteiristas, cinegrafistas, repórteres, editores e produtores. Fora maquiadores, cenógrafos e editores de pós-produção nos estúdios. Só na direção de arte dos filmes são 12 pessoas. Na produção dos programas de rádio, que segue paralela à estrutura da TV, são mais 30.
Veteranos em campanhas eleitorais dizem que a produção dos filmes e a contratação de pesquisas estão entre os itens mais caros no orçamento eleitoral. A estimativa dos tucanos é que os gastos gerais com comunicação consumam 1/3 do custo declarado da campanha - o PSDB informou ao Tribunal Superior Eleitoral que gastará R$ 180 milhões na corrida presidencial.
Sobe som. O jingle da campanha é criado e produzido por PC Bernardes, que trabalhou nas campanhas passadas de Serra.
Para definir a estratégia e calibrar o discurso do candidato, o núcleo de pesquisas tem uma equipe de cerca de 15 pessoas, coordenadas por Antonio Prado Júnior, o Paeco, especialista no assunto e figura conhecida nas campanhas tucanas.
O grupo contrata pesquisas quantitativas (por telefone e face a face) e qualitativas (focus groups tradicionais e com estímulo usando o perception analyzer, espécie de joystick que o eleitor move de acordo com sua opinião sobre um tema).
A equipe tem ainda 6 fotógrafos e 30 profissionais que atendem a imprensa, acompanham o candidato em viagens e divulgam informações da campanha.
Julia Duailibi - O Estado de S.Paulo
Com três minutos a menos tempo de TV que a campanha de Dilma Rousseff (PT), a equipe de comunicação do tucano José Serra começou na semana passada a discutir os programas e a estruturar os estúdios onde será gravado o horário eleitoral gratuito.
Um imóvel na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, com três estúdios, foi alugado. Lá funcionam os Estúdios Quanta, que se intitulam o "maior complexo brasileiro de locações para o setor audiovisual".
A comunicação está dividida em 14 áreas principais: da criação de impressos à coordenação, tocada pelos jornalistas Luiz Gonzalez e Woile Guimarães. Numa campanha presidencial, em que grande parte do desempenho do candidato é creditado à estratégia de comunicação, a estrutura montada para atender a demandas é enorme. Mais de 270 profissionais, entre contratados diretos e prestadores de serviços, se dividirão em equipes de criação, pesquisa, mídia e conteúdo, entre outras.
Na semana passada, houve a primeira reunião de criação da equipe de comunicação para começar a esboçar a produção dos comerciais de rádio e TV, que estreiam no dia 17 de agosto. Ainda está em discussão o formato do programa, como se haverá apresentadores. Os filmes devem apresentar Serra, destacar a biografia do tucano, explorando temas sociais como a criação do FAT e dos genéricos. Parte das imagens externas do candidato já foi colhida em 10 Estados.
A produção dos programas de TV concentra 140 pessoas. Há no grupo roteiristas, cinegrafistas, repórteres, editores e produtores. Fora maquiadores, cenógrafos e editores de pós-produção nos estúdios. Só na direção de arte dos filmes são 12 pessoas. Na produção dos programas de rádio, que segue paralela à estrutura da TV, são mais 30.
Veteranos em campanhas eleitorais dizem que a produção dos filmes e a contratação de pesquisas estão entre os itens mais caros no orçamento eleitoral. A estimativa dos tucanos é que os gastos gerais com comunicação consumam 1/3 do custo declarado da campanha - o PSDB informou ao Tribunal Superior Eleitoral que gastará R$ 180 milhões na corrida presidencial.
Sobe som. O jingle da campanha é criado e produzido por PC Bernardes, que trabalhou nas campanhas passadas de Serra.
Para definir a estratégia e calibrar o discurso do candidato, o núcleo de pesquisas tem uma equipe de cerca de 15 pessoas, coordenadas por Antonio Prado Júnior, o Paeco, especialista no assunto e figura conhecida nas campanhas tucanas.
O grupo contrata pesquisas quantitativas (por telefone e face a face) e qualitativas (focus groups tradicionais e com estímulo usando o perception analyzer, espécie de joystick que o eleitor move de acordo com sua opinião sobre um tema).
A equipe tem ainda 6 fotógrafos e 30 profissionais que atendem a imprensa, acompanham o candidato em viagens e divulgam informações da campanha.
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Folha 25/07 - - PREGAR PARA CONVERTIDOS
Ombudsman
SUZANA SINGER
Para ser considerado neutro, o jornal tem que provar seus princípios a cada dia, e não brandir palavras de ordem
"Sai do armário, Folha." A provocação, de um leitor de Brasília, não tem nada a ver com gays: convencido de que o jornal é tucano, ele propõe que apoie explicitamente José Serra na eleição. O e-mail foi enviado no domingo passado, às 8h47, provavelmente logo depois que o remetente leu o texto "Folha reafirma princípios editoriais".
A reportagem caiu do céu. Sem apontar nenhum fato novo, dizia que os pontos básicos do projeto editorial -ser crítico, apartidário, moderno e pluralista- continuam valendo na cobertura eleitoral.
"Com o fim da Copa, as eleições monopolizaram o noticiário. Como o ambiente tende a se polarizar cada vez mais, o jornal avaliou que era um bom momento para reafirmar seus princípios editoriais", explica Sérgio Dávila, editor-executivo.
A reação não foi animadora: das 25 mensagens recebidas pela ombudsman, 24 acusavam o jornal de ser tucano e 1 de ser petista.
"Muito interessante que, nessa mesma edição, o primeiro caderno seja uma prova contundente de negação dos princípios editoriais", escreveu Dagmar Zibas, 73.
A professora esperava que "o jornal reservasse espaços iguais para os principais candidatos", mas encontrou, "com destaque, as calúnias do vice do PSDB, as críticas de Serra ao governo, com direito a foto com criancinha e, sobre Dilma, apenas uma imagem".
A advogada Neli Aparecida de Faria, 57, que vai anular o voto em outubro, vê o oposto. "O pedaço da Dilma é sempre maior que o do Serra", diz Neli, que acha que a Folha apoia "sub-repticiamente" o PT.
A noção de que equilíbrio jornalístico implica dar espaços iguais e notícias positivas e negativas na mesma quantidade aparece em muitos questionamentos de leitores. Embora seja um parâmetro na avaliação de uma cobertura, fazer desse critério uma meta engessa o noticiário e o deixa anódino, como acontece em muitos telejornais
Nem sempre é fácil avaliar qualitativamente cada notícia. As reportagens sobre as declarações de Indio da Costa, ligando o PT às Farc, foram vistas como ruins para Dilma por reforçarem um "preconceito", mas também como prejudiciais ao PSDB por mostrarem "despreparo" daquele que pode vir a ser vice-presidente da República.
O produtor Nonato Viegas, 25, passou uma semana contando quantas notícias favoráveis havia para cada candidato e chegou a três vezes mais títulos contra Dilma do que contra Serra. "Acho legal governante ser cobrado, que haja uma mídia forte, crítica, mas tem de ser honesta", afirma.
"Honestidade", para esses leitores, seria a Folha defender em editorial um candidato, como fez o "New York Times" com Barack Obama, mas o jornal afirma não apoiar ninguém.
Simplesmente brandir palavras de ordem de um projeto editorial de 1984, como fez domingo, é pregar para convertidos: quem já acreditava na neutralidade da Folha continuou acreditando. Quem desconfia do jornal viu na reedição dos princípios editoriais hipocrisia. "A inclinação partidária da Folha é tão evidente que dizer o contrário é zombar da nossa inteligência", reagiu um leitor.
Para ser considerado neutro, o jornal tem que provar, até outubro, seus princípios a cada dia.
SANTO DE CASA... A Folha publicou na quinta-feira, com destaque, reportagem afirmando que 20% do eleitorado é analfabeto ou nunca foi à escola, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral. Só que os números do TSE são um retrato congelado do momento em que o brasileiro tira o título de eleitor. Um estudante que tenha decidido votar aos 16 anos, ainda no ensino fundamental, e hoje esteja formado na faculdade aparecerá no TSE como "1º grau incompleto".
O jornal usou um levantamento defasado quando tem à disposição números atuais, do Datafolha. A diferença não é pouca. A parcela da população com escolaridade mais alta -a partir do ensino médio completo- no TSE é 19,7%. No Datafolha, dá 42%. Os de baixa escolaridade, que não completaram o ensino fundamental, são mais da metade (53,5%) no TSE e 38% no Datafolha. A categoria de "lê e escreve, mas nunca foi à escola" não é usada pelo instituto de pesquisa.
SUZANA SINGER
Para ser considerado neutro, o jornal tem que provar seus princípios a cada dia, e não brandir palavras de ordem
"Sai do armário, Folha." A provocação, de um leitor de Brasília, não tem nada a ver com gays: convencido de que o jornal é tucano, ele propõe que apoie explicitamente José Serra na eleição. O e-mail foi enviado no domingo passado, às 8h47, provavelmente logo depois que o remetente leu o texto "Folha reafirma princípios editoriais".
A reportagem caiu do céu. Sem apontar nenhum fato novo, dizia que os pontos básicos do projeto editorial -ser crítico, apartidário, moderno e pluralista- continuam valendo na cobertura eleitoral.
"Com o fim da Copa, as eleições monopolizaram o noticiário. Como o ambiente tende a se polarizar cada vez mais, o jornal avaliou que era um bom momento para reafirmar seus princípios editoriais", explica Sérgio Dávila, editor-executivo.
A reação não foi animadora: das 25 mensagens recebidas pela ombudsman, 24 acusavam o jornal de ser tucano e 1 de ser petista.
"Muito interessante que, nessa mesma edição, o primeiro caderno seja uma prova contundente de negação dos princípios editoriais", escreveu Dagmar Zibas, 73.
A professora esperava que "o jornal reservasse espaços iguais para os principais candidatos", mas encontrou, "com destaque, as calúnias do vice do PSDB, as críticas de Serra ao governo, com direito a foto com criancinha e, sobre Dilma, apenas uma imagem".
A advogada Neli Aparecida de Faria, 57, que vai anular o voto em outubro, vê o oposto. "O pedaço da Dilma é sempre maior que o do Serra", diz Neli, que acha que a Folha apoia "sub-repticiamente" o PT.
A noção de que equilíbrio jornalístico implica dar espaços iguais e notícias positivas e negativas na mesma quantidade aparece em muitos questionamentos de leitores. Embora seja um parâmetro na avaliação de uma cobertura, fazer desse critério uma meta engessa o noticiário e o deixa anódino, como acontece em muitos telejornais
Nem sempre é fácil avaliar qualitativamente cada notícia. As reportagens sobre as declarações de Indio da Costa, ligando o PT às Farc, foram vistas como ruins para Dilma por reforçarem um "preconceito", mas também como prejudiciais ao PSDB por mostrarem "despreparo" daquele que pode vir a ser vice-presidente da República.
O produtor Nonato Viegas, 25, passou uma semana contando quantas notícias favoráveis havia para cada candidato e chegou a três vezes mais títulos contra Dilma do que contra Serra. "Acho legal governante ser cobrado, que haja uma mídia forte, crítica, mas tem de ser honesta", afirma.
"Honestidade", para esses leitores, seria a Folha defender em editorial um candidato, como fez o "New York Times" com Barack Obama, mas o jornal afirma não apoiar ninguém.
Simplesmente brandir palavras de ordem de um projeto editorial de 1984, como fez domingo, é pregar para convertidos: quem já acreditava na neutralidade da Folha continuou acreditando. Quem desconfia do jornal viu na reedição dos princípios editoriais hipocrisia. "A inclinação partidária da Folha é tão evidente que dizer o contrário é zombar da nossa inteligência", reagiu um leitor.
Para ser considerado neutro, o jornal tem que provar, até outubro, seus princípios a cada dia.
SANTO DE CASA... A Folha publicou na quinta-feira, com destaque, reportagem afirmando que 20% do eleitorado é analfabeto ou nunca foi à escola, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral. Só que os números do TSE são um retrato congelado do momento em que o brasileiro tira o título de eleitor. Um estudante que tenha decidido votar aos 16 anos, ainda no ensino fundamental, e hoje esteja formado na faculdade aparecerá no TSE como "1º grau incompleto".
O jornal usou um levantamento defasado quando tem à disposição números atuais, do Datafolha. A diferença não é pouca. A parcela da população com escolaridade mais alta -a partir do ensino médio completo- no TSE é 19,7%. No Datafolha, dá 42%. Os de baixa escolaridade, que não completaram o ensino fundamental, são mais da metade (53,5%) no TSE e 38% no Datafolha. A categoria de "lê e escreve, mas nunca foi à escola" não é usada pelo instituto de pesquisa.
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Estadão 26/07 - - O BC na campanha? :: Carlos Alberto Sardenberg
- O Estado de S.Paulo
Vamos falar francamente: o Banco Central (BC) dá sinais formais e informais de que gostaria muito de encerrar o mais rápido possível o ciclo de alta da taxa básica de juros. Não poderia ter feito isso na reunião da quarta-feira passada, porque entraria em total contradição com sua avaliação, expressa em documentos anteriores, segundo a qual a economia brasileira estava crescendo bem mais do que podia, isso gerando pressão inflacionária ampla. Mas com a decisão de aumentar a taxa em "apenas" 0,5 ponto porcentual (p.p.), ante a expectativa majoritária de 0,75 (p.p.), e com o comunicado em que explica essa desaceleração, o BC prepara uma mudança de avaliação. Esta deve ser formalizada na quinta-feira, quando o BC divulga a ata da última reunião e ali detalha fundamentos da decisão da semana passada, quando a taxa básica de juros foi de 10,25% para 10,75% ao ano.
No breve comunicado da quarta-feira, o BC diz que houve uma "redução de riscos" para a inflação, por causa de mudanças recentes aqui e lá fora. Podem ser encontrados números para isso.
O principal certamente foi o IPCA-15 de junho, índice do IBGE, que mostrou queda da inflação mais forte e mais espalhada do que se esperava. Outro: o Índice de Atividade Econômica do próprio BC, indicando que a economia brasileira não cresceu em maio. E mais: o gasto público, um dos fatores de aquecimento citados pelo BC, entra agora numa fase de contenção obrigatória, por causa das regras eleitorais.
Lá de fora, o sinal veio em discurso do presidente do Fed, o banco central norte-americano, Ben Bernanke, feito no mesmo dia da reunião do BC brasileiro e dizendo que a economia dos EUA talvez precisasse de estímulos adicionais para contrabalançar uma recuperação ainda frágil. Isso se somou a dados sobre dificuldades na Europa e desaceleração na China. Falava-se mesmo, há duas semanas, em risco de nova recessão nos EUA (o segundo mergulho).
Colocando tudo isso no caldeirão, resulta: forte desaceleração do crescimento brasileiro e inflação cedendo - isso num ambiente mundial de paradeira. Assim, pode-se brecar a alta de juros por aqui. Faz sentido. Alguns analistas independentes importantes, entre aqueles que "acreditam" no regime de metas de inflação, haviam se antecipado nessa direção.
Mas muitos outros, a maioria, achavam que não era o caso - e isso com base nos últimos textos do próprio BC. Nesses documentos havia argumentos - no sentido de uma alta mais forte de juros - que não foram desmontados pelos novos fatos.
