Esse é um blog de Clipping de Miguel do Rosário, cujo blog oficial é o Óleo do Diabo.

domingo, 27 de março de 2011

Globo 27/03 - - Caetano Veloso - Bethânia

Não concebo por que o cara que aparece no YouTube ameaçando explodir o Ministério da Cultura com dinamite não é punido. O que há afinal? Será que consideram a corja que se “expressa” na internet uma tribo indígena? Inimputável? E cadê a Abin, a PF, o MP? O MinC não é protegido contra ameaças? Podem dizer que espero punição porque o idiota xinga minha irmã. Pode ser. Mas o que me move é da natureza do que me fez reagir à ridícula campanha contra Chico ter ganho o prêmio de Livro do Ano. Aliás, a “Veja” (não, Reinaldo, não danço com você nem morta!) aderiu ao linchamento de Bethânia com a mesma gana. E olha que o André Petry, quando tentou me convencer a dar uma entrevista às páginas amarelas da revista marrom, me assegurou que os então novos diretores da publicação tinham decidido que esta não faria mais “jornalismo com o fígado” (era essa a autoimagem de seus colegas lá dentro). Exigi responder por escrito e com direito a rever o texto final. Petry aceitou (e me disse que seus novos chefes tinham aceito). Terminei não dando entrevista nenhuma, pois a revista (achando um modo de me dizer um “não” que Petry não me dissera — e mostrando que queria continuar a “fazer jornalismo com o fígado”) logo publicou ofensa contra Zé Miguel, usando palavras minhas.

A histeria contra Chico me levou a ler o romance de Edney Silvestre (que teria sido injustiçado pela premiação de “Leite derramado”). Silvestre é simpático, mas, sinceramente, o livro não tem condições sequer de se comparar a qualquer dos romances de Chico: vi o quão suspeita era a gritaria, até nesse pormenor. Igualmente suspeito é o modo como “Folha”, “Veja” e uma horda de internautas fingem ver o caso do blog de Bethânia. O que me vem à mente, em ambas as situações, é a desaforada frase obra-prima de Nietzsche: “É preciso defender os fortes contra os fracos.” Bethânia e Chico não foram alvejados por sua inépcia, mas por sua capacidade criativa.

A “Folha” disparou, maliciosamente, o caso. E o tratou com mais malícia do que se esperaria de um jornal que — embora seu dono e editor tenha dito à revista “Imprensa”, faz décadas, que seu modelo era a “Veja” — se vende como isento e aberto ao debate em nome do esclarecimento geral. A “Veja” logo pôs que Bethânia tinha ganho R$ 1,3 milhão quando sabe-se que a equipe que a aconselhou a estender à internet o trabalho que vem fazendo apenas conseguiu aprovação do MinC para tentar captar, tendo esse valor como teto. Os editores da revista e do jornal sabem que estão enganando os leitores. E estimulando os internautas a darem vazão à mescla de rancor, ignorância e vontade de aparecer que domina grande parte dos que vivem grudados à rede. Rede, aliás, que Bethânia mal conhece, não tendo o hábito de navegar na web, nem sequer sentindo-se atraída por ela.

Os planos de Bethânia incluíam chegar a escolas públicas e dizer poemas em favelas e periferias das cidades brasileiras. Aceitou o convite feito por Hermano como uma ampliação desse trabalho. De repente vemos o Ricardo Noblat correr em auxílio de Mônica Bergamo, sua íntima parceira extracurricular de longa data. Também tenho fígado. Certos jornalistas precisam sentir na pele os danos que causam com suas leviandades. Toda a grita veio com o corinho que repete o epíteto “máfia do dendê”, expressão cunhada por um tal Tognolli, que escreveu o livro de Lobão, pois este é incapaz de redigir (não é todo cantor de rádio que escreve um “Verdade tropical”). Pensam o quê? Que eu vou ser discreto e sóbrio? Não. Comigo não, violão.

O projeto que envolve o nome de Bethânia (que consistiria numa série de 365 filmes curtos com ela declamando muito do que há de bom na poesia de língua portuguesa, dirigidos por Andrucha Waddington), recebeu permissão para captar menos do que os futuros projetos de Marisa Monte, Zizi Possi, Erasmo Carlos ou Maria Rita. Isso para só falar de nomes conhecidos. Há muitos que desconheço e que podem captar altíssimo. O filho do Noblat, da banda Trampa, conseguiu R$ 954 mil. No audiovisual há muitos outros que foram liberados para captar mais. Aqui o link:
http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2011/02/Resultado-CNIC-184%C2%AA.pdf
Por que escolher Bethânia para bode expiatório? Por que, dentre todos os nossos colegas (autorizados ou não a captar o que quer que seja), ninguém levanta a voz para defendê-la veementemente? Não há coragem? Não há capacidade de indignação? Será que no Brasil só há arremedo de indignação udenista? Maria Bethânia tem sido honrada em sua vida pública. Não há nada que justifique a apressada acusação de interesses escusos lançada contra ela. Só o misto de ressentimento, demagogia e racismo contra baianos (medo da Bahia?) explica a afoiteza. Houve o artigo claro de Herman Vianna aqui neste espaço. Houve a reportagem equilibrada de Mauro Ventura. Todos sabem que Bethânia não levou R$ 1,3 milhão. Todos sabem que ela tampouco tem a função de propor reformas à Lei Rouanet. A discussão necessária sobre esse assunto deve seguir. Para isso, é preciso começar por não querer destruir, como o Brasil ainda está viciado em fazer, os criadores que mais contribuem para o seu crescimento. Se pensavam que eu ia calar sobre isso, se enganaram redondamente. Nunca pedi nada a ninguém. Como disse Dona Ivone Lara (em canção feita para Bethânia e seus irmãos baianos): “Foram me chamar, eu estou aqui, o que é que há?”

Globo 27/03 - - Kassab atrapalha planos de Serra

E, na visão de dirigentes do PSDB e também do DEM, fortalece Aécio


Gerson Camarotti

BRASÍLIA. A saída do prefeito Gilberto Kassab do DEM para fundar um novo partido e aderir ao governo Dilma Rousseff atingiu principalmente o ex-governador tucano José Serra. O maior efeito colateral da movimentação de Kassab, na oposição, foi o engessamento dos planos de Serra de tentar disputar mais uma vez a sucessão presidencial em 2014, na avaliação de integrantes das cúpulas do DEM e do PSDB.

Com a jogada antecipada do prefeito de São Paulo por um projeto pessoal, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) consolidou precocemente seu caminho para ser o candidato das oposições na próxima disputa pelo Planalto. Pelo menos no cenário atual, segundo líderes do DEM e do PSDB.

Aliados de Serra avaliam que o quadro político atual pressiona o ex-governador a fazer o que não deseja: disputar a prefeitura de São Paulo em 2012, como única forma de reaglutinar seu grupo político e recuperar força. Caso Serra decida por ficar afastado da disputa municipal do próximo ano, terá pouca estrutura política para tentar ser o candidato presidencial no futuro. Se aceitar a disputa e ganhar, sabe que não poderá mais uma vez largar o mandato no meio para concorrer a outro cargo.

Ao mesmo tempo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) também ficou engessado no cargo, já que o seu vice, Afif Domingos, acompanha Kassab para fundar o PSD. Com isso, Alckmin fica impedido de tentar outros postos em 2014, para não entregar o Palácio dos Bandeirantes a adversários.

