Traduzido pelo MariaFro.
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241953/ 12/29/2009/ 16:5309 SAOPAULO667/ Consulate Sao Paulo/ CONFIDENTIAL
Excertos dos itens “confidenciais” do telegrama 09SAOPAULO667.
A íntegra do telegrama não está disponível
ASSUNTO: Em São Paulo, líderes políticos expõem preocupações sobre o governo do Brasil ao Secretário Assistente para o Hemisfério Ocidental do Governo dos EUA Arturo Valenzuela
1. (C) RESUMO: No trecho final de sua visita de uma semana ao Cone Sul, o Secretário Assistente para o Hemisfério Ocidental do Governo dos EUA Arturo Valenzuela encontrou-se com figuras expressivas da política local e observadores econômicos em São Paulo, os quais manifestaram preocupações com a política externa do Brasil, gastos públicos e manobras políticas com vistas às eleições de outubro de 2010.
Em encontro posterior, privado, com AV [Arturo Valenzuela], o governador de São Paulo, que está na dianteira das pesquisas de intenção de voto Jose Serra alertou para o fato de que a radicalização e a corrupção crescem no Partido dos Trabalhadores (PT), no governo e sugeriu que, como presidente, conduzirá política exterior mais afinada com os EUA. FIM DO RESUMO.
Em Sao Paulo, observadores políticos e econômicos
2. (C) Concluindo sua visita à região com rápida passagem por SP no sábado, dia 18/12, Arturo Valenzuela participou de almoço oferecido pelo Cônsulo Geral e nove especialistas e observadores políticos e econômicos, entre os quais o ex-ministro de Relações Exteriores Celso Lafer, o ex-embaixador do Brasil nos EUA Rubens Barbosa, e o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Jose Goldemberg. Valenzuela apresentou panorama genérico de sua viagem e destacou a alta prioridade que o governo dos EUA dá ao relacionamento bilateral. Identificou a cooperação com o Brasil em questões regionais, inclusive Honduras, como tendo “importância crítica”.
3. (C) Todos os convidados brasileiros criticaram a política exterior do governo Lula, manifestaram preocupações sobre a crescente radicalização do Partido dos Trabalhadores e destacaram a deterioração das contas públicas. O ex-ministro RE descreveu a posição do Brasil em relação ao Irã como “o pior erro” da política exterior de Lula. O embaixador Barbosa citou o papel do Brasil em Honduras como grande fracasso. Todos criticaram a atenção que o Brasil está dando em questões internacionais com as quais o Brasil pouco tem a ver e nada a fazer (Irã, conflito Israel-palestinos, Honduras etc.), ao mesmo tempo em que se ignoram questões mais próximas, inclusive as relações com o Mercosul.
4. (C) Roberto Teixeira da Costa, vice-presidente da empresa Brazilian Center for International Relations (CEBRI) e o professor Goldemberg questionaram especialmente o interesse no Irã, dado o pequeno volume de negócios e pobres perspectivas comerciais e a improbabilidade de qualquer cooperação nuclear. [NOTA: Em conversa particular com o encarregado, Goldemberg, que também é renomado físico nuclear, disse que o Brasil nada tem a oferecer ao Irã, no campo dos combustíveis nucleares, dado que o Irã está muito a frente do Brasil na campacidade para centrifugar. Além disso, registrou que muito apreciou recente advertência da secretária Clinton, sobre países que estejam trabalhando muito próximos do Irã. E que o Brasil deveria levar mais a sério aquela advertência. FIM DA NOTA.]
O assessor-secretário Valenzuela destacou que um Irã, cada dia mais isolado, está à caça de qualquer oportunidade, como a que o governo Lula lhe deu, para esconder a ausência de cooperação e a impopularidade na comunidade internacional.
