E, na visão de dirigentes do PSDB e também do DEM, fortalece Aécio
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. A saída do prefeito Gilberto Kassab do DEM para fundar um novo partido e aderir ao governo Dilma Rousseff atingiu principalmente o ex-governador tucano José Serra. O maior efeito colateral da movimentação de Kassab, na oposição, foi o engessamento dos planos de Serra de tentar disputar mais uma vez a sucessão presidencial em 2014, na avaliação de integrantes das cúpulas do DEM e do PSDB.
Com a jogada antecipada do prefeito de São Paulo por um projeto pessoal, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) consolidou precocemente seu caminho para ser o candidato das oposições na próxima disputa pelo Planalto. Pelo menos no cenário atual, segundo líderes do DEM e do PSDB.
Aliados de Serra avaliam que o quadro político atual pressiona o ex-governador a fazer o que não deseja: disputar a prefeitura de São Paulo em 2012, como única forma de reaglutinar seu grupo político e recuperar força. Caso Serra decida por ficar afastado da disputa municipal do próximo ano, terá pouca estrutura política para tentar ser o candidato presidencial no futuro. Se aceitar a disputa e ganhar, sabe que não poderá mais uma vez largar o mandato no meio para concorrer a outro cargo.
Ao mesmo tempo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) também ficou engessado no cargo, já que o seu vice, Afif Domingos, acompanha Kassab para fundar o PSD. Com isso, Alckmin fica impedido de tentar outros postos em 2014, para não entregar o Palácio dos Bandeirantes a adversários.
- A saída de Kassab do DEM imobiliza Alckmin no governo por causa do Afif. O fortalecimento de Aécio fica evidente, porque ele tem um mandato de senador, enquanto Serra está sem mandato - analisa o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN).
Serra ainda trabalha nos bastidores para ocupar o comando do PSDB em maio. O seu objetivo é ter um palanque para conseguir visibilidade política nos próximos anos. A iniciativa de Serra já tinha sido barrada por uma ação nos bastidores de Aécio e Alckmin, que deram sinal verde para a bancada da Câmara fazer uma moção de apoio à recondução do deputado Sérgio Guerra (PE) à presidência do PSDB.
Segundo interlocutores, Serra ficou abatido com a decisão de Kassab de deixar o DEM.
- Serra foi traído. Ele não colaborou com esse episódio da saída de Kassab. Ele fez tudo para Kassab ficar no DEM. Até porque o Kassab era o maior aliado de Serra dentro do DEM - ressaltou Sérgio Guerra.
De forma reservada, os tucanos reconhecem que o movimento precoce de Kassab jogou o governador Alckmin no colo de Aécio Neves. Internamente, Alckmin não escondia o ressentimento pelo apoio nos bastidores de Serra para Kassab, na eleição municipal de 2008. Nessa disputa, Alckmin amargou um desconfortável terceiro lugar. Até o momento, Serra jogava com várias alternativas contra Aécio, até mesmo uma inversão: lançar Alckmin para o Planalto, e voltar para o Bandeirantes. Agora, essa alternativa não é mais possível, o que facilita ainda mais um entendimento de Alckmin com Aécio.
Esse é um blog de Clipping de Miguel do Rosário, cujo blog oficial é o Óleo do Diabo.
domingo, 27 de março de 2011
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