Por exemplo: na ata de junho, o BC dizia que a "demanda doméstica", o consumo local, permanecia forte em consequência de fatores como "o crescimento da renda e a expansão do crédito". Ora, como indicou o IBGE no dia seguinte à reunião do BC, o crescimento da renda dos trabalhadores (consumidores) continua expressivo em qualquer base de comparação. E a expansão do crédito às famílias segue bastante robusta, conforme dados do próprio BC.
O gasto público tem limites eleitorais, é verdade, mas houve muita antecipação de despesas e, sobretudo, aumentos generalizados de salários do funcionalismo e das aposentadorias, um conjunto que, como gosta de justificar o governo, "injeta" bilhões de reais no consumo local.
Em resumo, é bem possível que a forte desaceleração recente da inflação e da atividade econômica tenha sido um fenômeno mais localizado no segundo trimestre do ano, espécie de ressaca diante do crescimento claramente exagerado de 10% anualizado no primeiro trimestre - além dos efeitos férias e Copa, esta reduzindo compras de tudo o que não tem que ver com futebol. E, se for assim, o aquecimento (com a pressão inflacionária) retorna desde já.
Reparem nos dados nessa direção apontados em reportagem do Estado na sexta-feira: empresas importam cimento para dar conta do crescimento das obras residenciais e de infraestrutura; faltam pneus para caminhões e ônibus; tem fila de espera para comprar caminhão; portos congestionados com exportação, mas também com importação, que cresce a quase 50% ao ano; os índices de confiança do consumidor e dos empresários estão em nível recorde; a criação de emprego com carteira desacelerou em julho, mas deve ter sido por causa das férias.
E lá fora? Aí o BC até que deu azar. Nos dias anteriores à reunião da quarta-feira passada, e nessa data, o ambiente global era bastante depressivo. Um dia depois da reunião, porém, os sinais se inverteram: bons indicadores - ou, se quiserem, menos ruins nos EUA; os bancos europeus passando bem nos testes que avaliaram seus riscos; confiança do empresariado em alta recorde na Alemanha; Inglaterra emplacando nove meses seguidos de crescimento, indicando que as maiores economias europeias têm desempenho bom; companhias americanas mostrando bons lucros; Bernanke dizendo que novos estímulos ainda não são necessários; e o primeiro-ministro dizendo que a China só vai crescer um pouco menos, mas continua em expansão forte.
Tudo isso leva de volta ao diagnóstico anterior: a recuperação da economia mundial não é uma moleza, é desigual, mas ainda é uma boa recuperação. E, mais do que isso, os governos e BCs estão preparados para voltar a intervir se a economia privada fraquejar.
E aí, como ficamos?
Toda a tese anterior do BC brasileiro - de que a nossa economia estava consumindo mais do que produzia e importava - permanece sustentável. Isso exige mais alta de juros (como, aliás, estão fazendo outros países emergentes).
Mas também se pode antecipar que há uma desaceleração local e global já em curso, o que dispensa novas altas de juros - que é a tese à qual o BC parece agora querer se associar. Seria mera coincidência que esta tese se ajeita melhor às necessidades políticas do governo Lula e sua candidata?
O BC de Henrique Meirelles trabalhou com independência e transparência inequívocas desde 2003. Derrubou a inflação e a taxa real de juros. Tem moral, portanto. Mas os últimos passos foram, digamos, algo diferentes, esquisitos. Será preciso ler com lente mais forte a ata que sai nesta quinta-feira.
Vamos falar francamente: o Banco Central (BC) dá sinais formais e informais de que gostaria muito de encerrar o mais rápido possível o ciclo de alta da taxa básica de juros. Não poderia ter feito isso na reunião da quarta-feira passada, porque entraria em total contradição com sua avaliação, expressa em documentos anteriores, segundo a qual a economia brasileira estava crescendo bem mais do que podia, isso gerando pressão inflacionária ampla. Mas com a decisão de aumentar a taxa em "apenas" 0,5 ponto porcentual (p.p.), ante a expectativa majoritária de 0,75 (p.p.), e com o comunicado em que explica essa desaceleração, o BC prepara uma mudança de avaliação. Esta deve ser formalizada na quinta-feira, quando o BC divulga a ata da última reunião e ali detalha fundamentos da decisão da semana passada, quando a taxa básica de juros foi de 10,25% para 10,75% ao ano.
No breve comunicado da quarta-feira, o BC diz que houve uma "redução de riscos" para a inflação, por causa de mudanças recentes aqui e lá fora. Podem ser encontrados números para isso.
O principal certamente foi o IPCA-15 de junho, índice do IBGE, que mostrou queda da inflação mais forte e mais espalhada do que se esperava. Outro: o Índice de Atividade Econômica do próprio BC, indicando que a economia brasileira não cresceu em maio. E mais: o gasto público, um dos fatores de aquecimento citados pelo BC, entra agora numa fase de contenção obrigatória, por causa das regras eleitorais.
Lá de fora, o sinal veio em discurso do presidente do Fed, o banco central norte-americano, Ben Bernanke, feito no mesmo dia da reunião do BC brasileiro e dizendo que a economia dos EUA talvez precisasse de estímulos adicionais para contrabalançar uma recuperação ainda frágil. Isso se somou a dados sobre dificuldades na Europa e desaceleração na China. Falava-se mesmo, há duas semanas, em risco de nova recessão nos EUA (o segundo mergulho).
Colocando tudo isso no caldeirão, resulta: forte desaceleração do crescimento brasileiro e inflação cedendo - isso num ambiente mundial de paradeira. Assim, pode-se brecar a alta de juros por aqui. Faz sentido. Alguns analistas independentes importantes, entre aqueles que "acreditam" no regime de metas de inflação, haviam se antecipado nessa direção.
Mas muitos outros, a maioria, achavam que não era o caso - e isso com base nos últimos textos do próprio BC. Nesses documentos havia argumentos - no sentido de uma alta mais forte de juros - que não foram desmontados pelos novos fatos.
Por exemplo: na ata de junho, o BC dizia que a "demanda doméstica", o consumo local, permanecia forte em consequência de fatores como "o crescimento da renda e a expansão do crédito". Ora, como indicou o IBGE no dia seguinte à reunião do BC, o crescimento da renda dos trabalhadores (consumidores) continua expressivo em qualquer base de comparação. E a expansão do crédito às famílias segue bastante robusta, conforme dados do próprio BC.
O gasto público tem limites eleitorais, é verdade, mas houve muita antecipação de despesas e, sobretudo, aumentos generalizados de salários do funcionalismo e das aposentadorias, um conjunto que, como gosta de justificar o governo, "injeta" bilhões de reais no consumo local.
Em resumo, é bem possível que a forte desaceleração recente da inflação e da atividade econômica tenha sido um fenômeno mais localizado no segundo trimestre do ano, espécie de ressaca diante do crescimento claramente exagerado de 10% anualizado no primeiro trimestre - além dos efeitos férias e Copa, esta reduzindo compras de tudo o que não tem que ver com futebol. E, se for assim, o aquecimento (com a pressão inflacionária) retorna desde já.
Reparem nos dados nessa direção apontados em reportagem do Estado na sexta-feira: empresas importam cimento para dar conta do crescimento das obras residenciais e de infraestrutura; faltam pneus para caminhões e ônibus; tem fila de espera para comprar caminhão; portos congestionados com exportação, mas também com importação, que cresce a quase 50% ao ano; os índices de confiança do consumidor e dos empresários estão em nível recorde; a criação de emprego com carteira desacelerou em julho, mas deve ter sido por causa das férias.
E lá fora? Aí o BC até que deu azar. Nos dias anteriores à reunião da quarta-feira passada, e nessa data, o ambiente global era bastante depressivo. Um dia depois da reunião, porém, os sinais se inverteram: bons indicadores - ou, se quiserem, menos ruins nos EUA; os bancos europeus passando bem nos testes que avaliaram seus riscos; confiança do empresariado em alta recorde na Alemanha; Inglaterra emplacando nove meses seguidos de crescimento, indicando que as maiores economias europeias têm desempenho bom; companhias americanas mostrando bons lucros; Bernanke dizendo que novos estímulos ainda não são necessários; e o primeiro-ministro dizendo que a China só vai crescer um pouco menos, mas continua em expansão forte.
Tudo isso leva de volta ao diagnóstico anterior: a recuperação da economia mundial não é uma moleza, é desigual, mas ainda é uma boa recuperação. E, mais do que isso, os governos e BCs estão preparados para voltar a intervir se a economia privada fraquejar.
E aí, como ficamos?
Toda a tese anterior do BC brasileiro - de que a nossa economia estava consumindo mais do que produzia e importava - permanece sustentável. Isso exige mais alta de juros (como, aliás, estão fazendo outros países emergentes).
Mas também se pode antecipar que há uma desaceleração local e global já em curso, o que dispensa novas altas de juros - que é a tese à qual o BC parece agora querer se associar. Seria mera coincidência que esta tese se ajeita melhor às necessidades políticas do governo Lula e sua candidata?
O BC de Henrique Meirelles trabalhou com independência e transparência inequívocas desde 2003. Derrubou a inflação e a taxa real de juros. Tem moral, portanto. Mas os últimos passos foram, digamos, algo diferentes, esquisitos. Será preciso ler com lente mais forte a ata que sai nesta quinta-feira.
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Globo 24/07 - - Vox Populi: Dilma tem 8 pontos de vantagem
Petista tem 41% das intenções de voto, e Serra está com 33%; PSDB minimiza resultado
André de Souza BRASÍLIA. Pesquisa do instituto Vox Populi, para a TV Bandeirantes e o site IG, divulgada ontem à noite, aponta a candidata petista, Dilma Rousseff, liderando a disputa presidencial, com a preferência de 41% dos eleitores brasileiros. Em segundo lugar está José Serra (PSDB), com 33% das intenções de votos. Em terceiro, Marina Silva (PV), com 8%.
Os outros candidatos juntos somam 1%. Nulos e em branco são 4%, e 13% dos eleitores não souberam ou não quiseram responder.
Na simulação entre um eventual segundo turno entre Dilma e Serra, a petista mantém a vantagem de 8 pontos percentuais sobre o tucano: 46% contra 38%.
De acordo com a pesquisa, Serra tem a maior rejeição: 24% afirmaram que não votariam nele.
Marina vem em seguida, com 20%, e, por último, Dilma, com 17%. Na pesquisa espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados ao entrevistado, Dilma alcança 28%; Serra, 21%; e Marina, 4%. O presidente Lula, que não é candidato, tem 4%, e o candidato apoiado por ele, 1%.
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), comemorou o resultado da pesquisa em seu Twitter, destacando que Dilma ainda é menos conhecida pelo eleitorado do que o tucano. Enquanto 73% dizem conhecer bem ou ter algumas informações sobre Serra, esse índice cai para 63% no caso da petista.
Dilma continua menos conhecida que o tucano. Volto a dizer que, à medida que as pessoas conhecem Dilma, fazem a opção por ela disse.
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, minimizou o resultado: A pesquisa Vox Populi infelizmente não faz sentido. Não deve ser levada em consideração.
Nos bastidores, os tucanos subiram o tom, afirmando que a pesquisa é uma fraude e que estaria adubada. A expectativa dos tucanos é que a pesquisa Datafolha, que será divulgada hoje, tenha resultado diferente.
Foram entrevistadas 3 mil pessoas entre 17 e 20 de julho.
A variação em relação à última pesquisa do Vox Populi está dentro da margem de erro de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos.
A re g i ã o e m q u e D i l m a apresenta melhor desempenho é o Nordeste, onde tem 54% das intenções de votos.
Serra tem 24%, e Marina 5%.
Serra vai melhor no Sul, com 39%, contra 35% da petista e 7% de Marina. No Sudeste, a vantagem de Serra está dentro da margem erro: 36% contra 34% de Dilma, enquanto Marina tem 10%.
Em junho, pela pesquisa anterior, Dilma tinha 40% das intenções de voto; José Serra, 35%; Marina Silva, 8%; e os outros candidatos, 1%. ¡
André de Souza BRASÍLIA. Pesquisa do instituto Vox Populi, para a TV Bandeirantes e o site IG, divulgada ontem à noite, aponta a candidata petista, Dilma Rousseff, liderando a disputa presidencial, com a preferência de 41% dos eleitores brasileiros. Em segundo lugar está José Serra (PSDB), com 33% das intenções de votos. Em terceiro, Marina Silva (PV), com 8%.
Os outros candidatos juntos somam 1%. Nulos e em branco são 4%, e 13% dos eleitores não souberam ou não quiseram responder.
Na simulação entre um eventual segundo turno entre Dilma e Serra, a petista mantém a vantagem de 8 pontos percentuais sobre o tucano: 46% contra 38%.
De acordo com a pesquisa, Serra tem a maior rejeição: 24% afirmaram que não votariam nele.
Marina vem em seguida, com 20%, e, por último, Dilma, com 17%. Na pesquisa espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados ao entrevistado, Dilma alcança 28%; Serra, 21%; e Marina, 4%. O presidente Lula, que não é candidato, tem 4%, e o candidato apoiado por ele, 1%.
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), comemorou o resultado da pesquisa em seu Twitter, destacando que Dilma ainda é menos conhecida pelo eleitorado do que o tucano. Enquanto 73% dizem conhecer bem ou ter algumas informações sobre Serra, esse índice cai para 63% no caso da petista.
Dilma continua menos conhecida que o tucano. Volto a dizer que, à medida que as pessoas conhecem Dilma, fazem a opção por ela disse.
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, minimizou o resultado: A pesquisa Vox Populi infelizmente não faz sentido. Não deve ser levada em consideração.
Nos bastidores, os tucanos subiram o tom, afirmando que a pesquisa é uma fraude e que estaria adubada. A expectativa dos tucanos é que a pesquisa Datafolha, que será divulgada hoje, tenha resultado diferente.
Foram entrevistadas 3 mil pessoas entre 17 e 20 de julho.
A variação em relação à última pesquisa do Vox Populi está dentro da margem de erro de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos.
A re g i ã o e m q u e D i l m a apresenta melhor desempenho é o Nordeste, onde tem 54% das intenções de votos.
Serra tem 24%, e Marina 5%.
Serra vai melhor no Sul, com 39%, contra 35% da petista e 7% de Marina. No Sudeste, a vantagem de Serra está dentro da margem erro: 36% contra 34% de Dilma, enquanto Marina tem 10%.
Em junho, pela pesquisa anterior, Dilma tinha 40% das intenções de voto; José Serra, 35%; Marina Silva, 8%; e os outros candidatos, 1%. ¡
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Folha 25/07 - - Eliane Cantanhêde: Zero a zero
BRASÍLIA - O governo e o PT avaliavam que Dilma iria passar Serra em maio, depois garantiram que seria em junho e, enfim, juraram que seria em julho. Curiosamente, porém, Serra parece aquele boneco "João bobo". Bate, bate, bate, e ele continua de pé, empatado (37% a 36%) com uma adversária que tem o maior cabo eleitoral do país, o maior partido, o maior leque de alianças e uma visibilidade imensa.
E ela mantém vantagem em todos os demais indicadores que já vinham sendo apurados pelo Datafolha: na espontânea, na rejeição e no segundo turno. Logo, Dilma tem melhores condições, mas Serra é sólido, consistente.
O ataque de seu vice, o tal Indio da Costa, às ligações do PT com as Farc serviu como demarcação de território quando Dilma começava a invadir searas naturais pró-PSDB e anti-PT -como socialites e empresários do Rio e de São Paulo. E ganha oportunidade quando o conflito Venezuela-Colômbia joga luz sobre o grupo guerrilheiro.