5. (C) No plano doméstico, os participantes brasileiros explicaram a estratégia do PT de tornar as próximas eleições nacionais um referendum para o governo Lula, que será apresentado como avanço em relação do governo de Cardoso. E todos alertaram para a intenção do PT, de conduzir campanha agressiva. Essa via, disseram todos, pode conseguir apresentar Jose Serra como candidato de Cardoso e ajudará a transferir uma parte da popularidade de Lula para Dilma Rousseff – que jamais concorreu a cargo público e até agora tem mostrado pouco carisma como candidata.
O Ombudsman da Folha de Sao Paulo (sic) Carlos Eduardo Lins da Silva, também presente, destacou que o PT terá força econômica que jamais teve antes, para a campanha eleitoral, depois de oito anos de governo. E o cientista político Bolivar Lamounier disse que um PT cada dia mais radical provavelmente fará campanha negativa contra a oposição. O ombudsman da Folha de Sao Paulo, Lins da Silva, acrescentou que, no caso de o PT não vencer as eleições presidenciais de 2010, com certeza usará a riqueza recém adquirida para trabalha como oposição agressiva.
6. (C) Economicamente, Teixeira da Costa disse que a percepção pública sobre o Brasil estava sendo super otimista e que os mercados despencarão rapidamente, caso a situação internacional se deteriore. Ricardo Sennes, Diretor de negócios internacionais da empresa de consultoria Prospectiva, concordou com a avaliação e disse que as contas públicas estão sob forte e crescente stress. Que a economia brasileira continuava a ser não competitiva no longo prazo, por causa da fraca infraestrutura, alta carga tributária e políticas trabalhistas rígidas. Mas todos concordaram que a forte performance da economia brasileira nos últimos oito anos e a recuperação pós-crise econômica global ajudarão na campanha eleitoral de Dilma Rousseff. Sobre o papel de destaque que o Brasil teve na recente Conferência sobre o Clima, em Conference (COP-15), o professor Goldemberg disse que a performance do presidente Lula foi medíocre. E fez piada, dizendo que o Brasil deixou em Copenhague a impressão de que o Brasil desenvolveu-se muito nas duas últimas semanas. Mas elogiou muito a apresentação da secretária Clinton e disse que os países de ponta deveriam reunir-se em pequenos grupos (não como no G-77) para conseguir fazer avançar questões de financiamento e fiscalização.
O governador de São Paulo, primeiro colocado nas pesquisas eleitorais
7. (C) Em encontro de 90 minutos, privado, no Palácio do Governo, Jose Serra disse praticamente a mesma coisa sobre tendências da política nacional, corrupção crescente, gastos públicos e política externa.
Serra contou ao secretário-assessor Valenzuela que o Partido dos Trabalhadores está fazendo todos os esforços para construir uma base de poder de longo prazo, agora que conseguiu chegar ao governo. Serra alertou que o Brasil está alcançando níveis nunca vistos de corrupção e que o PT e a coalizão que o apóia usam os crescentes gastos públicos para construir uma máquina eleitoral para as próximas eleições. Por isso, e porque seu partido (PSDB), segundo o governador, é partido relativamente mais pobre, Serra não pareceu muito firmemente convencido de que chegará à presidência em outubro de 2010.
8. (C) Além de toda a política doméstica, Serra criticou a política externa do governo Lula e sugeriu que, se eleito, dará ao Brasil direção mais internacionalista. Serra citou Honduras como exemplo específico de fracasso do governo Lula, culpando o governo brasileiro e o presidente Zelaya por não deixarem que se construa solução viável. E falou muito positivamente de seu próprio engajamento, em questões de clima, com o estado da California, como exemplo de oportunidade para trabalho conjunto em questões complexas. Mas, reiterando a posição que tem assumido publicamente, Serra criticou a tarifa que os EUA impuseram ao etanol importado do Brasil, a qual, para ele, seria economicamente ilógica.