- A saída de Kassab do DEM imobiliza Alckmin no governo por causa do Afif. O fortalecimento de Aécio fica evidente, porque ele tem um mandato de senador, enquanto Serra está sem mandato - analisa o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN).

Serra ainda trabalha nos bastidores para ocupar o comando do PSDB em maio. O seu objetivo é ter um palanque para conseguir visibilidade política nos próximos anos. A iniciativa de Serra já tinha sido barrada por uma ação nos bastidores de Aécio e Alckmin, que deram sinal verde para a bancada da Câmara fazer uma moção de apoio à recondução do deputado Sérgio Guerra (PE) à presidência do PSDB.

Segundo interlocutores, Serra ficou abatido com a decisão de Kassab de deixar o DEM.

- Serra foi traído. Ele não colaborou com esse episódio da saída de Kassab. Ele fez tudo para Kassab ficar no DEM. Até porque o Kassab era o maior aliado de Serra dentro do DEM - ressaltou Sérgio Guerra.

De forma reservada, os tucanos reconhecem que o movimento precoce de Kassab jogou o governador Alckmin no colo de Aécio Neves. Internamente, Alckmin não escondia o ressentimento pelo apoio nos bastidores de Serra para Kassab, na eleição municipal de 2008. Nessa disputa, Alckmin amargou um desconfortável terceiro lugar. Até o momento, Serra jogava com várias alternativas contra Aécio, até mesmo uma inversão: lançar Alckmin para o Planalto, e voltar para o Bandeirantes. Agora, essa alternativa não é mais possível, o que facilita ainda mais um entendimento de Alckmin com Aécio.

sábado, 26 de março de 2011

Lula defende decisão do Brasil no Conselho da ONU


Repare que, mesmo após Lula avalizar a decisão do governo brasileiro de apoiar o envio de um representante da Comissão de Direitos da ONU ao Irã, a Folha continua maldando. Na véspera, Amorim dera entrevista afirmando que "provavelmente" não apoiaria, mas agora a Folha diz que ele "não apoiaria", retirando o "provavelmente". E distorce a diplomacia de Lula, porque não explica as diferenças entre as votações no Conselho de Segurança, na Assembléia-Geral e na Comissão de Direitos Humanos. Sequer informa que esta última foi criada em 2006, justamente para que questões como essa do Irã pudessem ser votadas sem politicagem de guerra.

Cientista político afirma que Lula selou fim da Era Vargas

Para Wanderley dos Santos, não há mais “cidadania regulada”

DO RIO

Recém-indicado para a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos lançou uma “nova hipótese” para a interpretação do governo Lula.
Longe de retomar a Era Vargas, Lula selou seu fim, com políticas sociais que não vinculam a cidadania à posição no mercado de trabalho.
“Quando surgem políticas universalistas, reguladas apenas pela renda, os direitos pertencem ao indivíduo, e não ao profissional”, disse Santos, 75, em aula magna no Iesp (Instituto de Estudos Sociais e Políticos) da Uerj.
Seria o encerramento do ciclo do que ele conceituou como “cidadania regulada”.
A hipótese de Santos está ligada à contestação do que considera uma interpretação liberal e paulista da Era Vargas, que vê como “malignas” a criação dos sindicatos únicos por categoria e a instituição do imposto sindical.
Para ele, Vargas resolveu um “problema de ação coletiva” evidenciado nas derrotas de forças de esquerda que tentaram organizar os trabalhadores antes de 1930.
Ele visava ter “um ator associado, de maneira subordinada, na coalizão contra o setor derrotado da oligarquia”. Mas o sindicalismo ganhou dinâmica própria e nos anos 60 já não era só correia de transmissão governista.
Santos contesta a tese de que Lula teria agido contra a “modernização democrática” ao “cooptar” sindicatos e movimentos sociais.
Para ele, o Brasil caminha para modelo próximo ao da social-democracia, em que o trabalho e o capital são ouvidos na gestão do Estado. “Qualquer futuro governo não fará política sem isso.”
(CLAUDIA ANTUNES)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Voto do Brasil no CDH da ONU, em 24/03/2011

Sr. Presidente,

- O Brasil acredita que todos os países, sem exceção, têm desafios a superar na área de direitos humanos.
- A Presidenta Dilma Rousseff deixou claro, em seu discurso de posse, que acompanhará com atenção os avanços na situação de direitos humanos em todos os lugares, a começar pelo Brasil.
- Consideramos que o sistema das Nações Unidas de direitos humanos, a despeito de suas imperfeições, oferece oportunidades para a promoção de melhorias nos Estados Membros das Nações Unidas.
- O Brasil formulou convite permanente para todos os mecanismos de direitos humanos. Hoje, não há visitas pendentes de Relatores Especiais ao meu país.

IRÃ NO SISTEMA DE DIREITOS HUMANOS

Sr. Presidente,

- Na extinta Comissão, em mais de uma oportunidade o Brasil votou a favor do mandato sobre a situação dos direitos humanos no Irã.
- Em 2001, entretanto, o Brasil se absteve diante de resolução cujo objetivo era renovar o mandato sobre o Irã, em função do compromisso assumido na época pelo governo iraniano de aumentar sua cooperação com o sistema.
- Após emitir convite permanente para visitas de Relatores Especiais temáticos, o Irã recebeu seis desses Relatores.

DESDOBRAMENTOS RECENTES

- Desde o final de 2005, entretanto, e a despeito solicitações dos Relatores Especiais temáticos, nenhuma visita foi realizada ao país.

MOTIVAÇÃO PARA A RESOLUÇÃO

- Ainda que o Brasil reconheça a prontidão das autoridades iranianas em receber visita da Alta Comissária, consideramos que a presente resolução é reflexo de uma avaliação compartilhada de que a situação dos direitos humanos no Irã merece a atenção do Conselho. Essa resolução também deve ser vista como a expressão de um entendimento comum de que é importante, necessário e imperativo que todos os Estados Membros das Nações Unidas colaborem com os Relatores Especiais e com outros mecanismos do Conselho de Direitos Humanos.
- O Brasil estimula o Irã a demonstrar seu compromisso e renovar sua cooperação com o Conselho de Direitos Humanos, inclusive com o novo mandato para relator especial que acaba de ser estabelecido. É motivo de especial preocupação para nós a não-observância de moratória sobre a pena de morte, não apenas no Irã, mas em todos os países que ainda praticam a execução de pessoas como forma de punição.

COERÊNCIA NO SISTEMA DE DIREITOS HUMANOS

Sr. Presidente,

- O Brasil estimula outros países a cooperarem com todos os mecanismos decorrentes de resoluções e decisões adotadas pelo Conselho.
- O Brasil espera que os principais patrocinadores desta iniciativa apliquem os mesmos padrões a outros casos de não-cooperação com o Sistema de Direitos Humanos das Nações Unidas.
- O Brasil também espera que o presente mandato possa contribuir para o avanço da situação de direitos humanos no Irã e que, ao mesmo tempo, abra caminho para ações coerentes e consistentes quando nos encontrarmos frente a outras situações.