A partir do horário eleitoral gratuito, que começa em 17 de agosto, Dilma vai se pendurar em Lula, e Serra terá que não só conquistar apoios e furar o bloqueio do franco favoritismo de Dilma no Nordeste manter os que já tem e ampliar seus votos no Sul e no Sudeste.
Um dado fundamental é que um em cada cinco eleitores não foi à escola ou é analfabeto. Serra, Dilma e Marina vão ter de falar para esse oceano de 27 milhões, do total de 135,8 milhões de eleitores.
Até aqui, é de se imaginar que o empate entre os dois candidatos é resultado da preferência, ou da antipatia, do eleitor que tem informação, alguma escolaridade, melhor renda e, portanto, condições de já decidir. A partir dos programas de rádio e TV, a disputa vai ser pelos indecisos e pelos que possivelmente nem sabem quem são os candidatos, quanto mais qual preferem.
O empate dá mais emoção para a plateia. E, afinal, nem jogo nem eleição se ganha de véspera.
elianec@uol.com.br
E ela mantém vantagem em todos os demais indicadores que já vinham sendo apurados pelo Datafolha: na espontânea, na rejeição e no segundo turno. Logo, Dilma tem melhores condições, mas Serra é sólido, consistente.
O ataque de seu vice, o tal Indio da Costa, às ligações do PT com as Farc serviu como demarcação de território quando Dilma começava a invadir searas naturais pró-PSDB e anti-PT -como socialites e empresários do Rio e de São Paulo. E ganha oportunidade quando o conflito Venezuela-Colômbia joga luz sobre o grupo guerrilheiro.
A partir do horário eleitoral gratuito, que começa em 17 de agosto, Dilma vai se pendurar em Lula, e Serra terá que não só conquistar apoios e furar o bloqueio do franco favoritismo de Dilma no Nordeste manter os que já tem e ampliar seus votos no Sul e no Sudeste.
Um dado fundamental é que um em cada cinco eleitores não foi à escola ou é analfabeto. Serra, Dilma e Marina vão ter de falar para esse oceano de 27 milhões, do total de 135,8 milhões de eleitores.
Até aqui, é de se imaginar que o empate entre os dois candidatos é resultado da preferência, ou da antipatia, do eleitor que tem informação, alguma escolaridade, melhor renda e, portanto, condições de já decidir. A partir dos programas de rádio e TV, a disputa vai ser pelos indecisos e pelos que possivelmente nem sabem quem são os candidatos, quanto mais qual preferem.
O empate dá mais emoção para a plateia. E, afinal, nem jogo nem eleição se ganha de véspera.
elianec@uol.com.br
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Estadão 23/07/2010 - - Dora Kramer
Ladeira abaixo
O PT é assim: bate como gente grande, mas quer ser tratado com carinhos reservados aos pequenos.
Quando apanha, se diz vítima da injustiça, do preconceito, do udenismo, do conservadorismo, do moralismo, dos conspiradores, dos golpistas, das elites e de quem ou do que mais se prestar ao papel de algoz na representação do bem contra o mal, do fraco contra o forte que o partido encena há anos.
Sempre no papel de mocinho, evidentemente, embora desde que assumiu o poder tenha mostrado especial predileção pela parte do roteiro que cabe ao bandido.
Luiz Inácio da Silva é mestre nessa arte, exercitada ao longo de quatro candidaturas presidenciais e muito aprimorada nestes quase oito anos de Presidência da República.
Tanto que ao longo desse tempo se consolidou na política uma linha de pensamento segundo a qual o contra-ataque significa insidiosa radicalização que só pode render malefícios aos seus autores.
Em miúdos: o adversário tem de apanhar calado; se ousar se defender pagará o atrevimento com a condenação geral e consequentemente com a derrota político-eleitoral.
Por essa lei a oposição teria de assistir quieta ao presidente usar dois anos de seu mandato como cabo eleitoral, sem "judicializar" a política com ações por campanha eleitoral antecipada.
Deveriam todos ouvir calados os desaforos que sua excelência diz contra quem bem entende quando contrariado, o que, na concepção dele, significa afrontado.
A Justiça, acionada pelo adversário, deveria atribuir tudo "à guerra eleitoral" e ignorar a existência de leis só porque ao juízo do partido no poder essas leis são retrógradas e atrapalham a marcha do espetáculo do crescimento da hegemonia política, social, ideológica e até cultural do PT e adjacências.
Pela norma referida acima a oposição deveria se comportar com toda a fidalguia durante o processo eleitoral, aceitando como verdadeiras todas as aleivosias do adversário.
Como se já não bastasse o tempo que a oposição deixou que o presidente eleito para "mudar" se apropriasse de todas as suas obras para governar e ainda as tachasse de "herança maldita" para efeito de se manter sempre na investidura do "bem".
Pois chegou a campanha eleitoral e a oposição resolveu enfrentar Lula. Pagou para ver se é perigoso mesmo dar o troco na mesma moeda: dizer umas meias-verdades por aí, carimbar umas perfídias na testa do adversário, manipular emoções do eleitorado, manejar ideias preconcebidas, despertar instintos adormecidos, jogar duro e, quando necessário, baixo.
Como quem tivesse desistido de andar na linha num embate onde o outro lado não preserva escrúpulos.
Se será beneficiada ou se isso lhe renderá malefício, é o eleitor quem dirá.
Agora, o que não soa verossímil é a versão da candidata Dilma Rousseff de que está "assustada" com as reações do adversário José Serra e que por nada neste mundo alguém a fará "baixar o nível".
Quanta delicadeza e civilidade.
Ao que se sabe Dilma Rousseff não se assusta com nada. Enfrenta a tudo e a todos, ironiza os "homens meigos" que lhe criticam os modos bruscos no trato cotidiano, reivindica para si a responsabilidade de coordenar todas as ações de governo e leva um susto com palavras mais duras?
No quesito "nível" não parece que haja nada mais baixo que um presidente da República que desacata as leis e a Constituição e fala palavrões em público.
Evidente que a cena do candidato a vice de José Serra provocando o adversário para que "explique" suas ligações com o narcotráfico, o Comando Vermelho e as guerrilhas colombianas não é edificante.
Muito melhor que no lugar disso Serra e Dilma estivessem dizendo ao País como é mesmo que pretendem dar combate à bandidagem e levar segurança ao público.
Justiça seja feita ao tucano, começou a campanha todo lhano, atribuindo até ao presidente atributos de divindade acima do bem e do mal.
Mas Lula não aceitou a esgrima como forma de luta. Preferiu a força bruta do vale-tudo. Deu o tom, definiu as armas e, portanto, não estão, nem ele nem o PT nem a candidata, na posse de autoridade moral para reclamar.
O PT é assim: bate como gente grande, mas quer ser tratado com carinhos reservados aos pequenos.
Quando apanha, se diz vítima da injustiça, do preconceito, do udenismo, do conservadorismo, do moralismo, dos conspiradores, dos golpistas, das elites e de quem ou do que mais se prestar ao papel de algoz na representação do bem contra o mal, do fraco contra o forte que o partido encena há anos.
Sempre no papel de mocinho, evidentemente, embora desde que assumiu o poder tenha mostrado especial predileção pela parte do roteiro que cabe ao bandido.
Luiz Inácio da Silva é mestre nessa arte, exercitada ao longo de quatro candidaturas presidenciais e muito aprimorada nestes quase oito anos de Presidência da República.
Tanto que ao longo desse tempo se consolidou na política uma linha de pensamento segundo a qual o contra-ataque significa insidiosa radicalização que só pode render malefícios aos seus autores.
Em miúdos: o adversário tem de apanhar calado; se ousar se defender pagará o atrevimento com a condenação geral e consequentemente com a derrota político-eleitoral.
Por essa lei a oposição teria de assistir quieta ao presidente usar dois anos de seu mandato como cabo eleitoral, sem "judicializar" a política com ações por campanha eleitoral antecipada.
Deveriam todos ouvir calados os desaforos que sua excelência diz contra quem bem entende quando contrariado, o que, na concepção dele, significa afrontado.
A Justiça, acionada pelo adversário, deveria atribuir tudo "à guerra eleitoral" e ignorar a existência de leis só porque ao juízo do partido no poder essas leis são retrógradas e atrapalham a marcha do espetáculo do crescimento da hegemonia política, social, ideológica e até cultural do PT e adjacências.
Pela norma referida acima a oposição deveria se comportar com toda a fidalguia durante o processo eleitoral, aceitando como verdadeiras todas as aleivosias do adversário.
Como se já não bastasse o tempo que a oposição deixou que o presidente eleito para "mudar" se apropriasse de todas as suas obras para governar e ainda as tachasse de "herança maldita" para efeito de se manter sempre na investidura do "bem".
Pois chegou a campanha eleitoral e a oposição resolveu enfrentar Lula. Pagou para ver se é perigoso mesmo dar o troco na mesma moeda: dizer umas meias-verdades por aí, carimbar umas perfídias na testa do adversário, manipular emoções do eleitorado, manejar ideias preconcebidas, despertar instintos adormecidos, jogar duro e, quando necessário, baixo.
Como quem tivesse desistido de andar na linha num embate onde o outro lado não preserva escrúpulos.
Se será beneficiada ou se isso lhe renderá malefício, é o eleitor quem dirá.
Agora, o que não soa verossímil é a versão da candidata Dilma Rousseff de que está "assustada" com as reações do adversário José Serra e que por nada neste mundo alguém a fará "baixar o nível".
Quanta delicadeza e civilidade.
Ao que se sabe Dilma Rousseff não se assusta com nada. Enfrenta a tudo e a todos, ironiza os "homens meigos" que lhe criticam os modos bruscos no trato cotidiano, reivindica para si a responsabilidade de coordenar todas as ações de governo e leva um susto com palavras mais duras?
No quesito "nível" não parece que haja nada mais baixo que um presidente da República que desacata as leis e a Constituição e fala palavrões em público.
Evidente que a cena do candidato a vice de José Serra provocando o adversário para que "explique" suas ligações com o narcotráfico, o Comando Vermelho e as guerrilhas colombianas não é edificante.
Muito melhor que no lugar disso Serra e Dilma estivessem dizendo ao País como é mesmo que pretendem dar combate à bandidagem e levar segurança ao público.
Justiça seja feita ao tucano, começou a campanha todo lhano, atribuindo até ao presidente atributos de divindade acima do bem e do mal.
Mas Lula não aceitou a esgrima como forma de luta. Preferiu a força bruta do vale-tudo. Deu o tom, definiu as armas e, portanto, não estão, nem ele nem o PT nem a candidata, na posse de autoridade moral para reclamar.
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sexta-feira, 23 de julho de 2010
Vice de Dilma é "mercadoria", diz Serra
Tucano defende escolha de Indio como "ideológica" e afirma que Temer foi definido após "troca de cargos"
Presidente da Câmara classifica de "raivosa" e "destemperada" fala de candidato tucano, que insiste em elo PT-Farc
JOSÉ MASCHIO
DE PORTO ALEGRE
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, chamou ontem em Porto Alegre o vice de Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (PMDB), de ""mercadoria", fruto de "troca de cargos".
Ao defender a indicação de Indio da Costa (DEM) para seu vice, Serra disse que o presidente Lula não queria Temer como vice de Dilma, mas teve que "engolir" o nome por "troca de cargos".
"É mercadoria. No nosso caso, é política e ideologia", afirmou, ao justificar a escolha de seu vice. "O Indio tem quatro eleições nas costas e na última foi muito mais votado que Temer, que entrou na repescagem, na soma de votos de legendas."
Temer disse que a declaração foi "raivosa e destemperada" e que espera a retomada do debate de ideias. "Este não é o Serra que conheci." Questionado sobre a declaração de Indio ligando o PT às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e ao tráfico, Serra disse que "é preciso que o PT, que a Dilma explique as ligações" com o grupo.
O tucano afirmou que os membros das Farc são "sequestradores, pessoas que cortam cabeças de gente". "Dilma nomeou a mulher de um deles no governo [o ex-padre Olivério Medina]. Dilma está devendo essa explicação da vinculação com essas forças terroristas", disse.
YEDA
Serra fez uma caminhada pelo centro de Porto Alegre. A governadora Yeda Crusius (PSDB), que teve o impeachment pedido após crise política, não compareceu. A justificativa oficial foi que os candidatos tinham agendas diferentes. Ambos só se encontraram numa visita à direção da rede Record.
Em discurso na Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Serra voltou a fazer ataques a Dilma. "Eu queria muito saber o que minha adversária sabe de agricultura. Até hoje, a não ser falar que não coloca, e depois colocar o boné do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], ela não falou nada", disse.
MÁS COMPANHIAS
Em entrevista à TV Brasil que foi ao ar ontem, Serra disse que Dilma perde "disparado" em matéria de más companhias. Ele tinha sido questionado sobre sua aliança no DF com Joaquim Roriz (PSC), que pode ter a candidatura impugnada.
Ele disse que Lula, apesar da popularidade, não conseguiu maioria no Congresso porque só aprova matérias se der benefícios em troca. "Como acostumaram, você precisa dar uma coisa a mais."
Colaborou GABRIELA GUERREIRO, de Brasília
Presidente da Câmara classifica de "raivosa" e "destemperada" fala de candidato tucano, que insiste em elo PT-Farc
JOSÉ MASCHIO
DE PORTO ALEGRE
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, chamou ontem em Porto Alegre o vice de Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (PMDB), de ""mercadoria", fruto de "troca de cargos".
Ao defender a indicação de Indio da Costa (DEM) para seu vice, Serra disse que o presidente Lula não queria Temer como vice de Dilma, mas teve que "engolir" o nome por "troca de cargos".
"É mercadoria. No nosso caso, é política e ideologia", afirmou, ao justificar a escolha de seu vice. "O Indio tem quatro eleições nas costas e na última foi muito mais votado que Temer, que entrou na repescagem, na soma de votos de legendas."
Temer disse que a declaração foi "raivosa e destemperada" e que espera a retomada do debate de ideias. "Este não é o Serra que conheci." Questionado sobre a declaração de Indio ligando o PT às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e ao tráfico, Serra disse que "é preciso que o PT, que a Dilma explique as ligações" com o grupo.
O tucano afirmou que os membros das Farc são "sequestradores, pessoas que cortam cabeças de gente". "Dilma nomeou a mulher de um deles no governo [o ex-padre Olivério Medina]. Dilma está devendo essa explicação da vinculação com essas forças terroristas", disse.
YEDA
Serra fez uma caminhada pelo centro de Porto Alegre. A governadora Yeda Crusius (PSDB), que teve o impeachment pedido após crise política, não compareceu. A justificativa oficial foi que os candidatos tinham agendas diferentes. Ambos só se encontraram numa visita à direção da rede Record.
Em discurso na Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Serra voltou a fazer ataques a Dilma. "Eu queria muito saber o que minha adversária sabe de agricultura. Até hoje, a não ser falar que não coloca, e depois colocar o boné do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], ela não falou nada", disse.
MÁS COMPANHIAS
Em entrevista à TV Brasil que foi ao ar ontem, Serra disse que Dilma perde "disparado" em matéria de más companhias. Ele tinha sido questionado sobre sua aliança no DF com Joaquim Roriz (PSC), que pode ter a candidatura impugnada.
Ele disse que Lula, apesar da popularidade, não conseguiu maioria no Congresso porque só aprova matérias se der benefícios em troca. "Como acostumaram, você precisa dar uma coisa a mais."