9. (C) Sobre o crescente populismo na região, Serra disse que a presidente da Argentina Cristina Kirchner pareceu-lhe “cordial e esperta” e sugeriu que, se o governo dos EUA está preocupado com as políticas populistas de Kirchner, muito mais preocupado ficará com a candidata Dilma Rousseff do PT. Alertou também que as referências que o governo dos EUA tem feito sobre uma “relação especial” com o presidente Lula não soa bem em todos os segmentos no Brasil e pode ser manipulada pelo PT. [COMENTÁRIO: À parte a Argentina, Serra pareceu em geral mal informado ou desinformado sobre recentes desdobramentos no cone sul, inclusive sobre a situação política do presidente Lugo do Paraguai, parecendo imerso, principalmente na política brasileira provinciana. FIM DO COMENTÁRIO.]
No final, Serra disse que está trabalhando em vários artigos para jornal, nos quais articulará suas críticas à política externa do governo Lula, a serem publicados nos próximos meses.
241953 12/29/2009 16:53 09SAOPAULO667 Consulate Sao Paulo CONFIDENTIAL
o de baixo é bom!
C O N F I D E N T I A L SAO PAULO 000667 SIPDIS AMEMBASSY BRASILIA PASS TO AMCONSUL RECIFE E.O. 12958: DECL: 2019/12/29 TAGS: PGOV, PREL, ECON, EFIN, BR SUBJECT: SAO PAULO LEADERS OUTLINE CONCERNS WITH GOB TO WHA A/S VALENZUELA CLASSIFIED BY: Thomas J. White, Consul General; REASON: 1.4(B), (D) 1. (C) SUMMARY: On the final leg of his week-long visit to the Southern Cone, Western Hemisphere Affairs Assistant Secretary Arturo Valenzuela met with leading political and economic observers in Sao Paulo, who expressed concern with Brazil's foreign policy, public spending, and political maneuvering in the run-up to the October 2010 elections. In a subsequent private meeting with A/S Valenzuela, Sao Paulo Governor and presidential front-runner Jose Serra warned that corruption and radicalization was growing in the ruling Worker's Party (PT) and suggested that as president he would push for a foreign policy more in tune with the United States. END SUMMARY. Sao Paulo Political and Economic Observers --------------------------------------------- -------- 2. (C) Concluding his visit to the region with a stop-over in Sao Paulo on Saturday, December 18, A/S Valenzuela attended a lunch hosted by the Consul General with the ChargC) and nine leading political and economic experts including former Foreign Minister Celso Lafer, former Brazilian Ambassador to the United States Rubens Barbosa, and former Science and Technology Minister Jose Goldemberg. A/S Valenzuela provided an overview of his trip and emphasized the high USG priority placed on the bilateral relationship. He identified cooperation with Brazil on regional issues, including Honduras, as being of critical importance. 3. (C) All of the Brazilian invitees criticized the Lula Administration's foreign policy, voiced concern over the increasing radicalization of the governing Worker's Party (PT), and stressed the deterioration of public accounts. Former FM Lafer described Brazil's stance toward Iran as the "worst mistake" of Lula's foreign policy, while Ambassador Barbosa cited Brazil's role in Honduras as a prominent failure. All agreed that the GOB is focusing on international issues (Iran, the Israeli-Palestinian conflict, Honduras, etc.) in which Brazil has few national interests and little influence, at the expense of ignoring issues closer to home, including relations with Mercosur. 4. (C) Vice Chairman of the Brazilian Center for International Relations (CEBRI) Roberto Teixeira da Costa and Professor Goldemberg particularly questioned the GOB's interest in Iran, given a paucity of commercial prospects and unlikelihood of civil nuclear cooperation. [NOTE: In an aside with ChargC), Goldemberg, who is also a renowned nuclear physicist, said Brazil has nothing to offer Iran on nuclear fuel issues as Iran is already well ahead of Brazil in centrifuge capacity. Moreover, he said he fully appreciated Secretary Clinton's recent statement about countries working closely with Iran and that the GOB should take it seriously. END NOTE.] A/S Valenzuela emphasized that an increasingly isolated Iran is looking for any opportunities like the one offered by the Lula Administration to try to cover up its lack of cooperation and unpopularity with the international community. 