O VOTO BRASILEIRO

- Por todas as razões acima expostas, o Brasil vota a favor do projeto de resolução L.25.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Entrevista de Dilma ao Valor, 17/03/2011

Dilma garante guerra à inflação

Texto na capa do valor:

A presidente da Republica, Dilma Rousseff, foi afirmativa: "Não vou permitir que a inflação volte no Brasil. Não permitirei que a infla,ao, sob qualquer circunstância, volte". A declaração foi dada durante entrevista ao Valor, a primeira exclusiva a um jornal brasileiro, num momento em que as expectativas de inflação pioram e os mercados insinuam que o Banco Central não tem autonomia para agir. "Eu acredito num Banco Central extremamente profissional e autônomo. E este Banco Central será profissional e autônomo", garantiu a presidente.

Em conversa de cerca de duas horas, Dilma não poupou ênfase a guerra antiinflacionária: "Não negocio com a inflação. Em nenhum momento eu tergiverso com inflação. E não acredito que o Banco Central o faça", reiterou, com a ressalva de que o combate não será feito com o sacrifício do crescimento. “Tenho certeza que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% este ano", afirmou.

A presidente não concorda com a avaliação de que há excesso de demanda e de que o país cresce acima de seu potencial. "Pode ser que essa seja a divergência que nós temos com alguns segmentos". Ela não nega que haja desequilíbrios entre oferta e demanda em alguns setores, mas argumenta: "É inequívoco que houve nos últimos tempos um crescimento dos preços dos alimentos, que já se reduziu, além dos reajustes sazonais do início do ano. E há a pressão ligada aos preços das commodities".

Para a presidente, ver incompatibilidade em segurar a inflação e ter uma taxa de crescimento sustentável representa o retorno da velha tese "de que é preciso derrubar a economia brasileira". A esse respeito, ela é incisiva: "Nós não vamos fazer isso". E salienta que seu governo está adotando "medidas sérias e sóbrias". Está controlando o gasto público e esfriando ao máximo a expansão do custeio. "Conter o gasto de custeio é como cortar as unhas", compara. "O governo sempre terá que controlar, caso contrário ele cresce".

Sobre as desconfianças do mercado em relação à dosagem da política monetária para controlar a inflação e as críticas sobre o uso de medidas prudenciais associadas à elevação da taxa de juros, a presidente comenta: "Não sei se não estão tentando diminuir a importância deste Banco Central porque não há gente do mercado em sua diretoria".

Se o mercado, com suas boas ou más intenções, considera a gestão de Alexandre Tombini no Banco Central "dovish" - frouxa como um pombo, em contraposição a "hawkish", duro como um falcão - ela ri e prontamente responde: "Eu sou uma arara".

Texto na parte interna:

Dilma vai adotar regime de concessão para aeroportos

Claudia Safatle | De Brasília

A presidente Dilma Rousseff anunciou que vai abrir os aeroportos do país ao regime de concessões para exploração do setor privado. Disse, também, que é preciso acabar com o incentivo fiscal dado por vários Estados que reduziram para apenas 3% a alíquota do ICMS para bens importados que chegam ao país por seus portos. "Estão entrando no Brasil produtos importados com o ICMS lá embaixo. É uma guerra fiscal que detona toda a cadeia produtiva daquele setor", comentou a presidente, citando proposta de projeto de lei que já se encontra no Senado para acabar com essa distorção.
Dilma já definiu as propostas que enviará ao Congresso ainda neste semestre: a criação do Programa Nacional de Ensino Técnico (Pronatec) e do Programa de Erradicação da Pobreza, além de medidas específicas que alteram alguns tributos (e não uma proposta de reforma tributária). Ela admitiu, também, concluir a regulamentação da reforma da previdência do servidor público, com a aprovação da proposta que institui os fundos de pensão complementar. "Mas não vamos tirar direitos do trabalhador, não", assegurou.

Em entrevista ao Valor, a primeira concedida a um jornal brasileiro, a presidente adiantou: "Agora nós estamos nos preparando para fazer uma forte intervenção nos aeroportos. Vamos fazer concessões, aceitar investimentos da iniciativa privada que sejam adequados aos planos de expansão necessários. Não temos preconceito contra nenhuma forma de expansão do investimento nessa área, como não tivemos nas rodovias." Até o fim do mês ela deve enviar ao Congresso a medida provisória que cria a Secretaria de Aviação Civil com status de ministério, que agregará a Anac, a Infraero e toda a estrutura para fazer a política de aviação.

Diante da falta de mão de obra tecnicamente qualificada para atender à demanda de uma economia que cresce, o governo está concluindo o desenho do Pronatec, programa de pretende garantir que o ensino médio tenha um componente complementar profissionalizante. Promessa de campanha, o projeto de erradicação da pobreza terá como meta retirar o máximo possível dos 19 milhões de brasileiros da situação de miséria que ainda se encontram.

Desta vez, porém, o programa virá acompanhado de portas de saída, disse. A erradicação da pobreza usará o instrumental reformulado do Bolsa Família e terá tanto no Pronatec, quanto nos mecanismos do microcrédito e de novos incentivo à agricultura familiar, as portas de saída da mera assistência social. "Estamos passando as tropas em revista e mudando muita coisa", comentou a presidente. Nada disso, porém, prescinde do crescimento da economia. A seguir, a entrevista:

Valor: Qual o impacto do desastre no Japão sobre a economia mundial e sobre o Brasil?

Dilma Rousseff: Primeiro, acho que ficamos todos muito impactados. A comunicação global em tempo real cria em nós uma sensação como se o terremoto seguido do tsunami estivessem na porta de nossas casas. Nunca vi ondas daquele tamanho, aquele barco girando no redemoinho, a quantidade de carros que pareciam de brinquedo! Inexoravelmente, a comunicação faz com que você se coloque no lugar das pessoas! Essa é a primeira reação humana. Acredito, numa reflexão mais fria depois do evento, se é que podemos chamar alguma coisa de fria no Japão, acho que um dos efeitos será sobre o petróleo.

Valor: Aumento de preço?

Dilma: Vai ampliar muito a demanda de petróleo ou de gás para substituir a energia nuclear. Pelo que li, 40% da energia de base do Japão é nuclear. Os substitutos mais rápidos e efetivos são o gás natural ou petróleo. Acredito que esse será um impacto imediato. Nós sempre esquecemos da diferença substantiva entre nós e os outros países.

Valor: Qual?

Dilma: Água. Nesse aspecto somos um país abençoado. Não tenho ideia de qual vai ser a política de substituição de energia. Não sei como a Alemanha, por exemplo, vai fazer. Os Estados Unidos já declararam que não vão interromper o programa nuclear. Nós não temos a mesma dependência. Temos um elenco de alternativas que os outros países não têm. A Europa já usou todo o seu potencial hídrico. Energia é algo que define o ritmo de crescimento dos países e o Brasil tem na energia uma diferença estratégica e competitiva.

Valor: E tem o pré-sal. O governo poderia acelerar o programa de exploração?

Dilma: Não. Vamos seguir num ritmo que não transforma o petróleo em uma maldição. Queremos ter uma indústria de petróleo, desenvolver pesquisas, produzir bens e serviços e exportar para o mundo. Não podemos apostar em ganhos fáceis. Temos que apostar que o pré-sal é um passaporte para o futuro. Não vamos explorar para usar, mas para exportar. Queremos nossa matriz energética limpa e queremos, também, ter ganhos na cadeia industrial do petróleo. Esse é um país continental com uma indústria sofisticada e uma das maiores democracias do mundo. Não somos um paisinho.