Colaborou GABRIELA GUERREIRO, de Brasília
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23/07/2010 - - Eliane Cantanhêde: As Farc, lá e cá
BRASÍLIA - O famoso... como é mesmo o nome dele? Ah, sim. O famoso Indio da Costa, candidato a vice de Serra por pressão do DEM e por absoluta falta de opções, vem apanhando um bocado por jogar as Farc no centro do debate eleitoral e no colo do PT. Deve ter sido por inexperiência, mas acabou se revelando uma jogada oportuna a partir dos últimos fatos políticos eletrizantes aqui no continente.
Imagine você o embaixador da Colômbia na OEA mostrando filmes, fotos aéreas, nomes, locais, testemunhas, um denso material para comprovar que a Venezuela de Chávez abriga, sim, acampamentos não apenas das Farc mas também do ELN, o outro grupo guerrilheiro colombiano.
Chávez contra-ataca anunciando o rompimento das relações entre os dois países, às vésperas da troca de governo de Álvaro Uribe para seu ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos, que toma posse dia 7.
A impressão é que a Colômbia decidiu chutar o pau da barraca com a Venezuela agora para Uribe pegar pesado e liberar Santos para pegar leve. Se Uribe é linha-dura contra as Farc, Santos é linha-duríssima. Mas ele mostra mais disposição ao diálogo e a uma boa convivência com a vizinhança esquerdista, inclusive com Chávez.
O fato é que as Farc são o tema "caliente" da região e isso reforça a polarização nas eleições brasileiras, que tem de tudo, até os pró-Chávez e os anti-Chávez. Quando o tal Indio da Costa empurrou as Farc para Dilma e o PT, eles passaram a bater boca em público com o vice do adversário, que tinham menosprezado, até ridicularizado. Ele era pequeno, insignificante. Cresceu, ganhou estatura. O PT inflou o vice de Serra ao se esquecer da máxima: "falem mal, mas falem de mim".
A expectativa para os próximos dias é de maior contaminação ainda do conflito Colômbia-Venezuela no debate eleitoral interno. A política externa, assim, arrasta a divisão ideológica para os palanques.
Imagine você o embaixador da Colômbia na OEA mostrando filmes, fotos aéreas, nomes, locais, testemunhas, um denso material para comprovar que a Venezuela de Chávez abriga, sim, acampamentos não apenas das Farc mas também do ELN, o outro grupo guerrilheiro colombiano.
Chávez contra-ataca anunciando o rompimento das relações entre os dois países, às vésperas da troca de governo de Álvaro Uribe para seu ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos, que toma posse dia 7.
A impressão é que a Colômbia decidiu chutar o pau da barraca com a Venezuela agora para Uribe pegar pesado e liberar Santos para pegar leve. Se Uribe é linha-dura contra as Farc, Santos é linha-duríssima. Mas ele mostra mais disposição ao diálogo e a uma boa convivência com a vizinhança esquerdista, inclusive com Chávez.
O fato é que as Farc são o tema "caliente" da região e isso reforça a polarização nas eleições brasileiras, que tem de tudo, até os pró-Chávez e os anti-Chávez. Quando o tal Indio da Costa empurrou as Farc para Dilma e o PT, eles passaram a bater boca em público com o vice do adversário, que tinham menosprezado, até ridicularizado. Ele era pequeno, insignificante. Cresceu, ganhou estatura. O PT inflou o vice de Serra ao se esquecer da máxima: "falem mal, mas falem de mim".
A expectativa para os próximos dias é de maior contaminação ainda do conflito Colômbia-Venezuela no debate eleitoral interno. A política externa, assim, arrasta a divisão ideológica para os palanques.
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quarta-feira, 21 de julho de 2010
Folha 21/07/2010 - - Procuradora rebelde
A "procuradora qualquer" a que Lula se referiu, Sandra Cureau é "colorada" em família gremista e adora trilhas e livros policiais
ELIANE CANTANHÊDE
VALDO CRUZ
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
Nos corredores sisudos da Procuradoria-Geral da República, a entrada do gabinete da vice-procuradora-geral eleitoral Sandra Cureau, 63, chama a atenção pela faixa vermelha de mais de um metro do Internacional, time do Rio Grande do Sul.
"Foi meu primeiro ato de rebeldia", diz ela, gaúcha de Porto Alegre e de uma família de classe média que é gremista doente e costumava ir aos estádios todo domingo.
Por quê? "Porque eu detestava ir ao estádio quando criança. E porque o Grêmio era da elite e, na minha escola, todo mundo era Internacional, o time do povo."
Foi para Belo Horizonte, virou Atlético, "que também era mais popular". Chegou ao Rio, ficou com o Botafogo, que não é tanto assim. "Meu segundo marido era flamenguista, a filha caçula [Paula] decidiu ser Botafogo e ele ficou uma fera. Virei botafoguense para defender o direito dela de escolher o time."
Menina de colégio de freira, manteve os traços de rebeldia: integrou o diretório estudantil do Júlio de Castilho, colégio estadual de Porto Alegre, e tinha um programa na Rádio Princesa, "A Hora do Julinho".
Abandonou a militância "light" ao entrar na Faculdade de Direito da Universidade Federal do RS. Loura, olhos verdes, 1m58, acabou eleita rainha dos calouros.
Formou-se em 1970 e, seis anos depois, ingressou no Ministério Público. Atuou em Porto Alegre, Rio, Belo Horizonte e Brasília, até ser promovida a subprocuradora-geral da República, em 1997.
A primeira experiência de Cureau em eleições foi em 1986. Ela entrou com "toneladas de ações" contra o principal candidato à Câmara. Não deu em nada.
"Caí na real. Aprendi que não adiantam só provas robustas, há outras coisas envolvidas. Ele era campeão de voto e do partido do governador. E os juízes dependiam dos governadores até para serem promovidos."
Neste ano, está envolvida tanto na eleição quanto no doutorado em Buenos Aires.
Com isso, não tem tempo para se dedicar ao que mais gosta: viajar e fazer trilhas. Já foi para Machu Picchu, no Peru, e frequenta, em Goiás, a Chapada dos Veadeiros, Pirenópolis e Cavalcante.
Seus hábitos são triviais. Mora com 3 dos 4 filhos, de dois casamentos, tem três cachorros, vai ao supermercado, gosta de cozinhar, tem uma pilha de DVDs e adora romances policiais. Tem perfis no Facebook e no Orkut.
De formação católica, reza toda noite e usa duas fitinhas no pulso: uma do Senhor do Bonfim (BA) e outra do Padre Donizetti (SP). Mas não é praticante e é a favor do aborto.
"Processo contra poderoso não dá em nada"
DE BRASÍLIA
Autora de ações que resultaram em multa contra o presidente Lula por campanha antecipada e chamada por ele de "uma procuradora qualquer", Sandra Cureau faz crítica à Justiça no Brasil. Segundo ela, "processo envolvendo pessoas poderosas não dá em nada".
Por afirmar que o elogio a Dilma Rousseff por Lula em evento público caracterizava uso da máquina, foi criticada pelo presidente e alvo de ameaça de ação pelo PT. Para ela, até aqui, não há nada que possa levar à impugnação de candidaturas presidenciais.
Folha - A sra. já foi filiada a algum partido?
Sandra Cureau - Nunca fui filiada a partidos. Meu coração já bateu por pessoas, não por partidos.
E está batendo por alguém?
Hoje, não. Lamento isso, mas não está.
Já votou no presidente Lula?
Votei no Lula em 89, no primeiro e no segundo turnos. Eu estava grávida, fui ao comício da Cinelândia, no Rio, e depois fiquei imprensada na multidão, no metrô. Votei nele de novo em 94 ou 98, não me lembro. Num ano votei no Lula e, no outro, no Fernando Henrique. Em 2002, votei no Lula de novo. Em 2006 não votei, estava trabalhando nas eleições como procuradora eleitoral.
A sra. não votou nele em 2006 por conta do mensalão?
Talvez seja. Talvez tenha sido impactada por essas confusões.
Em quem a sra. vai votar?
Tem hora que aparece alguém que desponta como uma esperança, tem hora que não aparece. Eu ainda não decidi.
Gostaria de votar numa mulher? Há duas disputando.
Gostaria que tivéssemos uma mulher presidente, mas não sei em quem votar.
O PT tem insinuado que a sra. está pendendo para o lado dos tucanos nessa eleição.
Eles não fazem contas? Estou representando contra todos. Estou analisando os dois casos. Estou esperando a gravação, não basta apenas notícia de jornal. Só então vou checar se pode ter havido uma campanha subliminar.
A sra. se arrependeu de ter votado em Lula?
Não. Eu o acho uma pessoa extremamente carismática, com uma capacidade enorme de interagir com o povo. É inegável.
Fez um bom governo?
Parece-me que sim. Tanto ele como o Fernando Henrique fizeram bons governos.
O presidente Lula chamou a sra. de "uma procuradora qualquer".
Ele não falou meu nome. Pode-se deduzir que sim, mas seria desonesto dizer que me deu uma cacetada.
Mas essa insinuação a respeito da sra. não incomoda?
O que me incomodou foi uma visão meio depreciativa do Ministério Público. Não sou nada, as pessoas podem achar de mim o que quiserem, mas a instituição...
Há dados para impugnar uma candidatura presidencial?
As multas aplicadas até aqui, sozinhas, não são capazes de impugnar. Não houve até aqui situações que possam caracterizar desequilíbrio das eleições. Teria de ter um ato que fizesse uma candidatura subir astronomicamente nas pesquisas. Isso não aconteceu. Quanto mais importante o cargo, mais cuidadoso você tem de ser, para não cair no golpismo.
Como assim?
Golpismo no sentido de alguém fazer uma artimanha para afastar o outro da eleição, pegar um ato apenas. Por isso tem de ser algo que desequilibre as eleições para levar a uma impugnação.
Quais os problemas da legislação eleitoral?
A multa é muito baixa. No Brasil, temos um exagero de recursos. Quem tem condição de pagar um excelente advogado pode se sustentar até cumprir o mandato ou, ao contrário, consegue prescrever ação penal e derrubar o adversário que ganhou. Processo envolvendo pessoas poderosas não dá em nada. Achava extremamente frustrante na área penal. Vamos ver na eleitoral. (EC, VC e FS)
ELIANE CANTANHÊDE
VALDO CRUZ
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
Nos corredores sisudos da Procuradoria-Geral da República, a entrada do gabinete da vice-procuradora-geral eleitoral Sandra Cureau, 63, chama a atenção pela faixa vermelha de mais de um metro do Internacional, time do Rio Grande do Sul.
"Foi meu primeiro ato de rebeldia", diz ela, gaúcha de Porto Alegre e de uma família de classe média que é gremista doente e costumava ir aos estádios todo domingo.
Por quê? "Porque eu detestava ir ao estádio quando criança. E porque o Grêmio era da elite e, na minha escola, todo mundo era Internacional, o time do povo."
Foi para Belo Horizonte, virou Atlético, "que também era mais popular". Chegou ao Rio, ficou com o Botafogo, que não é tanto assim. "Meu segundo marido era flamenguista, a filha caçula [Paula] decidiu ser Botafogo e ele ficou uma fera. Virei botafoguense para defender o direito dela de escolher o time."
Menina de colégio de freira, manteve os traços de rebeldia: integrou o diretório estudantil do Júlio de Castilho, colégio estadual de Porto Alegre, e tinha um programa na Rádio Princesa, "A Hora do Julinho".
Abandonou a militância "light" ao entrar na Faculdade de Direito da Universidade Federal do RS. Loura, olhos verdes, 1m58, acabou eleita rainha dos calouros.
Formou-se em 1970 e, seis anos depois, ingressou no Ministério Público. Atuou em Porto Alegre, Rio, Belo Horizonte e Brasília, até ser promovida a subprocuradora-geral da República, em 1997.
A primeira experiência de Cureau em eleições foi em 1986. Ela entrou com "toneladas de ações" contra o principal candidato à Câmara. Não deu em nada.
"Caí na real. Aprendi que não adiantam só provas robustas, há outras coisas envolvidas. Ele era campeão de voto e do partido do governador. E os juízes dependiam dos governadores até para serem promovidos."
Neste ano, está envolvida tanto na eleição quanto no doutorado em Buenos Aires.
Com isso, não tem tempo para se dedicar ao que mais gosta: viajar e fazer trilhas. Já foi para Machu Picchu, no Peru, e frequenta, em Goiás, a Chapada dos Veadeiros, Pirenópolis e Cavalcante.
Seus hábitos são triviais. Mora com 3 dos 4 filhos, de dois casamentos, tem três cachorros, vai ao supermercado, gosta de cozinhar, tem uma pilha de DVDs e adora romances policiais. Tem perfis no Facebook e no Orkut.
De formação católica, reza toda noite e usa duas fitinhas no pulso: uma do Senhor do Bonfim (BA) e outra do Padre Donizetti (SP). Mas não é praticante e é a favor do aborto.
"Processo contra poderoso não dá em nada"
DE BRASÍLIA
Autora de ações que resultaram em multa contra o presidente Lula por campanha antecipada e chamada por ele de "uma procuradora qualquer", Sandra Cureau faz crítica à Justiça no Brasil. Segundo ela, "processo envolvendo pessoas poderosas não dá em nada".
Por afirmar que o elogio a Dilma Rousseff por Lula em evento público caracterizava uso da máquina, foi criticada pelo presidente e alvo de ameaça de ação pelo PT. Para ela, até aqui, não há nada que possa levar à impugnação de candidaturas presidenciais.
Folha - A sra. já foi filiada a algum partido?
Sandra Cureau - Nunca fui filiada a partidos. Meu coração já bateu por pessoas, não por partidos.
E está batendo por alguém?
Hoje, não. Lamento isso, mas não está.
Já votou no presidente Lula?
Votei no Lula em 89, no primeiro e no segundo turnos. Eu estava grávida, fui ao comício da Cinelândia, no Rio, e depois fiquei imprensada na multidão, no metrô. Votei nele de novo em 94 ou 98, não me lembro. Num ano votei no Lula e, no outro, no Fernando Henrique. Em 2002, votei no Lula de novo. Em 2006 não votei, estava trabalhando nas eleições como procuradora eleitoral.
A sra. não votou nele em 2006 por conta do mensalão?
Talvez seja. Talvez tenha sido impactada por essas confusões.
Em quem a sra. vai votar?
Tem hora que aparece alguém que desponta como uma esperança, tem hora que não aparece. Eu ainda não decidi.
Gostaria de votar numa mulher? Há duas disputando.
Gostaria que tivéssemos uma mulher presidente, mas não sei em quem votar.
O PT tem insinuado que a sra. está pendendo para o lado dos tucanos nessa eleição.
Eles não fazem contas? Estou representando contra todos. Estou analisando os dois casos. Estou esperando a gravação, não basta apenas notícia de jornal. Só então vou checar se pode ter havido uma campanha subliminar.
A sra. se arrependeu de ter votado em Lula?
Não. Eu o acho uma pessoa extremamente carismática, com uma capacidade enorme de interagir com o povo. É inegável.
Fez um bom governo?
Parece-me que sim. Tanto ele como o Fernando Henrique fizeram bons governos.
O presidente Lula chamou a sra. de "uma procuradora qualquer".
Ele não falou meu nome. Pode-se deduzir que sim, mas seria desonesto dizer que me deu uma cacetada.
Mas essa insinuação a respeito da sra. não incomoda?
O que me incomodou foi uma visão meio depreciativa do Ministério Público. Não sou nada, as pessoas podem achar de mim o que quiserem, mas a instituição...