5. (C) Domestically, the Brazilian participants described the PT's strategy to make the upcoming national elections a referendum on the Lula administration as an improvement over the Cardoso administration and emphasized the party's intention to run an aggressive campaign. Taking this tack, they argued, could portray Jose Serra as Cardoso's candidate and help transfer some of Lula's popularity to Dilma Rousseff, who has never run for public office before and has demonstrated little charisma as a candidate so far. Folha de Sao Paulo Ombudsman Carlos Eduardo Lins da Silva highlighted the PT's unprecedented financial strength to run a campaign after eight years in government, while political scientist Bolivar Lamounier said an increasingly radicalized PT would likely run a very negative campaign against the opposition. Lins da Silva added that, in the event the PT loses the 2010 presidential election, it could use its new wealth to serve as a very troublesome opposition. 6. (C) Economically, Teixeira da Costa said that public perceptions about Brazil were overly optimistic and that markets could shift downward quickly if the international situation deteriorates further. Ricardo Sennes, Director of international affairs' consulting firm Prospectiva, echoed the assessment, saying that GOB public accounts were under increasing strain and the Brazilian economy remained uncompetitive over the long-term due to weak infrastructure, high tax burdens, and rigid labor policies. All agreed, however, that Brazil's strong economic performance over the last eight years and current recovery from the global crisis would help Dilma Rousseff's campaign. Regarding Brazil's recent high-profile involvement in the Copenhagen Climate Conference (COP-15), Professor Goldemberg said President Lula's performance was mediocre, and jockeying by the GOB left the perception that Brazil developed its position in the last two weeks. Conversely, he praised Secretary Clinton's presentation and said that major country players should meet in small groups (vice the G-77) to foster progress on issues such funding and verification. SP Governor and Presidential Front-runner Jose Serra --------------------------------------------- ---------------------- - 7. (C) In a 90-minute one-on-one meeting at the Governor's Palace, Jose Serra expressed a number of the same concerns in regards to Brazil's national political currents, rising corruption, public spending and foreign policy. Serra told A/S Valenzuela that the ruling Workers Party (PT) is making every effort to build a long-term power base while in government. Serra claimed Brazil is reaching previously unseen levels of corruption as the PT and its coalition allies use rising public expenditures to construct a political machine for the 2010 elections. In the face of such efforts, and what he described as the comparatively weak apparatus of his own PSDB party, Serra was not firmly confident he could win the presidency in October 2010. 8. (C) Beyond domestic politics, Serra criticized the Lula Administration's foreign policy and indicated that he would take Brazil in a more internationalist direction if elected president. Serra cited Honduras specifically as a Lula Administration failure, blaming the GOB stand and Honduran President Zelaya for impeding a resolution. Conversely, he highlighted his engagement with the State of California on climate issues as an example of opportunities to work together on difficult issues. However, reiterating his public position on biofuels, Serra criticized the U.S. tariff on imported Brazilian ethanol as economically illogical. 9. (C) Referring to rising populism in the region, Serra said he found Argentine President Cristina Kirchner "cordial and smart" and suggested that if the USG has concerns about Kirchner's populist politics, that PT presidential candidate Dilma Rousseff should cause greater concern. He also warned that USG references to a "special relationship" with President Lula do not resonate well with all segments of Brazil and could be manipulated by the PT. [COMMENT: Beyond Argentina, Serra appeared generally uninformed of recent developments in the Southern Cone, including Paraguayan President Lugo's political situation, and seemed primarily immersed in Brazilian domestic politics. END COMMENT.] Finally, Serra said he was working on several articles and op-eds that would publicly articulate his criticism of the Lula Administration's foreign policy in the coming months. 10. (U) WHA A/S Valenzuela has cleared this cable. White
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quarta-feira, 9 de março de 2011
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