Valor: A sra. acha que a tragédia no Japão vai atrasar a recuperação da economia mundial?

Dilma: Acredito que atrasa um pouco, mas também tem um efeito recuperador, de reconstrução. O Japão vai ter que ser reconstruído. É impressionante o que é natureza. Nem nos piores pesadelos conseguimos saber o que é uma onda de dez metros.

Valor: O esforço de reconstrução de uma parte do Japão deve demandar grandes somas de recursos. Isso pode reduzir o fluxo de capitais para o Brasil?

Dilma: Pode ter um efeito desses. Acho que vai haver um maior fluxo de dinheiro para lá e isso não é maléfico. Tem dinheiro sobrando para tudo no mundo. Para a reconstrução do Japão, para investir aqui e para especular.

Valor: O governo, preocupado com a taxa de câmbio, tem mencionado a necessidade de novas medidas. Uma delas seria encarecer os empréstimos externos para frear o processo de endividamento de bancos e empresas? A sra. já aprovou essas medidas?

Dilma: Primeiro, é preciso distinguir o que é dívida para investimentos do que é dívida de curto prazo. Imagino que quem está se endividando esteja fazendo "hedge". Todo mundo aí é adulto.

Valor: Mas o governo prepara um pacote de medidas cambiais?

Dilma: Tem uma coisa que acho fantástica. Às vezes abro o jornal e leio que a presidenta disse isso, pensa aquilo, e eu nunca abri minha santa boca para dizer nada daquilo. Tem avaliações de que um ministro subiu, outro desceu, que são absurdas. Absurdas! Falam que tais ministros estão desvalorizadíssimos na bolsa de apostas. Acho que o governo não pode se pautar por esse tipo de avaliação. Nenhum presidente avalia seus ministros dessa forma. E nenhum presidente pode fazer pacotes de acordo com o flutuar das coisas. Toma-se medidas que tem a ver com o que se está fazendo. Mas posso lhe adiantar algumas coisas.

Valor: Quais?

Dilma: Eu não vou permitir que a inflação volte no Brasil. Não permitirei que a inflação, sob qualquer circunstância, volte. Também não acredito nas regras que falam, em março, que o Brasil não crescerá este ano. Tenho certeza que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% este ano. Não tem nenhuma inconsistência em cortar R$ 50 bilhões no Orçamento e repassar R$ 55 bilhões para o BNDES garantir os financiamentos do programa de sustentação do investimento. Não tem nenhuma inconsistência com o fato de que o país pode aumentar a sua oferta de bens e serviços aumentando seus investimentos. E ao fazê-lo vai contribuir para diminuir qualquer pressão de demanda. Hoje, eu acho que aquela velha discussão sobre qual é o potencial de crescimento do país tem que ser revista.

Valor: Revista como?

Dilma: Você se lembra que diziam que o PIB potencial era de 3,5%? Depois aumentou, e baixou novamente durante a crise global, pela queda dos investimentos, não? E aumentou em 2010, com crescimento de 7,5% puxado pelo aumento de bens de capital. Então, isso não é consistente.

Valor: A sra. comunga ou não da ideia de que é possível ter um pouquinho mais de inflação para obter um pouco mais de crescimento?

Dilma: Isso não funciona. É aquela velha imagem da pequena gravidez. Não tem uma pequena gravidez. Ou tem gravidez ou não tem. Agora, não farei qualquer negociação com a taxa de inflação. Não farei. E não acho que a inflação no Brasil seja de demanda.

Valor: Não?

Dilma: Pode ser que essa seja a divergência que nós temos com alguns segmentos. Nós não achamos que ela é de demanda. Achamos que há alguns desequilíbrios em alguns setores, mas é inequívoco que houve nos últimos tempos um crescimento dos preços dos alimentos, que já reduziu. Teve aumento do preço do material escolar, dos transportes urbanos, que são sazonais.

Valor: E a inflação de serviços que já passa de 8%?

Dilma: Há crescimento da inflação de serviços e isso temos que acompanhar. Mas o que não é possível é falar que o Brasil está crescendo além da sua capacidade e que, portanto, tem um crescimento pressionando a inflação. O mundo inteiro, na área dos emergentes, está passando por isso. Houve um processo de pressão inflacionária que tem componente ligado às commodities e, no Brasil, tem o fator inercial. Mas é compatível segurar a inflação e ter uma taxa de crescimento sustentável para o país. Caso contrário, é aquela velha tese: tem que derrubar a economia brasileira.

Valor: Derrubar o crescimento?

Dilma: Nós não vamos fazer isso. Não vamos e não estamos fazendo. Estamos tomando as medidas sérias e sóbrias. Estamos contendo os gastos públicos. Tanto estamos que os resultados do superávit primário de janeiro e fevereiro vão fechar de forma significativa para o que queremos. Vamos conter o custeio do governo. Estamos esfriando ao máximo a expansão do custeio. Agora, não precisamos expandir o investimento para além do maior investimento que tivemos, que foi o do ano passado. Vamos mantê-lo alto. Olhe quanto investimos em janeiro: R$ 2,5 bilhões pagos. O pessoal fala dos restos a pagar. Ninguém faz plano de investimento de longo prazo no Brasil sem fazer restos a pagar.

Valor: São mais de R$ 120 bilhões. Não está muito alto?

Dilma: Por quê? Ou nosso investimento é baixo ou é alto. Eu levei dois anos - 2007 e 2008 - brigando para fazer a BR-163, entre o Paraná e o Mato Grosso. É todo o escoamento da nossa produção e agora ela decolou. Está em regime de cruzeiro. Estamos nos preparando para ter uma forte intervenção nos aeroportos.

Valor: Intervenção como?

Dilma: Vamos fazer concessões, aceitar investimentos da iniciativa privada que sejam adequados aos planos de expansão necessários. Vamos articular a expansão de aeroportos com recursos públicos e fazer concessões ao setor privado. Não temos preconceito contra nenhuma forma de expansão do investimento nessa área, como não tivemos nas rodovias. Porque não fizemos a BR-163 quando eu era chefe da Casa Civil?

Valor: Por quê?

Dilma: Quando cheguei na Casa Civil havia um projeto para privatizá-la completamente. Esse projeto virou projeto de concessão e eu o recebi assim. Fomos olhá-lo e sabe quanto era o cálculo da tarifa média? R$ 900. Isso mostra que essa rodovia não era compatível com concessão. Talvez no futuro, quando tivesse que duplicar, fosse por concessão porque ela já teria se desenvolvido e criado fontes geradoras para si mesma. A Regis Bittencourt dá para fazer concessão, pois ela se mantém. O que não é possível é usar o mesmo remédio para todos os problemas.

Valor: E como será para os aeroportos?

Dilma: Vamos fazer concessão do que existe - fazer um novo terminal, por exemplo. Posso fazer concessão administrativa com cláusula de expansão. Posso fazer concessão onde nada existe, como a construção de um aeroporto da mesma forma que se faz numa hidrelétrica. É possível que haja necessidade de investimentos públicos em alguns aeroportos. O Brasil terá que ter aeroportos regionais. Nós vamos criar a Secretaria de Aviação Civil com status de ministério, porque queremos uma verdadeira transformação nessa área. Para ela irá a Anac, a Infraero e toda a estrutura para fazer a política.