Há dados para impugnar uma candidatura presidencial?
As multas aplicadas até aqui, sozinhas, não são capazes de impugnar. Não houve até aqui situações que possam caracterizar desequilíbrio das eleições. Teria de ter um ato que fizesse uma candidatura subir astronomicamente nas pesquisas. Isso não aconteceu. Quanto mais importante o cargo, mais cuidadoso você tem de ser, para não cair no golpismo.
Como assim?
Golpismo no sentido de alguém fazer uma artimanha para afastar o outro da eleição, pegar um ato apenas. Por isso tem de ser algo que desequilibre as eleições para levar a uma impugnação.
Quais os problemas da legislação eleitoral?
A multa é muito baixa. No Brasil, temos um exagero de recursos. Quem tem condição de pagar um excelente advogado pode se sustentar até cumprir o mandato ou, ao contrário, consegue prescrever ação penal e derrubar o adversário que ganhou. Processo envolvendo pessoas poderosas não dá em nada. Achava extremamente frustrante na área penal. Vamos ver na eleitoral. (EC, VC e FS)
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terça-feira, 20 de julho de 2010
São Paulo - Fernando de Barros e Silva: "Serra Palin"
SÃO PAULO - O título não é meu, infelizmente. Vi pela primeira vez a conexão entre o vice de Serra, Indio da Costa, e Sarah Palin, a vice de John McCain na campanha americana de 2008, num blog chamado "Na Prática a Teoria É Outra" (www.napraticaateoriaeoutra. org), ou "NPTO", do cientista social Celso Rocha de Barros.
É, vale destacar, um blog excelente, com análises ao mesmo tempo muito finas e cheias de humor sobre "política e adjacências", de um autor que se diz "meio esquerdoso, social-democrata não tucano (nem anti-tucano), que acredita que o PT (e a rede de movimentos sociais que o compõem) ainda pode ser salvo de si mesmo".
Marcelo Coelho, que talvez goste dessa definição e mantém outro blog excelente, também aproximou Indio e Palin num post de anteontem. É uma boa coincidência.
A escolha do jovem conservador boa-pinta e desconhecido para vice de Serra parece ter sido obra do desespero, mas, diz Coelho, se há nela alguma inteligência, seria a de "vocalizar o inconsciente político de um PSDB civilizado demais para o gosto da direita local, que é selvagem o bastante para aplaudir este Indio de terno e gravata".
Senador republicano, McCain não dava conta de satisfazer a ala mais bronca do conservadorismo americano. Como um furacão vindo do Alasca, Estado que governou, a bela e desconhecida Sarah Palin logo se transformou em porta-voz da "direita sai de baixo". Acabou sendo protagonista da sucessão, assumindo para si um papel que o líder da chapa não sabia cumprir.
Indio é um político menor da direita litorânea. Surgiu em cena do nada, como um galã instantâneo da Ficha Limpa. Não bastou muito, porém, para que viesse mostrar o seu apito: "Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior".
Ao PT, a polarização com o Palin tupiniquim é algo que interessa. E Serra caminha para a direita, em parte, é o que parece, à sua revelia.
É, vale destacar, um blog excelente, com análises ao mesmo tempo muito finas e cheias de humor sobre "política e adjacências", de um autor que se diz "meio esquerdoso, social-democrata não tucano (nem anti-tucano), que acredita que o PT (e a rede de movimentos sociais que o compõem) ainda pode ser salvo de si mesmo".
Marcelo Coelho, que talvez goste dessa definição e mantém outro blog excelente, também aproximou Indio e Palin num post de anteontem. É uma boa coincidência.
A escolha do jovem conservador boa-pinta e desconhecido para vice de Serra parece ter sido obra do desespero, mas, diz Coelho, se há nela alguma inteligência, seria a de "vocalizar o inconsciente político de um PSDB civilizado demais para o gosto da direita local, que é selvagem o bastante para aplaudir este Indio de terno e gravata".
Senador republicano, McCain não dava conta de satisfazer a ala mais bronca do conservadorismo americano. Como um furacão vindo do Alasca, Estado que governou, a bela e desconhecida Sarah Palin logo se transformou em porta-voz da "direita sai de baixo". Acabou sendo protagonista da sucessão, assumindo para si um papel que o líder da chapa não sabia cumprir.
Indio é um político menor da direita litorânea. Surgiu em cena do nada, como um galã instantâneo da Ficha Limpa. Não bastou muito, porém, para que viesse mostrar o seu apito: "Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior".
Ao PT, a polarização com o Palin tupiniquim é algo que interessa. E Serra caminha para a direita, em parte, é o que parece, à sua revelia.
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Editorial Folha 20/07/2010 - - Indio no ataque
Vice do candidato José Serra eleva o tom em declarações inoportunas, que apenas contribuem para baixar o nível da campanha eleitoral
Retirada do bolso do colete em meio a uma série de trapalhadas que ameaçava a aliança eleitoral entre democratas e tucanos, a indicação do deputado Indio da Costa para vice da chapa de José Serra apanhou todos de surpresa. Ilustre desconhecido no plano nacional, o político fluminense logo se tornou alvo de desconfianças, críticas e indefectíveis anedotas.
A seu favor no entanto pesavam a juventude -tem 39 anos- e o fato de pertencer a um Estado relevante, no qual o nome do ex-governador paulista sempre encontrou dificuldades para se firmar. Além disso, era providencial que tivesse atuado como relator do projeto Ficha Limpa, em contraponto ao envolvimento de seu partido no escândalo do mensalão do governo do Distrito Federal.
Não tardou para que o neófito despertasse o sentimento paternal do experiente tucano. No dia seguinte ao acordo com o DEM, Serra tratou de desmentir a suposta fama de mulherengo do novo escudeiro. "Ele me disse por telefone: "Não tenho amantes". Eu até disse: "Também não precisa exagerar". O que tem que ser é uma coisa discreta", declarou em uma sabatina promovida pela Confederação Nacional da Indústria.
Depois da lição pública sobre como comportar-se em matéria de relações íntimas, o peessedebista prescreveu ao vice a leitura de alguns livros para que se familiarizasse com o pensamento do líder. Recomendou quatro volumes, três de sua autoria e um no qual pontifica como entrevistado.
Não se sabe se Indio da Costa debruçou-se sobre a lição de casa. Certo é que se sentiu incentivado -ou pelo menos desembaraçado- para responder de maneira estridente uma provocação da rival Dilma Rousseff. A postulante petista havia declarado que seu vice, o deputado Michel Temer, do PMDB, não caíra do céu (algo de fato incontestável, sob qualquer ângulo que se queira analisar).
Indio sentiu-se ofendido e disse que a adversária era uma "ateia" a posar como "esfinge do pau oco".
Na sexta passada, em entrevista a militantes tucanos, no site Mobiliza PSDB, o deputado carioca deu mais um passo: afirmou que o PT mantém ligação com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e com o narcotráfico. Alertou ainda para a possibilidade de Dilma, uma vez eleita, "dar um chute" no presidente Lula e governar com "as garras do PT".
É fato que militantes petistas mantiveram relações com as Farc, assim como é razoável acreditar que, eleita presidente da República, Dilma se distancie de seu mais famoso cabo eleitoral e constitua seu próprio grupo no governo.
Tais considerações não bastam para ocultar a evidência de que as palavras do vice pretendem apenas fomentar temores e animosidades ideológicas em tom tosco e ultrapassado, que contribui para rebaixar o nível da campanha.
Após uma coreografia de tucanos e democratas para conter os ânimos, Serra preferiu ontem apoiar a declaração do pupilo em vez de tentar recolocar a disputa nos trilhos da civilidade.
Retirada do bolso do colete em meio a uma série de trapalhadas que ameaçava a aliança eleitoral entre democratas e tucanos, a indicação do deputado Indio da Costa para vice da chapa de José Serra apanhou todos de surpresa. Ilustre desconhecido no plano nacional, o político fluminense logo se tornou alvo de desconfianças, críticas e indefectíveis anedotas.
A seu favor no entanto pesavam a juventude -tem 39 anos- e o fato de pertencer a um Estado relevante, no qual o nome do ex-governador paulista sempre encontrou dificuldades para se firmar. Além disso, era providencial que tivesse atuado como relator do projeto Ficha Limpa, em contraponto ao envolvimento de seu partido no escândalo do mensalão do governo do Distrito Federal.
Não tardou para que o neófito despertasse o sentimento paternal do experiente tucano. No dia seguinte ao acordo com o DEM, Serra tratou de desmentir a suposta fama de mulherengo do novo escudeiro. "Ele me disse por telefone: "Não tenho amantes". Eu até disse: "Também não precisa exagerar". O que tem que ser é uma coisa discreta", declarou em uma sabatina promovida pela Confederação Nacional da Indústria.
Depois da lição pública sobre como comportar-se em matéria de relações íntimas, o peessedebista prescreveu ao vice a leitura de alguns livros para que se familiarizasse com o pensamento do líder. Recomendou quatro volumes, três de sua autoria e um no qual pontifica como entrevistado.
Não se sabe se Indio da Costa debruçou-se sobre a lição de casa. Certo é que se sentiu incentivado -ou pelo menos desembaraçado- para responder de maneira estridente uma provocação da rival Dilma Rousseff. A postulante petista havia declarado que seu vice, o deputado Michel Temer, do PMDB, não caíra do céu (algo de fato incontestável, sob qualquer ângulo que se queira analisar).
Indio sentiu-se ofendido e disse que a adversária era uma "ateia" a posar como "esfinge do pau oco".
Na sexta passada, em entrevista a militantes tucanos, no site Mobiliza PSDB, o deputado carioca deu mais um passo: afirmou que o PT mantém ligação com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e com o narcotráfico. Alertou ainda para a possibilidade de Dilma, uma vez eleita, "dar um chute" no presidente Lula e governar com "as garras do PT".
É fato que militantes petistas mantiveram relações com as Farc, assim como é razoável acreditar que, eleita presidente da República, Dilma se distancie de seu mais famoso cabo eleitoral e constitua seu próprio grupo no governo.
Tais considerações não bastam para ocultar a evidência de que as palavras do vice pretendem apenas fomentar temores e animosidades ideológicas em tom tosco e ultrapassado, que contribui para rebaixar o nível da campanha.
Após uma coreografia de tucanos e democratas para conter os ânimos, Serra preferiu ontem apoiar a declaração do pupilo em vez de tentar recolocar a disputa nos trilhos da civilidade.
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quinta-feira, 15 de julho de 2010
Estadão 15/07 - - Acesso pode ter sido lícito, afirma sindicato
Sindifisco diz que dados fiscais podem ter sido checados em fiscalização que exige cruzamento de informações
O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA
O histórico da Receita Federal nas investigações internas para esclarecer acessos suspeitos a dados sigilosos mostra que, tradicionalmente, os auditores têm justificativas que são consideradas, no mínimo, aceitáveis. Mesmo que o acesso seja duvidoso, o difícil será provar que ele está na origem do vazamento da informação sigilosa.
Nem todos os auditores têm senhas que permitem acessar a íntegra dos dados da Receita. Há níveis diferenciados, estabelecidos em função do tempo de carreira, do cargo e até do trabalho desenvolvido. Quando o auditor tenta pegar um dado que está fora da competência da senha dele, o sistema informatizado da Receita rejeita fornecer a informação.
O passo com maior teor de incriminação seria um funcionário fraudar a competência da senha. Afora isso, dizem técnicos da Receita, referindo-se especificamente ao caso Eduardo Jorge, é estranho que possa haver "acesso não motivado" e, mesmo assim, o auditor tenha entrado no sistema "de cara limpa", isto é, com plena identificação funcional, sem violação funcional de nenhuma natureza.
O próprio Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal (Sindifisco) deu ontem, em nota oficial, logo depois do depoimento do secretário Otacílio Cartaxo, na CCJ do Senado, um exemplo de como o cruzamento de investigações justifica facilmente o acesso às informações.
"O Sindifisco Nacional entende que houve um erro conceitual por parte dos senadores na análise do acesso de auditores fiscais a dados de contribuintes. O fato de algum auditor fiscal ter acessado dados fiscais de um contribuinte não quer dizer que isso se deu sem motivação e muito menos que ele deu ensejo a um vazamento. Ainda que não haja uma investigação fiscal acerca de um cidadão, o simples fato, por exemplo, de ele ter transacionado com uma empresa que está sob fiscalização já autoriza o auditor a acessar os dados da pessoa física, até mesmo com a finalidade de comparar com os dados informados pela empresa fiscalizada", diz a nota.
A nota afirma ainda que "a circunstância de um ou mais auditores fiscais terem acessado os dados fiscais do vice-presidente do PSDB não significa que esse acesso não tenha sido motivado por uma necessidade de fiscalização, muito menos ainda permite que se infira que houve vazamento de dados fiscais por parte da Receita." O sindicato defendeu que, depois da apuração completa, haja a devida punição dos que "tiverem se desviado do dever funcional de sigilo fiscal". / R. N.
O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA
O histórico da Receita Federal nas investigações internas para esclarecer acessos suspeitos a dados sigilosos mostra que, tradicionalmente, os auditores têm justificativas que são consideradas, no mínimo, aceitáveis. Mesmo que o acesso seja duvidoso, o difícil será provar que ele está na origem do vazamento da informação sigilosa.
Nem todos os auditores têm senhas que permitem acessar a íntegra dos dados da Receita. Há níveis diferenciados, estabelecidos em função do tempo de carreira, do cargo e até do trabalho desenvolvido. Quando o auditor tenta pegar um dado que está fora da competência da senha dele, o sistema informatizado da Receita rejeita fornecer a informação.
O passo com maior teor de incriminação seria um funcionário fraudar a competência da senha. Afora isso, dizem técnicos da Receita, referindo-se especificamente ao caso Eduardo Jorge, é estranho que possa haver "acesso não motivado" e, mesmo assim, o auditor tenha entrado no sistema "de cara limpa", isto é, com plena identificação funcional, sem violação funcional de nenhuma natureza.
O próprio Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal (Sindifisco) deu ontem, em nota oficial, logo depois do depoimento do secretário Otacílio Cartaxo, na CCJ do Senado, um exemplo de como o cruzamento de investigações justifica facilmente o acesso às informações.
"O Sindifisco Nacional entende que houve um erro conceitual por parte dos senadores na análise do acesso de auditores fiscais a dados de contribuintes. O fato de algum auditor fiscal ter acessado dados fiscais de um contribuinte não quer dizer que isso se deu sem motivação e muito menos que ele deu ensejo a um vazamento. Ainda que não haja uma investigação fiscal acerca de um cidadão, o simples fato, por exemplo, de ele ter transacionado com uma empresa que está sob fiscalização já autoriza o auditor a acessar os dados da pessoa física, até mesmo com a finalidade de comparar com os dados informados pela empresa fiscalizada", diz a nota.
A nota afirma ainda que "a circunstância de um ou mais auditores fiscais terem acessado os dados fiscais do vice-presidente do PSDB não significa que esse acesso não tenha sido motivado por uma necessidade de fiscalização, muito menos ainda permite que se infira que houve vazamento de dados fiscais por parte da Receita." O sindicato defendeu que, depois da apuração completa, haja a devida punição dos que "tiverem se desviado do dever funcional de sigilo fiscal". / R. N.
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quarta-feira, 14 de julho de 2010
Folha 14/07 - - Lula faz elogios a Dilma em evento na sede do governo
Presidente atribui à candidata petista a responsabilidade pelo trem-bala
Para ex-ministros do TSE, atitude, em tese, pode caracterizar abuso de poder político, mas é difícil que haja punição
SIMONE IGLESIAS
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou sua candidata ao Planalto, Dilma Rousseff (PT), em evento oficial na sede do governo.
"A verdade é a seguinte: eu não posso deixar de dizer, aqui, que nós devemos o sucesso disto tudo que a gente está comemorando a uma mulher. Eu nem poderia falar o nome dela porque tem um processo eleitoral, mas a história a gente também não pode esconder por causa de eleição", afirmou Lula.
Em seguida, Lula disse: "A verdade é que a companheira Dilma Rousseff assumiu a responsabilidade de fazer esse TAV [trem-bala], e foi ela que cuidou, junto com a Miriam Belchior, junto com a Erenice [Guerra]. Não podemos negar isso", completou, no lançamento do edital do trem-bala, no Centro Cultural Banco do Brasil, sede da Presidência durante a reforma do Palácio do Planalto.
O presidente já recebeu seis multas no valor total de R$ 42,5 mil por fazer campanha antecipada para Dilma, mas é a primeira vez que Lula cita o nome da candidata em evento oficial após o registro da candidatura, que ocorreu no dia 5 passado.
Ontem, Lula também criticou indiretamente o adversário de Dilma, o tucano José Serra. Ao falar que o país precisa de mais engenheiros, disse: "Já tivemos em SP buraco de metrô (...)".
De acordo com advogados e ex-ministros do TSE ouvidos pela Folha, a atitude de Lula pode em tese ser caracterizada como abuso de poder político, ao utilizar a máquina pública para promover sua candidata. A punição é a inelegibilidade.
Os advogados avaliam porém, que é muito difícil que Lula e Dilma sejam punidos no caso. Isso porque o TSE entende que, além de irregular, a conduta de um agente público tem que ter a potencialidade de interferir no resultado do pleito.
Também ontem, o TSE divulgou que Dilma foi multada pela quarta vez por propaganda antecipada. A multa desta vez foi de R$ 6.000.
Para ex-ministros do TSE, atitude, em tese, pode caracterizar abuso de poder político, mas é difícil que haja punição
SIMONE IGLESIAS
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou sua candidata ao Planalto, Dilma Rousseff (PT), em evento oficial na sede do governo.
"A verdade é a seguinte: eu não posso deixar de dizer, aqui, que nós devemos o sucesso disto tudo que a gente está comemorando a uma mulher. Eu nem poderia falar o nome dela porque tem um processo eleitoral, mas a história a gente também não pode esconder por causa de eleição", afirmou Lula.
Em seguida, Lula disse: "A verdade é que a companheira Dilma Rousseff assumiu a responsabilidade de fazer esse TAV [trem-bala], e foi ela que cuidou, junto com a Miriam Belchior, junto com a Erenice [Guerra]. Não podemos negar isso", completou, no lançamento do edital do trem-bala, no Centro Cultural Banco do Brasil, sede da Presidência durante a reforma do Palácio do Planalto.
O presidente já recebeu seis multas no valor total de R$ 42,5 mil por fazer campanha antecipada para Dilma, mas é a primeira vez que Lula cita o nome da candidata em evento oficial após o registro da candidatura, que ocorreu no dia 5 passado.
Ontem, Lula também criticou indiretamente o adversário de Dilma, o tucano José Serra. Ao falar que o país precisa de mais engenheiros, disse: "Já tivemos em SP buraco de metrô (...)".
De acordo com advogados e ex-ministros do TSE ouvidos pela Folha, a atitude de Lula pode em tese ser caracterizada como abuso de poder político, ao utilizar a máquina pública para promover sua candidata. A punição é a inelegibilidade.
Os advogados avaliam porém, que é muito difícil que Lula e Dilma sejam punidos no caso. Isso porque o TSE entende que, além de irregular, a conduta de um agente público tem que ter a potencialidade de interferir no resultado do pleito.
Também ontem, o TSE divulgou que Dilma foi multada pela quarta vez por propaganda antecipada. A multa desta vez foi de R$ 6.000.
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Para especialistas, discurso pode configurar abuso de autoridade
Menção explícita a Dilma no lançamento do edital do trem-bala seria um complicador para o presidente
Lucas de Abreu Maia, Mariângela Gallucci - O Estado de S.Paulo
A menção à presidenciável petista Dilma Rousseff pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um evento público poderia configurar abuso de autoridade, de acordo com especialistas ouvidos pelo Estado.
"Isso é um absurdo e deveria ser repudiado. Configura abuso de autoridade e do poder político, e até ato de improbidade administrativa", afirma Everson Tobaruela, advogado especialista em direito eleitoral e ex-presidente da Comissão de Direito Político e Eleitoral da OAB.
Ele sustenta que as reiteradas infrações cometidas por Lula - que já foi multado seis vezes este ano pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - dão margem até à cassação da candidatura da petista. "Isso é uso da máquina pública. A legislação prevê a punição também de quem se beneficia."
Ex-ministros do TSE também reconhecem que o discurso de Lula pode ser um dos ingredientes de uma eventual representação por abuso de poder político. Mas para levar à inelegibilidade outras acusações teriam de ser incluídas nessa eventual representação, como ocorreu no Maranhão - lá, acabou levando à cassação do então governador Jackson Lago.
"É um argumento (o discurso de Lula). Mas o que derruba um representado é o conjunto da obra", disse um ex-ministro.
Representação. O advogado responsável pela campanha de José Serra, Ricardo Penteado, disse ao Estado que analisará o caso para possível representação no TSE. "Por enquanto, só posso dizer que isso evidencia que o processo eleitoral começou muito mal, se o presidente está se pautando assim."
TRECHO DA LEI 9.504
"Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as
seguintes condutas:
I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, Estados, Distrito Federal, Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária;
II - usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram (...)"
Lucas de Abreu Maia, Mariângela Gallucci - O Estado de S.Paulo
A menção à presidenciável petista Dilma Rousseff pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um evento público poderia configurar abuso de autoridade, de acordo com especialistas ouvidos pelo Estado.
"Isso é um absurdo e deveria ser repudiado. Configura abuso de autoridade e do poder político, e até ato de improbidade administrativa", afirma Everson Tobaruela, advogado especialista em direito eleitoral e ex-presidente da Comissão de Direito Político e Eleitoral da OAB.
Ele sustenta que as reiteradas infrações cometidas por Lula - que já foi multado seis vezes este ano pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - dão margem até à cassação da candidatura da petista. "Isso é uso da máquina pública. A legislação prevê a punição também de quem se beneficia."
Ex-ministros do TSE também reconhecem que o discurso de Lula pode ser um dos ingredientes de uma eventual representação por abuso de poder político. Mas para levar à inelegibilidade outras acusações teriam de ser incluídas nessa eventual representação, como ocorreu no Maranhão - lá, acabou levando à cassação do então governador Jackson Lago.
"É um argumento (o discurso de Lula). Mas o que derruba um representado é o conjunto da obra", disse um ex-ministro.
Representação. O advogado responsável pela campanha de José Serra, Ricardo Penteado, disse ao Estado que analisará o caso para possível representação no TSE. "Por enquanto, só posso dizer que isso evidencia que o processo eleitoral começou muito mal, se o presidente está se pautando assim."
TRECHO DA LEI 9.504
"Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as
seguintes condutas:
I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, Estados, Distrito Federal, Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária;
II - usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram (...)"
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Estadão 14/07 - - Lula usa evento do trem-bala para fazer campanha em favor de Dilma
Rafael Moraes Moura - O Estado de S.Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou discurso ontem, durante cerimônia oficial de lançamento do edital do trem-bala que ligará São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, para promover a figura da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Lula atribuiu a Dilma a responsabilidade pelo projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV).
"A verdade é a seguinte: eu não posso deixar de dizer, aqui, que nós devemos o sucesso disso tudo que a gente está comemorando aqui a uma mulher. Na verdade, nem poderia falar o nome dela porque tem um processo eleitoral, mas a história a gente também não pode esconder por causa de eleição", disse o presidente, em solenidade no Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória do governo. "A verdade é que a companheira Dilma Rousseff assumiu a responsabilidade de fazer esse TAV, e foi ela quem cuidou, junto com a Miriam Belchior, junto com a Erenice...", continuou, sob aplausos de uma plateia de funcionários comissionados, políticos da base aliada e militantes.
A Lei Eleitoral proíbe os agentes públicos de ceder ou usar em benefício de candidato bens móveis ou imóveis pertencentes à administração. Com base nesse dispositivo, há a interpretação de que agente público não pode usar evento de governo para campanha em prol de seu candidato.
No ano passado, o TSE cassou o então governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), por uma série de motivos. Um deles foi um vídeo incluído no processo no qual o governador na época da campanha, José Reinaldo, declarava apoio explícito a Lago durante um evento de governo.
Torre. O discurso de Lula foi construído para atingir a apoteose com a citação a Dilma. Com críticas aos governos anteriores, ele foi falando das medidas audaciosas que fazem os governos tomar grandes decisões e assumir riscos. "Se a gente olhar, no mundo, todas as coisas feitas, as grandes coisas, foram por gestos de ousadia, de coragem de gente que não teve o medo de enfrentar o debate. Até a Torre Eiffel, que hoje é admirada por todo mundo, deve ter tido umas 5 mil ações populares", disse.
Em sua fala, fez até uma referência à tragédia da linha 4 do metrô de São Paulo, em janeiro de 2007, quando morreram 7 pessoas no desabamento de um dos túneis. "Nós já tivemos, em São Paulo, buraco de metrô que não se encontrou, e isso recentemente." Por fim, arrematou: "O trem brasileiro de alta velocidade é um projeto que nós devemos a uma mulher (...) a companheira Dilma Rousseff."
Na sequência, antecipou-se a possíveis críticas: "Daqui a pouco, se o (ministro do Planejamento) Paulo Bernardo for candidato, eu não vou deixar de falar que ele fez uma coisa boa, que liberou uma medida provisória agora, para resolver o problema do Nordeste brasileiro. Não podemos negar isso."
Conduta. Em entrevista ao Estado na semana passada, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, comentou que os agentes públicos, inclusive o presidente da República, têm limitações de conduta. "Evidentemente, ele vai poder falar", defendeu Adams. "Não em evento público de governo; ele não vai chegar num ato público e dizer: "senhores, apoiem a Dilma"."
Na ocasião, o advogado-geral defendeu a tese de que não se pode excluir o presidente do processo político. Sobre as multas aplicadas a Lula, Adams disse que ele "não pede voto" e os casos foram interpretação que o "tribunal faz da conduta do presidente".
Ao citar Dilma no discurso, Lula tenta associar sua imagem à da candidata governista. Para isso, o PT e o presidente já utilizaram diversos meios.
Em programa partidário veiculado em dezembro passado, por exemplo, Lula surgiu em cena afirmando que Dilma é "responsável pelo PAC, pelo pré-sal e pelo programa Minha Casa, Minha Vida". Dilma, por sua vez, afirmou que "tem governo que fez pouco e acha que fez muito". Por causa desse episódio, o PT perdeu o direito de exibição de programa partidário no primeiro semestre de 2011 e foi multado em R$ 20 mil; Dilma, em R$ 5 mil.
Em maio, Lula utilizou o espaço de sua coluna semanal, publicada em 153 jornais, para defender o PAC e fazer referência à candidata petista.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou discurso ontem, durante cerimônia oficial de lançamento do edital do trem-bala que ligará São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, para promover a figura da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Lula atribuiu a Dilma a responsabilidade pelo projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV).
"A verdade é a seguinte: eu não posso deixar de dizer, aqui, que nós devemos o sucesso disso tudo que a gente está comemorando aqui a uma mulher. Na verdade, nem poderia falar o nome dela porque tem um processo eleitoral, mas a história a gente também não pode esconder por causa de eleição", disse o presidente, em solenidade no Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória do governo. "A verdade é que a companheira Dilma Rousseff assumiu a responsabilidade de fazer esse TAV, e foi ela quem cuidou, junto com a Miriam Belchior, junto com a Erenice...", continuou, sob aplausos de uma plateia de funcionários comissionados, políticos da base aliada e militantes.
A Lei Eleitoral proíbe os agentes públicos de ceder ou usar em benefício de candidato bens móveis ou imóveis pertencentes à administração. Com base nesse dispositivo, há a interpretação de que agente público não pode usar evento de governo para campanha em prol de seu candidato.
No ano passado, o TSE cassou o então governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), por uma série de motivos. Um deles foi um vídeo incluído no processo no qual o governador na época da campanha, José Reinaldo, declarava apoio explícito a Lago durante um evento de governo.
Torre. O discurso de Lula foi construído para atingir a apoteose com a citação a Dilma. Com críticas aos governos anteriores, ele foi falando das medidas audaciosas que fazem os governos tomar grandes decisões e assumir riscos. "Se a gente olhar, no mundo, todas as coisas feitas, as grandes coisas, foram por gestos de ousadia, de coragem de gente que não teve o medo de enfrentar o debate. Até a Torre Eiffel, que hoje é admirada por todo mundo, deve ter tido umas 5 mil ações populares", disse.
Em sua fala, fez até uma referência à tragédia da linha 4 do metrô de São Paulo, em janeiro de 2007, quando morreram 7 pessoas no desabamento de um dos túneis. "Nós já tivemos, em São Paulo, buraco de metrô que não se encontrou, e isso recentemente." Por fim, arrematou: "O trem brasileiro de alta velocidade é um projeto que nós devemos a uma mulher (...) a companheira Dilma Rousseff."
Na sequência, antecipou-se a possíveis críticas: "Daqui a pouco, se o (ministro do Planejamento) Paulo Bernardo for candidato, eu não vou deixar de falar que ele fez uma coisa boa, que liberou uma medida provisória agora, para resolver o problema do Nordeste brasileiro. Não podemos negar isso."
Conduta. Em entrevista ao Estado na semana passada, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, comentou que os agentes públicos, inclusive o presidente da República, têm limitações de conduta. "Evidentemente, ele vai poder falar", defendeu Adams. "Não em evento público de governo; ele não vai chegar num ato público e dizer: "senhores, apoiem a Dilma"."
Na ocasião, o advogado-geral defendeu a tese de que não se pode excluir o presidente do processo político. Sobre as multas aplicadas a Lula, Adams disse que ele "não pede voto" e os casos foram interpretação que o "tribunal faz da conduta do presidente".
Ao citar Dilma no discurso, Lula tenta associar sua imagem à da candidata governista. Para isso, o PT e o presidente já utilizaram diversos meios.
Em programa partidário veiculado em dezembro passado, por exemplo, Lula surgiu em cena afirmando que Dilma é "responsável pelo PAC, pelo pré-sal e pelo programa Minha Casa, Minha Vida". Dilma, por sua vez, afirmou que "tem governo que fez pouco e acha que fez muito". Por causa desse episódio, o PT perdeu o direito de exibição de programa partidário no primeiro semestre de 2011 e foi multado em R$ 20 mil; Dilma, em R$ 5 mil.
Em maio, Lula utilizou o espaço de sua coluna semanal, publicada em 153 jornais, para defender o PAC e fazer referência à candidata petista.