Valor: Quando a sra. vai mandar para o Congresso a medida provisória que cria a secretaria?

Dilma: Estou pensando em mandar até o fim deste mês.

Valor: Quem vai ocupar a pasta da Aviação?

Dilma: Ainda estamos discutindo em várias esferas um nome para a aviação civil.

Valor: O nome do Rossano Maranhão não está confirmado?

Dilma: Nós sempre pensamos no Rossano para várias coisas. Não só eu. O presidente Lula também. Nós o consideramos um excepcional executivo.

Valor: Eu gostaria de voltar à questão da inflação. A sra. disse que não vai derrubar a economia e vai derrubar a inflação. É isso?

Dilma: Não é só isso. Eu não negocio com inflação.

Valor: Há quem argumente, na ponta do lápis, que não é possível reduzir a inflação de 6% para 4,5% e crescer 4,5% a 5% ao ano.

Dilma: Você pode fazer várias contas. É só fazer um modelo matemático. Agora, se ela é real...

Valor: Mesmo com o corte de R$ 50 bilhões nos gastos públicos, a política fiscal do governo não é contracionista de demanda. Ela é menos expansionista do que foi no ano passado.

Dilma: Ela é uma política de consolidação fiscal.

Valor: O que significa isso?

Dilma: É porque achamos que o que estamos fazendo não é... É como cortar as unhas. Vamos ter que fazer sempre a consolidação fiscal. Na verdade, temos que fazer isso todos os anos, pois se você não olhar alguns gastos, eles explodem. Se libera os gastos de custeio, um dia você acorda e ele está imenso. Então, você tem que cortar as unhas, sempre. Nós estamos cortando as unhas do custeio, vamos cortar mais e vamos fazer uma política de gerenciar esse governo. Estamos passando em revista tudo o que pode ser cortado e isso tem que ser feito todos os anos.

Valor: O que significa não negociar com a inflação do ponto de vista de cumprimento da meta?

Dilma: Significa que a meta é de 4,5% e nós vamos perseguir 4,5%. Tem banda para cima, banda para baixo (margem de tolerância de 2 pontos percentuais), mas nós sempre tentamos, apesar da banda, forçar a inflação para a meta até tê-la no centro.

Valor: Os mercados não estão acreditando nisso. Acham que o Banco Central foi frouxo no aumento dos juros, até porque o Palácio do Planalto teria autorizado um aumento de 0,75 ponto percentual e o presidente do BC (Alexandre Tombini) não usou essa autorização...

Dilma: Eu não vejo o Tombini há um mês, não vejo e não falo. Aproximadamente... eu lembro uma vez que ele viajou e a última vez que falei com ele foi antes dessa viagem.

Valor: O Tombini é "dovish" [neologismo inglês derivado de "dove", pombo, que indica um defensor de juros mais baixas e com postura mais tolerante com a inflação]?

Dilma: E eu sou arara (risos).

Valor: Preocupa a descrença dos mercados na política antiinflacionária?

Dilma: O mercado todo apostou que esse país ia para o beleléu em 2009. E no fim de 2009 a economia já tinha começado a se recuperar. O mercado apostou numa taxa de juro elevadíssima quando o mundo já estava em recessão. Então eu acho que o mercado acerta, erra, acerta, erra, acerta. Não acho que temos que desconsiderar o mercado, não. A gente tem que sempre estar atento à opinião dele, que integra um dos elementos importantes da realidade. Um dos principais, mas não o único. Eu vou considerar essa história de "dovish" e "hawkish" (pombo ou falcão) uma brincadeira, um anglicismo.

Valor: Mas o BC, no seu governo, tem autonomia?

Dilma: O Banco Central tem autonomia para fazer a política dele e está fazendo. Tenho tranquilidade de dizer que em nenhum momento eu tergiverso com inflação. E não acredito que o Banco Central o faça. Eu acredito num Banco Central extremamente profissional e autônomo. E esse Banco Central será profissional e autônomo. Não sei se não estão tentando diminuir a importância desse BC.

Valor: Por quê?

Dilma: Porque não tem gente do mercado na sua diretoria.

Valor: Mas pode vir a ter?

Dilma: Pode ter, sim. Falar que tem que ser assim ou assado é um besteirol. Desde que seja um nome bom, ele pode vir de onde vier.

Valor: A opção por fazer uma política monetária diferente, mesclada de juros e medidas prudenciais, pode estar criando um mal-estar?

Dilma: O mercado tem os seus instrumentos tradicionais, mas tem também os incorporados recentemente, no pós-crise. Você tem que fazer essa combinação. Não pode ser fundamentalista, não é bom. Conte com os dois que o efeito ocorre.

Valor: A sra. reiterou a meta de inflação de 4,5%, mas não mais para este ano, não é?

Dilma: Sobre isso, tem um artigo interessante escrito pelo Delfim (na edição de terça-feira do Valor), a respeito de que não existe uma lei divina que diz que a taxa de crescimento será de 3% e que a inflação será de 6%. Eu acho que isso é adivinhação.

Valor: As condições para o ano de 2011 não estão dadas?

Dilma: Não, depende da gente. Nós mostramos que não estava dado na hora da crise e vamos mostrar que não está dado também na hora da inflação e do crescimento sustentado da economia brasileira. Quando eu digo que tenho firme convicção de que não se negocia com a inflação, é para você saber que nós passamos todo o tempo olhando isso. Por isso eu acredito no que faz o Banco Central, no que faz o Ministério da Fazenda.

Valor: Tem um elemento já dado para 2012 que preocupa os analistas: a superindexação do salário mínimo no momento em que o país estará em plena luta antiinflacionária. Não seria hora, depois de 17 anos de plano de estabilização, de se desindexar tudo?

Dilma: No futuro nós vamos ter uma menor preocupação com a valorização do salário mínimo. Quando? Quando houver um crescimento sustentado nesse país.

Valor: Isso não dificulta o combate à inflação?

Dilma: O que aconteceu com o salário mínimo ao longo do tempo? Uma baita desvalorização. Seja porque ele não ganhava sequer a correção inflacionária, seja porque vinha de patamares muito baixos. Acho que o processo de valorização do salário mínimo ainda não se esgotou. Foi isso que nós sinalizamos aquele dia na Câmara (na votação da proposta de correção pela inflação e pelo PIB até 2015). Nós não fazemos qualquer negócio. Quando a economia vai mal, nós não vamos dar reajuste, ele será zero. Vamos dar a inflação. Quando a economia vai bem, com um atraso de um ano, nós damos o que a economia ganhou ali, porque acreditamos que houve um ganho global de produtividade e de crescimento sistêmico. O prazo de um ano (o reajuste é dado pelo PIB de dois anos anteriores) amortece, mas transfere ao trabalhador um ganho que é dele, é da economia como um todo.

Valor: Esse é um assunto resolvido até 2015, portanto?

Dilma: Dar ao trabalhador o direito de receber o ganho decorrente do crescimento do país, com o cuidado de não ser automático para você poder ter acomodação necessária, é fundamental. Acho que o acordo feito entre as centrais e o governo do presidente Lula dá conta dessa época que estamos vivendo, em que estamos valorizando o salário mínimo.

Valor: E depois, negocia-se outra regra?

Dilma: É, porque esta não vai dar conta de uma época futura neste país, onde teremos mantido uma taxa de crescimento sistemática, durante um período mais longo, mais de cinco anos, por exemplo. Aí, sim, você terá tido um nível de recuperação da renda que justifica você ter outra meta. Agora, o que nós fizemos e explicamos para as centrais foi manter o acordo que tinha uma sustentação política, uma sustentação de visão econômica da questão do salário mínimo.

Valor: O reajuste de 13,9% de 2012 corrigirá também as aposentadorias?

Dilma: Esse aumento vai para 70% dos aposentados que ganham salário mínimo. Quem ganha mais do que um mínimo não tem indexação. Em 2014 nós teremos que apresentar uma política para os anos seguintes.

Valor: Nessa ocasião ele poderá ser atrelado à produtividade?

Dilma: Não sei. Não acho que isso (a regra atual) seja uma indexação e quem está falando que é uma indexação tem imensa má vontade com o trabalhador brasileiro. Temos que fazer com que algumas regiões do país e alguns setores da sociedade cresçam a uma taxa maior do que a média para reduzir as desigualdades. Isso vale para o Nordeste, para o Norte, para a metade sul do Rio Grande do Sul, para o Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais e o Vale do Ribeira, em São Paulo. O mesmo se aplica a alguns setores da sociedade. Há, aí, uma estratégia que olha para o Brasil. O país não pode ser tão desigual. Isso não é bom politicamente, socialmente, e não é bom para a economia. O que nos aproxima da Índia, da Rússia e da China, os Bric, não é tanto o fato de sermos emergentes.

Valor: O que é?

Dilma: É o fato de que países que têm a oportunidade histórica de dar um salto para a frente, países continentais com toda a sorte de riquezas, quando sua população desperta e passa a incorporar o mercado, isso acelera o crescimento. É o que explica que o nosso crescimento pode ser maior do que o crescimento dos países desenvolvidos. Outro fator é se conseguirmos criar massivamente um processo de educação em todos os níveis para a população, e formação de pessoas ligadas à ciência e tecnologia que permita que o país comece a gerar inovação. Essas três coisas explicam muito os Estados Unidos e é nelas que temos que apostar para o Brasil dar um salto. Nós temos hoje uma janela de oportunidade única. Além disso temos petróleo, biocombustível, hidrelétrica, minério e somos uma potência alimentar. Não queremos ser só "commoditizados". Queremos agregar valor. Por isso insistimos em parcerias estratégicas com outros países. Agora mesmo vamos propor uma para os Estados Unidos.

Valor: Na visita do presidente Obama? Qual?

Dilma: Na área de satélites, especialmente para avaliação do clima, e parcerias em algumas outras áreas. Vou lhe dar um exemplo: acho fundamental o Brasil apostar na formação no exterior. Todos os países que deram um salto apostaram na formação de profissionais fora. Queremos isso nas ciências exatas - matemática, química, física, biologia e engenharia. Queremos parceria do governo americano em garantia de vagas nas melhores escolas. Nós damos bolsa. Vamos buscar fazer isso não só nos Estados Unidos, e de forma sistemática.

Valor: O que a sra. espera de fato dessa visita?

Dilma: Acho que tanto para nós quanto para os Estados Unidos o grande sumo disso tudo, o que fica, é a progressiva consciência de que o Brasil é um país que assumiu seu papel internacional e que pode, pelos seus vínculos históricos com os Estados Unidos e por estarmos na mesma região, ser um parceiro importantíssimo. Isso a gente constrói. Agora, essa consciência é importante. Nós não somos mais um país da época da "Aliança para o Progresso", um país que precisa desse tipo de ajuda. Não que a aliança para o progresso não tenha tido seus méritos, agora não é isso mais que o Brasil é. O Brasil é um país que os EUA tem que olhar de forma muito circunstanciada.

Valor: Como assim?

Dilma: Que outro país no mundo tem a reserva de petróleo que temos, que não tem guerra, não tem conflito étnico, respeita contratos, tem princípios democráticos extremamente claros e uma forma de visão do mundo tão generosa e pró-paz? Uma questão é fundamental: um país democrático ocidental como nós tem que ser um país que tenha perfeita consciência da questão dos direitos humanos. E isso vale para todos.

Valor: Para o Irã e para os EUA?

Dilma: Se não concordo com o apedrejamento de mulheres, eu também não posso concordar com gente presa a vida inteira sem julgamento (na base de Guantânamo). Isso vale para o Irã, vale para os Estados Unidos e vale para o Brasil. Também não posso dar uma de bacana e achar que o Brasil pode ficar dando cartas e não olhar para suas próprias mazelas, para o seu sistema carcerário, por exemplo, sua política com relação aos presos. E isso chega ao direito de uma criança comer, das pessoas estudarem. Isso é direito humano. Mas é também, no sentido amplo da palavra, o respeito à liberdade, a capacidade de conviver com as diferenças, a tolerância. Um país com as raízes culturais que nós temos, que tem uma cultura tão múltipla, e que tem esse gosto pelo consenso, pela conversa, tudo isso caracteriza uma contribuição que o Brasil pode dar para a construção da paz no mundo. Acho que o mundo nos vê como um país amigável.

Valor: A sra. disse recentemente que não fará reforma da previdência social. Mas a regulamentação da reforma da previdência do setor público que está parada no Congresso, será feita?

Dilma: Isso é outra coisa. Já está no Congresso e vamos tentar ver se ele vota. Mas não vamos tirar direitos do trabalhador, não. Nem vem que não tem!.

Valor: A regulamentação da previdência pública, com a criação dos fundos de previdência complementar, não seria apenas para os novos funcionários?

Dilma: É. Mas aí temos que ver como será feito. Não estamos ainda discutindo isso.

Valor: E a reforma tributária? Há informações que a sra. enviará quatro projetos distintos, mudando determinados tributos. É isso mesmo?

Dilma: Estão entrando no Brasil produtos importados com o ICMS lá embaixo. É uma guerra fiscal que detona toda a cadeia produtiva daquele setor. Mas não vou adiantar o que vamos enviar ao Congresso porque não está maduro ainda. Vamos mandar medidas tributárias e não uma reforma. Vamos mandar várias para ter pelo menos uma parte aprovada. Mandaremos também o Programa Nacional de Ensino Técnico (Pronatec) e o programa de Erradicação da Pobreza.

Valor: Como serão esses dois?

Dilma: Não posso lhe adiantar porque também não estão fechados. O Pronatec vai garantir que o ensino médio tenha um componente complementar profissional, de um lado, e, de outro lado, garantir que tenha uma formação para os trabalhadores brasileiros de forma que não sobre trabalhador numa área e falte em uma outra. Isso é um pouco mais complicado e não posso dar todas as medidas por que elas interferem em outros setores. Já a questão do ICMS é uma regulamentação que já está no Senado.

Valor: E a desoneração de folha salarial sai?

Dilma: Não posso lhe falar sobre as medidas tributárias.

Valor: São para este ano?

Dilma: Na nossa agenda é para este semestre.

Valor: Qual a proposta para a erradicação da pobreza?

Dilma: É chegar ao fim de quatro anos mais próximo de retirar da pobreza os 19 milhões de brasileiros que ainda faltam.

Valor: O instrumental é o Bolsa Família?