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terça-feira, 13 de julho de 2010
Globo 13/07 - - Obsessão pelo poder :: Marco Antonio Villa
Como é sabido, o Partido dos Trabalhadores nasceu em 1980. Contudo, muito antes da sua fundação, foi precedido de um amplo processo de crítica das diversas correntes de esquerda realizada na universidade e no calor dos debates políticos. A ação partidária, os sindicatos e as estratégias políticas adotadas durante o populismo (1945-1964) foram duramente atacados. Sem que houvesse um contraponto eficaz, fez-se tábula rasa do passado. A história da esquerda brasileira estaria começando com a fundação do PT. O ocorrido antes de 1980 não teria passado de uma pré-história eivada de conciliações com a burguesia e marcada pelo descompromisso em relação ao destino histórico da classe trabalhadora.
O processo de desconstrução do passado permaneceu durante vinte anos, até o final do século XX. As pesquisas universitárias continuaram dando o sustentáculo "científico" de que o PT era um marco na história política brasileira, o primeiro partido de trabalhadores. O estilo stalinista de fazer história se estendeu para o movimento operário. Tudo teria começado no ABC. Mas não só: a história do sindicalismo "independente" teve um momento de partida, a eleição de Luís Inácio Lula da Silva para a presidência do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo, em 1975 (na posse, estava presente o governador Paulo Egydio, fato único naquela época). Toda história anterior, desde os anarquistas, tinha sido somente uma preparação para o surgimento do maior líder operário da história do Brasil.
A repetição sistemática de que em São Bernardo foi gestada uma ruptura acabou ganhando foro de verdade científica, indiscutível. Lula tinha de negar e desqualificar a história para surgir como uma espécie de "esperado", o "ungido". Não podia por si só realizar esta tarefa. Para isso contou com o apoio entusiástico dos intelectuais, ironicamente, ele que sempre desdenhou do conhecimento, da leitura e da reflexão. E muitos desses intelectuais que construíram o mito acabaram rompendo com o PT depois de 2003, quando a criatura adquiriu vida própria e se revoltou contra os criadores.
Mas não bastou apagar o passado. Foi necessário eliminar as lideranças que surgiram, tanto no sindicato, como no PT. E Lula foi um mestre. Os que não se submeteram, aceitando um papel subalterno, acabaram não tendo mais espaço político. Este processo foi se desenvolvendo sem que os embates e as rupturas desgastassem a figura de líder inconteste do partido. Ao dissidente era reservado o opróbrio eterno.
A permanência na liderança, sem contestação, não se deu por um choque de ideias. Pelo contrário. Lula sempre desprezou o debate político. Sabia que neste terreno seria derrotado. Optou sempre pela despolitização. Como nada tinha escrito, a divergência não podia percorrer o caminho tradicional da luta política, o enfrentamento de textos e ideias, seguindo a clássica tradição dos partidos de esquerda desde o final do século XIX. Desta forma, ele transformou a discordância em uma questão pessoal. E, como a sua figura era intocável, tudo acabava sem ter começado.
A vontade pessoal, fortalecida pelo culto da personalidade, fomentado desde os anos 70 pelos intelectuais, se transformou em obsessão. O processo se agravou ainda mais após a vitória de 2002. Afinal, não só o Brasil, mas o mundo se curvou frente ao presidente operário. Seus defeitos foram ainda mais transformados em qualidades. Qualquer crítica virou um crime de lesa-majestade. O desejo de eliminar as vozes discordantes acabou como política de Estado. Quem não louvava o presidente era considerado um inimigo.
Os conservadores brasileiros - conservadores não no sentido político, mas como defensores da manutenção de privilégios antirrepublicanos - logo entenderam o funcionamento da personalidade do presidente. Começaram a louvar suas realizações, suas palavras, seus mínimos gestos. Enfim, o que o presidente falava ou agia passou a ser considerado algo genial. Não é preciso dizer que Lula transformou os antigos "picaretas" em aliados incondicionais. Afinal, eles reconheciam publicamente seus feitos, suas qualidades. E mereceram benesses como nunca tiveram em outros governos.
É só esta obsessão pelo poder e pelo mando sem qualquer questionamento que pode ser uma das chaves explicativas da escolha de Dilma Rousseff como sua candidata.
O processo de desconstrução do passado permaneceu durante vinte anos, até o final do século XX. As pesquisas universitárias continuaram dando o sustentáculo "científico" de que o PT era um marco na história política brasileira, o primeiro partido de trabalhadores. O estilo stalinista de fazer história se estendeu para o movimento operário. Tudo teria começado no ABC. Mas não só: a história do sindicalismo "independente" teve um momento de partida, a eleição de Luís Inácio Lula da Silva para a presidência do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo, em 1975 (na posse, estava presente o governador Paulo Egydio, fato único naquela época). Toda história anterior, desde os anarquistas, tinha sido somente uma preparação para o surgimento do maior líder operário da história do Brasil.
A repetição sistemática de que em São Bernardo foi gestada uma ruptura acabou ganhando foro de verdade científica, indiscutível. Lula tinha de negar e desqualificar a história para surgir como uma espécie de "esperado", o "ungido". Não podia por si só realizar esta tarefa. Para isso contou com o apoio entusiástico dos intelectuais, ironicamente, ele que sempre desdenhou do conhecimento, da leitura e da reflexão. E muitos desses intelectuais que construíram o mito acabaram rompendo com o PT depois de 2003, quando a criatura adquiriu vida própria e se revoltou contra os criadores.
Mas não bastou apagar o passado. Foi necessário eliminar as lideranças que surgiram, tanto no sindicato, como no PT. E Lula foi um mestre. Os que não se submeteram, aceitando um papel subalterno, acabaram não tendo mais espaço político. Este processo foi se desenvolvendo sem que os embates e as rupturas desgastassem a figura de líder inconteste do partido. Ao dissidente era reservado o opróbrio eterno.
A permanência na liderança, sem contestação, não se deu por um choque de ideias. Pelo contrário. Lula sempre desprezou o debate político. Sabia que neste terreno seria derrotado. Optou sempre pela despolitização. Como nada tinha escrito, a divergência não podia percorrer o caminho tradicional da luta política, o enfrentamento de textos e ideias, seguindo a clássica tradição dos partidos de esquerda desde o final do século XIX. Desta forma, ele transformou a discordância em uma questão pessoal. E, como a sua figura era intocável, tudo acabava sem ter começado.
A vontade pessoal, fortalecida pelo culto da personalidade, fomentado desde os anos 70 pelos intelectuais, se transformou em obsessão. O processo se agravou ainda mais após a vitória de 2002. Afinal, não só o Brasil, mas o mundo se curvou frente ao presidente operário. Seus defeitos foram ainda mais transformados em qualidades. Qualquer crítica virou um crime de lesa-majestade. O desejo de eliminar as vozes discordantes acabou como política de Estado. Quem não louvava o presidente era considerado um inimigo.
Os conservadores brasileiros - conservadores não no sentido político, mas como defensores da manutenção de privilégios antirrepublicanos - logo entenderam o funcionamento da personalidade do presidente. Começaram a louvar suas realizações, suas palavras, seus mínimos gestos. Enfim, o que o presidente falava ou agia passou a ser considerado algo genial. Não é preciso dizer que Lula transformou os antigos "picaretas" em aliados incondicionais. Afinal, eles reconheciam publicamente seus feitos, suas qualidades. E mereceram benesses como nunca tiveram em outros governos.
É só esta obsessão pelo poder e pelo mando sem qualquer questionamento que pode ser uma das chaves explicativas da escolha de Dilma Rousseff como sua candidata.
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Globo 13/07 - - A outra face de Dilma :: Rodrigo Constantino
"Ninguém pode usar uma máscara por muito tempo: o fingimento retorna rápido à sua própria natureza" (Sêneca)
De olho nos eleitores mais moderados, a candidata Dilma Rousseff tem alterado seu discurso, vestindo uma embalagem mais atraente. Não foi apenas o cabelo que passou por uma transformação radical. Agora, Dilma já fala em reduzir a dívida pública para 30% do PIB, em imposto zero para investimentos, em combater as invasões ilegais do MST e na defesa da liberdade de imprensa. Entretanto, este discurso soa estranho na boca da petista. A nova personagem não combina nada com a figura histórica.
Para começo de conversa, o governo Lula teve oito anos para fazer as reformas estruturais, reduzir os impostos, atacar as invasões do MST etc. Não só deixou de fazer isso tudo, como muitas vezes agiu à contramão do desejado. A carga tributária aumentou, ocorreu uma escalada de invasões do MST, que recebe cada vez mais verbas públicas, e a liberdade de imprensa se viu inúmeras vezes ameaçada: Ancinav, Conselho Nacional de Jornalismo, tentativa de expulsão do jornalista estrangeiro que falou dos hábitos etílicos do presidente, PNDH-3 e Confecom. Foram diversas tentativas de controle dos meios de comunicação.
A participação de Dilma em alguns destes projetos foi direta. O Programa Nacional de Direitos Humanos, com viés bastante autoritário, saiu de seu gabinete. Além disso, Dilma sempre deixou claro que acredita num Estado centralizador como locomotiva da economia. Foi durante a gestão de Luciano Coutinho que o BNDES se transformou numa espécie de "bolsa empresa", torrando bilhões dos pagadores de impostos em subsídios para grandes empresas. O Tesouro teve que emitir dezenas de bilhões em dívida para bancar os empréstimos do BNDES. Coutinho é cotado como possível ministro no governo Dilma. Como acreditar no discurso de redução da dívida pública? As palavras recentes dizem uma coisa, os atos concretos dizem outra, bem diferente.
O passado de Dilma também levanta suspeita sobre esta nova imagem "paz e amor". Dilma foi guerrilheira e lutou para implantar no país um regime comunista. Com este "nobre" fim em mente, ela se alinhou aos piores grupos revolucionários, aderindo à máxima de que os fins justificam quaisquer meios. Colina e VAR-Palmares foram organizações que praticaram os piores tipos de atrocidades, incluindo assaltos, ataques terroristas e sequestro. Claro, devemos levar o contexto da época em conta: Guerra Fria, muitos jovens idealistas iludidos com a utopia socialista, e dispostos a tudo pela causa.
Mas o tempo passou, e vários colegas colocaram as mãos na consciência e fizeram um doloroso mea-culpa, reconhecendo os erros do passado. Dilma, entretanto, declarou com todas as letras numa entrevista à revista "Veja": "Jamais mudei de lado." Sabendo-se que este lado nunca foi o da democracia, e sim o lado que aponta para Cuba, resta perguntar: qual Dilma pretende governar o país? Em um típico ato falho freudiano, a campanha de Dilma apresentou ao TSE o programa de governo do PT, ignorando a aliança com o PMDB. Neste programa, que contava com a rubrica de Dilma, estavam presentes os ideais golpistas da ala radical do partido, como o controle da imprensa, os impostos sobre "fortunas" e a relativização do direito de propriedade no campo, beneficiando os criminosos do MST.
Chávez, em 1998, declarou que não tinha nenhuma intenção de nacionalizar empresas, de controlar a imprensa ou de destruir a democracia e permanecer no poder. Ao contrário, ele se mostrou bastante receptivo ao capital estrangeiro. Na época, ele estava prospectando clientes. Depois, era tarde demais. Ele já tinha o domínio da situação, e estava pronto para sacrificar suas vitimas ingênuas. "Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será sempre sua presa", alertou o filósofo Schopenhauer.
Em uma de suas fábulas, Esopo faz um alerta aos que acreditam nas mudanças da essência dos seres humanos. Um lavrador, durante um inverno rigoroso, encontrou uma serpente congelada. Apiedou-se dela e a pôs em seu colo. Aquecida, ela voltou à vida normal, picou seu benfeitor ferindo-o de morte. E ele, morrendo, disse: "É justo que eu sofra, pois me apiedei de uma malvada."
A História está repleta de casos em que a crença nas lindas promessas de políticos autoritários se mostrou fatal. Dilma apresenta ao público sua nova face, com um discurso bem mais moderado. Mas é a outra face que não sai de minha cabeça, aquela que acompanhou a candidata por toda sua vida.
RODRIGO CONSTANTINO é economista.
De olho nos eleitores mais moderados, a candidata Dilma Rousseff tem alterado seu discurso, vestindo uma embalagem mais atraente. Não foi apenas o cabelo que passou por uma transformação radical. Agora, Dilma já fala em reduzir a dívida pública para 30% do PIB, em imposto zero para investimentos, em combater as invasões ilegais do MST e na defesa da liberdade de imprensa. Entretanto, este discurso soa estranho na boca da petista. A nova personagem não combina nada com a figura histórica.
Para começo de conversa, o governo Lula teve oito anos para fazer as reformas estruturais, reduzir os impostos, atacar as invasões do MST etc. Não só deixou de fazer isso tudo, como muitas vezes agiu à contramão do desejado. A carga tributária aumentou, ocorreu uma escalada de invasões do MST, que recebe cada vez mais verbas públicas, e a liberdade de imprensa se viu inúmeras vezes ameaçada: Ancinav, Conselho Nacional de Jornalismo, tentativa de expulsão do jornalista estrangeiro que falou dos hábitos etílicos do presidente, PNDH-3 e Confecom. Foram diversas tentativas de controle dos meios de comunicação.
A participação de Dilma em alguns destes projetos foi direta. O Programa Nacional de Direitos Humanos, com viés bastante autoritário, saiu de seu gabinete. Além disso, Dilma sempre deixou claro que acredita num Estado centralizador como locomotiva da economia. Foi durante a gestão de Luciano Coutinho que o BNDES se transformou numa espécie de "bolsa empresa", torrando bilhões dos pagadores de impostos em subsídios para grandes empresas. O Tesouro teve que emitir dezenas de bilhões em dívida para bancar os empréstimos do BNDES. Coutinho é cotado como possível ministro no governo Dilma. Como acreditar no discurso de redução da dívida pública? As palavras recentes dizem uma coisa, os atos concretos dizem outra, bem diferente.
O passado de Dilma também levanta suspeita sobre esta nova imagem "paz e amor". Dilma foi guerrilheira e lutou para implantar no país um regime comunista. Com este "nobre" fim em mente, ela se alinhou aos piores grupos revolucionários, aderindo à máxima de que os fins justificam quaisquer meios. Colina e VAR-Palmares foram organizações que praticaram os piores tipos de atrocidades, incluindo assaltos, ataques terroristas e sequestro. Claro, devemos levar o contexto da época em conta: Guerra Fria, muitos jovens idealistas iludidos com a utopia socialista, e dispostos a tudo pela causa.
Mas o tempo passou, e vários colegas colocaram as mãos na consciência e fizeram um doloroso mea-culpa, reconhecendo os erros do passado. Dilma, entretanto, declarou com todas as letras numa entrevista à revista "Veja": "Jamais mudei de lado." Sabendo-se que este lado nunca foi o da democracia, e sim o lado que aponta para Cuba, resta perguntar: qual Dilma pretende governar o país? Em um típico ato falho freudiano, a campanha de Dilma apresentou ao TSE o programa de governo do PT, ignorando a aliança com o PMDB. Neste programa, que contava com a rubrica de Dilma, estavam presentes os ideais golpistas da ala radical do partido, como o controle da imprensa, os impostos sobre "fortunas" e a relativização do direito de propriedade no campo, beneficiando os criminosos do MST.
Chávez, em 1998, declarou que não tinha nenhuma intenção de nacionalizar empresas, de controlar a imprensa ou de destruir a democracia e permanecer no poder. Ao contrário, ele se mostrou bastante receptivo ao capital estrangeiro. Na época, ele estava prospectando clientes. Depois, era tarde demais. Ele já tinha o domínio da situação, e estava pronto para sacrificar suas vitimas ingênuas. "Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será sempre sua presa", alertou o filósofo Schopenhauer.