Dilma: Nos já começamos a mexer no Bolsa Família, aumentando a parte de crianças. É com isso, com uma parte do Pronatec, que vai ajudar, é com microcrédito, incentivo à agricultura familiar de uma outra forma. Estamos passando as tropas em revista e mudando muita coisa. E tem que ter sintonia fina. Há profissionais dedicados ao estudo da pobreza que diz que se você não focar, olhando a cara dela, você não consegue tirar as pessoas. E nós queremos, desta vez, estruturar portas de saída.

Valor: Para todos e não só para os 19 milhões a que a sra se referiu?

Dilma: Para todo mundo.

Valor: Uma porta de saída será o Pronatec?

Dilma: Também. As saídas estão aí e estão em manter a economia crescendo.

Valor: A reunião anual da Assembleia de Acionistas da Vale será dia 19 de abril. Nessa reunião deve se decidir sobre a permanência ou não do presidente Roger Agnelli, cujo contrato de trabalho termina dia 30 de abril. Ele será substituído ou pode ser reconduzido?

Dilma: Não sei.

Valor: A sra. não sabe?

Dilma: Você vai ficar estarrecida, mas não sei.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Excertos dos itens “confidenciais” do telegrama 09SAOPAULO667.

do blog Maria Fro.

WikiLeaks

241953/ 12/29/2009/ 16:5309 SAOPAULO667/ Consulate Sao Paulo/ CONFIDENTIAL

Excertos dos itens “confidenciais” do telegrama 09SAOPAULO667.



A íntegra do telegrama não está disponível

ASSUNTO: Em São Paulo, líderes políticos expõem preocupações sobre o governo do Brasil ao Secretário Assistente para o Hemisfério Ocidental do Governo dos EUA Arturo Valenzuela

1. (C) RESUMO: No trecho final de sua visita de uma semana ao Cone Sul, o Secretário Assistente para o Hemisfério Ocidental do Governo dos EUA Arturo Valenzuela encontrou-se com figuras expressivas da política local e observadores econômicos em São Paulo, os quais manifestaram preocupações com a política externa do Brasil, gastos públicos e manobras políticas com vistas às eleições de outubro de 2010.

Em encontro posterior, privado, com AV [Arturo Valenzuela], o governador de São Paulo, que está na dianteira das pesquisas de intenção de voto Jose Serra alertou para o fato de que a radicalização e a corrupção crescem no Partido dos Trabalhadores (PT), no governo e sugeriu que, como presidente, conduzirá política exterior mais afinada com os EUA. FIM DO RESUMO.

Em Sao Paulo, observadores políticos e econômicos

2. (C) Concluindo sua visita à região com rápida passagem por SP no sábado, dia 18/12, Arturo Valenzuela participou de almoço oferecido pelo Cônsulo Geral e nove especialistas e observadores políticos e econômicos, entre os quais o ex-ministro de Relações Exteriores Celso Lafer, o ex-embaixador do Brasil nos EUA Rubens Barbosa, e o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Jose Goldemberg. Valenzuela apresentou panorama genérico de sua viagem e destacou a alta prioridade que o governo dos EUA dá ao relacionamento bilateral. Identificou a cooperação com o Brasil em questões regionais, inclusive Honduras, como tendo “importância crítica”.

3. (C) Todos os convidados brasileiros criticaram a política exterior do governo Lula, manifestaram preocupações sobre a crescente radicalização do Partido dos Trabalhadores e destacaram a deterioração das contas públicas. O ex-ministro RE descreveu a posição do Brasil em relação ao Irã como “o pior erro” da política exterior de Lula. O embaixador Barbosa citou o papel do Brasil em Honduras como grande fracasso. Todos criticaram a atenção que o Brasil está dando em questões internacionais com as quais o Brasil pouco tem a ver e nada a fazer (Irã, conflito Israel-palestinos, Honduras etc.), ao mesmo tempo em que se ignoram questões mais próximas, inclusive as relações com o Mercosul.

4. (C) Roberto Teixeira da Costa, vice-presidente da empresa Brazilian Center for International Relations (CEBRI) e o professor Goldemberg questionaram especialmente o interesse no Irã, dado o pequeno volume de negócios e pobres perspectivas comerciais e a improbabilidade de qualquer cooperação nuclear. [NOTA: Em conversa particular com o encarregado, Goldemberg, que também é renomado físico nuclear, disse que o Brasil nada tem a oferecer ao Irã, no campo dos combustíveis nucleares, dado que o Irã está muito a frente do Brasil na campacidade para centrifugar. Além disso, registrou que muito apreciou recente advertência da secretária Clinton, sobre países que estejam trabalhando muito próximos do Irã. E que o Brasil deveria levar mais a sério aquela advertência. FIM DA NOTA.]

O assessor-secretário Valenzuela destacou que um Irã, cada dia mais isolado, está à caça de qualquer oportunidade, como a que o governo Lula lhe deu, para esconder a ausência de cooperação e a impopularidade na comunidade internacional.

5. (C) No plano doméstico, os participantes brasileiros explicaram a estratégia do PT de tornar as próximas eleições nacionais um referendum para o governo Lula, que será apresentado como avanço em relação do governo de Cardoso. E todos alertaram para a intenção do PT, de conduzir campanha agressiva. Essa via, disseram todos, pode conseguir apresentar Jose Serra como candidato de Cardoso e ajudará a transferir uma parte da popularidade de Lula para Dilma Rousseff – que jamais concorreu a cargo público e até agora tem mostrado pouco carisma como candidata.

O Ombudsman da Folha de Sao Paulo (sic) Carlos Eduardo Lins da Silva, também presente, destacou que o PT terá força econômica que jamais teve antes, para a campanha eleitoral, depois de oito anos de governo. E o cientista político Bolivar Lamounier disse que um PT cada dia mais radical provavelmente fará campanha negativa contra a oposição. O ombudsman da Folha de Sao Paulo, Lins da Silva, acrescentou que, no caso de o PT não vencer as eleições presidenciais de 2010, com certeza usará a riqueza recém adquirida para trabalha como oposição agressiva.

6. (C) Economicamente, Teixeira da Costa disse que a percepção pública sobre o Brasil estava sendo super otimista e que os mercados despencarão rapidamente, caso a situação internacional se deteriore. Ricardo Sennes, Diretor de negócios internacionais da empresa de consultoria Prospectiva, concordou com a avaliação e disse que as contas públicas estão sob forte e crescente stress. Que a economia brasileira continuava a ser não competitiva no longo prazo, por causa da fraca infraestrutura, alta carga tributária e políticas trabalhistas rígidas. Mas todos concordaram que a forte performance da economia brasileira nos últimos oito anos e a recuperação pós-crise econômica global ajudarão na campanha eleitoral de Dilma Rousseff. Sobre o papel de destaque que o Brasil teve na recente Conferência sobre o Clima, em Conference (COP-15), o professor Goldemberg disse que a performance do presidente Lula foi medíocre. E fez piada, dizendo que o Brasil deixou em Copenhague a impressão de que o Brasil desenvolveu-se muito nas duas últimas semanas. Mas elogiou muito a apresentação da secretária Clinton e disse que os países de ponta deveriam reunir-se em pequenos grupos (não como no G-77) para conseguir fazer avançar questões de financiamento e fiscalização.