Em uma de suas fábulas, Esopo faz um alerta aos que acreditam nas mudanças da essência dos seres humanos. Um lavrador, durante um inverno rigoroso, encontrou uma serpente congelada. Apiedou-se dela e a pôs em seu colo. Aquecida, ela voltou à vida normal, picou seu benfeitor ferindo-o de morte. E ele, morrendo, disse: "É justo que eu sofra, pois me apiedei de uma malvada."
A História está repleta de casos em que a crença nas lindas promessas de políticos autoritários se mostrou fatal. Dilma apresenta ao público sua nova face, com um discurso bem mais moderado. Mas é a outra face que não sai de minha cabeça, aquela que acompanhou a candidata por toda sua vida.
RODRIGO CONSTANTINO é economista.
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Globo 13/07 - - PSDB reage ao manifesto das centrais
Partido diz que acusação contra Serra é propaganda eleitoral negativa
Leila Suwwan e Flávio Freire
SÃO PAULO. O manifesto assinado por cinco centrais sindicais que acusa o presidenciável José Serra (PSDB) de mentir ao dizer que é responsável pela criação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) pode ser considerado uma participação sindical na campanha, por meio de propaganda eleitoral contra um candidato - o que é proibido pela legislação. E a carta, divulgada pelo PT, omite o papel do tucano na aprovação do projeto que regulamentou o pagamento do seguro-desemprego, em 1989.
De acordo com o advogado do PSDB, Ricardo Penteado, esse tipo de documento viola a lei eleitoral, que proíbe os sindicatos de fazer doações de campanha, inclusive na forma de propaganda positiva ou negativa.
- Configura uma propaganda eleitoral negativa - disse ele, que até ontem não havia sido procurado pelo partido para tomar providências jurídicas.
Procuradas para explicar a participação na campanha, as assessorias da CUT e da Força Sindical não responderam até o fechamento desta edição.
De acordo com notas taquigráficas do Congresso, a lei 7.998, de 1990, que instituiu o FAT e estabeleceu as regras para o seguro-desemprego, foi baseada no projeto apresentado por Serra em 1989. A aprovação, no plenário, aconteceu em regime de urgência, com acordo de líderes, e levou em consideração um substitutivo, ou seja, uma proposta diferente do texto original do deputado Jorge Uequed (PMDB-RS) em 1988.
Para Guerra, centrais sindicais são palanque do PT
Porém, o manifesto de CUT, Força Sindical, CGTB, CTB e Nova Central se baseia em uma consulta do sistema de tramitação de projetos do site da Câmara. Nesse sistema, consta a aprovação do projeto de Uequed, e o arquivamento da proposta anexada por Serra, considerada "prejudicada".
Em 13 de dezembro de 1989, foi a plenário o projeto 991-A, já modificado e que tratava da regulamentação do artigo 239 da Constituição, que nasceu de emenda sugerida por Serra. O seguro-desemprego havia sido criado em 1986 pelo presidente Sarney, mas era considerado precário.
O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, acusou as centrais de estarem aparelhadas pelo PT e adotaram um discurso parcial para beneficiar a petista Dilma Rousseff. Guerra disse que Serra "foi fundamental" para o FAT e o seguro-desemprego, mas que "ninguém faz nada sozinho".
- As centrais sindicais, enquanto representam operários em questões trabalhistas, considero a palavra delas. Quando falam de política são evidentemente palanques, aparelhos do PT. É o PT falando.
As cúpulas do PT e do comando de campanha de Dilma Rousseff reagiram.
- O Serra faz o discurso do eu, e as centrais reagiram para recolocar as coisas no lugar - disse o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que é "natural" o PT veicular um manifesto dos trabalhadores e, repetindo o que disseram as centrais, afirmou que o tucano mentiu.
Leila Suwwan e Flávio Freire
SÃO PAULO. O manifesto assinado por cinco centrais sindicais que acusa o presidenciável José Serra (PSDB) de mentir ao dizer que é responsável pela criação do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) pode ser considerado uma participação sindical na campanha, por meio de propaganda eleitoral contra um candidato - o que é proibido pela legislação. E a carta, divulgada pelo PT, omite o papel do tucano na aprovação do projeto que regulamentou o pagamento do seguro-desemprego, em 1989.
De acordo com o advogado do PSDB, Ricardo Penteado, esse tipo de documento viola a lei eleitoral, que proíbe os sindicatos de fazer doações de campanha, inclusive na forma de propaganda positiva ou negativa.
- Configura uma propaganda eleitoral negativa - disse ele, que até ontem não havia sido procurado pelo partido para tomar providências jurídicas.
Procuradas para explicar a participação na campanha, as assessorias da CUT e da Força Sindical não responderam até o fechamento desta edição.
De acordo com notas taquigráficas do Congresso, a lei 7.998, de 1990, que instituiu o FAT e estabeleceu as regras para o seguro-desemprego, foi baseada no projeto apresentado por Serra em 1989. A aprovação, no plenário, aconteceu em regime de urgência, com acordo de líderes, e levou em consideração um substitutivo, ou seja, uma proposta diferente do texto original do deputado Jorge Uequed (PMDB-RS) em 1988.
Para Guerra, centrais sindicais são palanque do PT
Porém, o manifesto de CUT, Força Sindical, CGTB, CTB e Nova Central se baseia em uma consulta do sistema de tramitação de projetos do site da Câmara. Nesse sistema, consta a aprovação do projeto de Uequed, e o arquivamento da proposta anexada por Serra, considerada "prejudicada".
Em 13 de dezembro de 1989, foi a plenário o projeto 991-A, já modificado e que tratava da regulamentação do artigo 239 da Constituição, que nasceu de emenda sugerida por Serra. O seguro-desemprego havia sido criado em 1986 pelo presidente Sarney, mas era considerado precário.
O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, acusou as centrais de estarem aparelhadas pelo PT e adotaram um discurso parcial para beneficiar a petista Dilma Rousseff. Guerra disse que Serra "foi fundamental" para o FAT e o seguro-desemprego, mas que "ninguém faz nada sozinho".
- As centrais sindicais, enquanto representam operários em questões trabalhistas, considero a palavra delas. Quando falam de política são evidentemente palanques, aparelhos do PT. É o PT falando.
As cúpulas do PT e do comando de campanha de Dilma Rousseff reagiram.
- O Serra faz o discurso do eu, e as centrais reagiram para recolocar as coisas no lugar - disse o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que é "natural" o PT veicular um manifesto dos trabalhadores e, repetindo o que disseram as centrais, afirmou que o tucano mentiu.
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segunda-feira, 12 de julho de 2010
Carta recebida de Carlos Lungarzo
PAREMOS O GOVERNO ASSASSINO DO IRÂ
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| mostrar detalhes 12:41 (2 horas atrás) |
O Governo do Irã Deve Parar o Massacre de Mulheres!!!
Carlos A. Lungarzo
Anistia Internacional - ID: 2152711
Na imagem acima, uma foto tomada por um jornalista iraniano com câmara oculta, mostrando uma mulher cujo nome não foi revelado, ser morta por apedrejamento. O nome do jornalista permanece oculto, mas é um membro de resistência iraniana.
Contexto do Problema
O governo do Irã tem condenado a morte, entre muitas outras pessoas, duas mulheres, uma pelo "delito" de adultério, e outra por inimizade com Deus (sic), duas condutas de estrita índole pessoal, cuja punição em Ocidente pertence aos períodos mais bárbaros e selvagens da história, mas que são considerados "normais" na teocracia iraniana e em algumas outras.
O Centro de Campanhas por Pessoas em Risco de nossa organização tem preparado um modelo de carta pedindo a anulação das punições, se baseando especialmente no direito ao julgamento limpo e imparcial, que esteve ausente neste processo. No final deste texto estou copiando o modelo de carta de Anistia Internacional redigido em inglês, que coloco aqui para nossos leitores de outros países.
Entretanto, pessoalmente, sugiro às pessoas que leiam este texto em português, escrever às autoridades iranianas salientando, de maneira respeitosa, não apenas os problemas jurídicos desta absurda punição, mas o caráter desumano, arbitrário e cruel de considerar delitos os atos que são de foro íntimo das pessoas. Também, deve-se enfatizar que ambas as mulheres e outras pessoas em sua situação devem ser libertadas, e que qualquer punição contra atos estritamente privados, mesmo simbólica, é uma aberração contra os Direitos Humanos.
Como membro de AI, sou consciente de que os argumentos usados nas mensagens de nosso Secretariado Internacional, ressaltando motivações jurídicas persuasivas, são muito eficientes e produziram excelentes resultados em milhares de casos. Entretanto, quero ressaltar que as pessoas que se consideram civilizadas e que abominam estas brutalidades medievais, tem direito a posicionar-se de uma maneira mais crítica. Também sugiro que as pessoas que aceitem colaborar conosco, dirijam mensagens a seus governosnos casos em que estes não se tenham posicionado, tornando-se cúmplices deste tipo de crimes em função de vantagens financeiras ou políticas no campo internacional.
A Continuação, segue um detalhe dos fatos, e uma sugestão de ações a tomar.
============================== ============================== ============================== ===============
Carta da Anistia Internacional (USA)
Reproduzo minha tradução da Comunicação de Michael O'Reilly, responsável pelas Campanhas em favor de pessoas em risco, publicada ontem por nossa organização.
[No dia 9 de julho], o governo iraniano decidiu executar o bárbaro uso do apedrejamento contra Sakineh Mohammadi Ashtiani, uma Iraniana mãe de duas crianças, por manter uma " relação ilícita fora do casamento". Oficiais iranianos estavam preparados para enterrar Sakineh Mohammadi Ashtiani até o tórax, e então arremessar pedras a sua cabeça até que ela morresse. Entretanto, após uma enorme protesta internacional [de povos e governos], os oficiais iranianos mudaram de ideia.
As autoridades não dizem se Sakineh Mohammadi Ashtiani será executada ou não. Porém, muitas outras, incluindo Zeynab Jalalian, uma mulher de 27 anos, enfrentam a condena salvo que a comunidade internacional possa pará-la.
Contribua a parar a linha de montagem das execuções iranianas.
O governo de Irão deve parar estas execuções, qualquer que seja o método usado, a pena de morte é incorreta.
Estas mulheres já foram punidas por seus pretensos "crimes". Em maio de 2006, Sakineh Mohammadi Ashtiani recebeu 99 chicotadas e tem estado presa desde essa época. Zeynab Jalalian foi torturada enquanto estava detida. Atualmente, está em Evin, uma das mais atrozes e desumanas prisões do planeta.
Entretanto, o fato de que as autoridades iranianas tenham mudado de ideia pelo menos uma vez sobre o caso de Sakineh Mohammadi Ashtiani prova que estão ouvindo. As draconianas medidas de Irão não são imunes à pressão internacional.
Faça saber a eles sua indignação. Peça a Irão parar as execuções.
Apenas neste ano, pelo menos 126 execuções têm acontecido no Irão. Cada uma delas foi um desafio aos Direitos Humanos Internacionais.
Mas devemos assumir uma ação agora para assegurar que outros assassinatos cruéis e sem sentido não sejam acrescentados. A bomba relógio está ligada.
Não Deixe Essas Mulheres Nem Nenhum Outro Individuo Ser Executado No Irã.
Obrigado por sua ação urgente
Michael O'Reilly
Chefe de Campanha de Pessoas em Risco –
Amnesty International
(Tradução Literal. Todos os grifos são meus)
============================== ============================== ============================== ==============
Ações Recomendadas
Nestes dias, surgiram no mundo várias iniciativas de apresentar petições contra os assassinatos atrozes de mulheres no Irã. Eu acabo de abrir uma página em Petition Online especialmente para os leitores de português. Você pode assinar qualquer uma dessas petições, ou algumas delas, ou todas elas, desde que seu nome não se repita no mesmo site.
Qualquer uma das petições demora, no máximo, 10 minutos em ser preenchida. Se quiser assinar a petição brasileira, específica sobre assassinatos oficiais no Irã, vá a este site:
SITE PETITION-ON-LINE. Mensagem em português e inglês
SITE PETITION-ON-LINE. Mensagem em Inglês
Além disso, se você dispuser de tempo, faça o seguinte:
1) Escreva mensagens em qualquer língua universal (português, espanhol, francês, italiano, alemão), ou então em farsi ou árabe;
2) Encabece essas mensagens às seguintes autoridades:
Sua Excelência Ayatollah Sayed Ali Khamenei
Sua Excelência Ayatollah Sadeqh Larijani
3) Dirija-as aos seguintes e-mails.
(Embaixada do Irã em Brasília)
(Embaixada de Irã em Londres. Não precisa ser em inglês)
4) Escreva uma mensagem breve dizendo
que pede a imediata revogação da execução das senhoras Sakineh Mohammadi Ashtiani e Zeynab Jalalian, e outras que se encontrem em similar situação. Que essas pessoas que são condenadas por atos de foro íntimo devem ser imediatamente liberadas. (Pode lembrar que há seis países islâmicos que têm abolido a pena de morte: Azerbaijan, Costa de Marfim, Djibouti, Senegal, Turquia, Turkmenistan.)
Peça também que Irã pare com a imposição de mortes atrozes contra mulheres e crianças, bem como mutilações e castigos físicos a qualquer pessoa.
Faça notar que estas e outras execuções são crimes internacionais contra os direitos humanos, e contribuem a promover o repúdio geral contra o país que as aplica. Também, estas medidas fazem uma propaganda negativa do Islã, prejudicando muitos outros povos islâmicos que não aplicam estas medidas, e perturbam a defesa do povo Palestino cuja maioria e islâmica.
Deixe notar que está sabendo que pelos menos 10 governos já se pronunciaram energicamente sobre este assunto.
5) Escreva respeitosamente, mesmo que os fatos produzam raiva e indignação em qualquer pessoa civilizada. Coloque os títulos "sua excelência", porque estes rituais são muito valorizados nesse ambiente. Não insulte os destinatários; tem sido comprovado que insultos ou expressões violentas estimulam o sadismo e, em alguns países, têm aumentado a brutalidade.
6) Se você pertence a um país que NÃO SE PRONUNCIOU ainda neste caso, envie uma mensagem a seu governo ou a sua chanceler, pedindo um compromisso contra estes bárbaros fatos.
============================== ============================== ============================== ===============
Formulário Original em Inglês para Enviar às autoridades Iranianas. É reprodução exata do texto de Anistia Internacional.
Ayatollah Sayed Ali Khamenei - His Excellency
Ayatollah Sadeqh Larijani - His Excellency
I am writing to you to express my deep concern about the impending execution of two women: Sakineh Mohammadi Ashtiani and Zeynab Jalalian.
Sakineh Mohammadi Ashtiani, a mother of two, was convicted of adultery despite the lack of any corroborating evidence against her and sentenced to death. She retracted the confession she said she made under duress. Zeynab Jalalian is a Kurdish political activist who was convicted of "enmity against God" for her alleged membership in a banned Kurdish organization. Her trial was said to have lasted just minutes, the prosecution failed to produce any evidence to back up the charge and her lawyers were prevented from providing a defense. She was reportedly tortured while in custody.
I urge you to halt the imminent executions of these two women and to commute their death sentences. Furthermore, both women were convicted after unfair legal proceedings. I therefore strongly urge that they both be given trials that meet internationally accepted standards for fair trials.
Thank you very much for your attention.
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