O governador de São Paulo, primeiro colocado nas pesquisas eleitorais

7. (C) Em encontro de 90 minutos, privado, no Palácio do Governo, Jose Serra disse praticamente a mesma coisa sobre tendências da política nacional, corrupção crescente, gastos públicos e política externa.

Serra contou ao secretário-assessor Valenzuela que o Partido dos Trabalhadores está fazendo todos os esforços para construir uma base de poder de longo prazo, agora que conseguiu chegar ao governo. Serra alertou que o Brasil está alcançando níveis nunca vistos de corrupção e que o PT e a coalizão que o apóia usam os crescentes gastos públicos para construir uma máquina eleitoral para as próximas eleições. Por isso, e porque seu partido (PSDB), segundo o governador, é partido relativamente mais pobre, Serra não pareceu muito firmemente convencido de que chegará à presidência em outubro de 2010.

8. (C) Além de toda a política doméstica, Serra criticou a política externa do governo Lula e sugeriu que, se eleito, dará ao Brasil direção mais internacionalista. Serra citou Honduras como exemplo específico de fracasso do governo Lula, culpando o governo brasileiro e o presidente Zelaya por não deixarem que se construa solução viável. E falou muito positivamente de seu próprio engajamento, em questões de clima, com o estado da California, como exemplo de oportunidade para trabalho conjunto em questões complexas. Mas, reiterando a posição que tem assumido publicamente, Serra criticou a tarifa que os EUA impuseram ao etanol importado do Brasil, a qual, para ele, seria economicamente ilógica.

9. (C) Sobre o crescente populismo na região, Serra disse que a presidente da Argentina Cristina Kirchner pareceu-lhe “cordial e esperta” e sugeriu que, se o governo dos EUA está preocupado com as políticas populistas de Kirchner, muito mais preocupado ficará com a candidata Dilma Rousseff do PT. Alertou também que as referências que o governo dos EUA tem feito sobre uma “relação especial” com o presidente Lula não soa bem em todos os segmentos no Brasil e pode ser manipulada pelo PT. [COMENTÁRIO: À parte a Argentina, Serra pareceu em geral mal informado ou desinformado sobre recentes desdobramentos no cone sul, inclusive sobre a situação política do presidente Lugo do Paraguai, parecendo imerso, principalmente na política brasileira provinciana. FIM DO COMENTÁRIO.]

No final, Serra disse que está trabalhando em vários artigos para jornal, nos quais articulará suas críticas à política externa do governo Lula, a serem publicados nos próximos meses.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Wikileaks: Lins e Silva

Traduzido pelo MariaFro.

WikiLeaks

241953/ 12/29/2009/ 16:5309 SAOPAULO667/ Consulate Sao Paulo/ CONFIDENTIAL

Excertos dos itens “confidenciais” do telegrama 09SAOPAULO667.


A íntegra do telegrama não está disponível

ASSUNTO: Em São Paulo, líderes políticos expõem preocupações sobre o governo do Brasil ao Secretário Assistente para o Hemisfério Ocidental do Governo dos EUA Arturo Valenzuela

1. (C) RESUMO: No trecho final de sua visita de uma semana ao Cone Sul, o Secretário Assistente para o Hemisfério Ocidental do Governo dos EUA Arturo Valenzuela encontrou-se com figuras expressivas da política local e observadores econômicos em São Paulo, os quais manifestaram preocupações com a política externa do Brasil, gastos públicos e manobras políticas com vistas às eleições de outubro de 2010.

Em encontro posterior, privado, com AV [Arturo Valenzuela], o governador de São Paulo, que está na dianteira das pesquisas de intenção de voto Jose Serra alertou para o fato de que a radicalização e a corrupção crescem no Partido dos Trabalhadores (PT), no governo e sugeriu que, como presidente, conduzirá política exterior mais afinada com os EUA. FIM DO RESUMO.

Em Sao Paulo, observadores políticos e econômicos

2. (C) Concluindo sua visita à região com rápida passagem por SP no sábado, dia 18/12, Arturo Valenzuela participou de almoço oferecido pelo Cônsulo Geral e nove especialistas e observadores políticos e econômicos, entre os quais o ex-ministro de Relações Exteriores Celso Lafer, o ex-embaixador do Brasil nos EUA Rubens Barbosa, e o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Jose Goldemberg. Valenzuela apresentou panorama genérico de sua viagem e destacou a alta prioridade que o governo dos EUA dá ao relacionamento bilateral. Identificou a cooperação com o Brasil em questões regionais, inclusive Honduras, como tendo “importância crítica”.

3. (C) Todos os convidados brasileiros criticaram a política exterior do governo Lula, manifestaram preocupações sobre a crescente radicalização do Partido dos Trabalhadores e destacaram a deterioração das contas públicas. O ex-ministro RE descreveu a posição do Brasil em relação ao Irã como “o pior erro” da política exterior de Lula. O embaixador Barbosa citou o papel do Brasil em Honduras como grande fracasso. Todos criticaram a atenção que o Brasil está dando em questões internacionais com as quais o Brasil pouco tem a ver e nada a fazer (Irã, conflito Israel-palestinos, Honduras etc.), ao mesmo tempo em que se ignoram questões mais próximas, inclusive as relações com o Mercosul.

4. (C) Roberto Teixeira da Costa, vice-presidente da empresa Brazilian Center for International Relations (CEBRI) e o professor Goldemberg questionaram especialmente o interesse no Irã, dado o pequeno volume de negócios e pobres perspectivas comerciais e a improbabilidade de qualquer cooperação nuclear. [NOTA: Em conversa particular com o encarregado, Goldemberg, que também é renomado físico nuclear, disse que o Brasil nada tem a oferecer ao Irã, no campo dos combustíveis nucleares, dado que o Irã está muito a frente do Brasil na campacidade para centrifugar. Além disso, registrou que muito apreciou recente advertência da secretária Clinton, sobre países que estejam trabalhando muito próximos do Irã. E que o Brasil deveria levar mais a sério aquela advertência. FIM DA NOTA.]

O assessor-secretário Valenzuela destacou que um Irã, cada dia mais isolado, está à caça de qualquer oportunidade, como a que o governo Lula lhe deu, para esconder a ausência de cooperação e a impopularidade na comunidade internacional.

5. (C) No plano doméstico, os participantes brasileiros explicaram a estratégia do PT de tornar as próximas eleições nacionais um referendum para o governo Lula, que será apresentado como avanço em relação do governo de Cardoso. E todos alertaram para a intenção do PT, de conduzir campanha agressiva. Essa via, disseram todos, pode conseguir apresentar Jose Serra como candidato de Cardoso e ajudará a transferir uma parte da popularidade de Lula para Dilma Rousseff – que jamais concorreu a cargo público e até agora tem mostrado pouco carisma como candidata.

O Ombudsman da Folha de Sao Paulo (sic) Carlos Eduardo Lins da Silva, também presente, destacou que o PT terá força econômica que jamais teve antes, para a campanha eleitoral, depois de oito anos de governo. E o cientista político Bolivar Lamounier disse que um PT cada dia mais radical provavelmente fará campanha negativa contra a oposição. O ombudsman da Folha de Sao Paulo, Lins da Silva, acrescentou que, no caso de o PT não vencer as eleições presidenciais de 2010, com certeza usará a riqueza recém adquirida para trabalha como oposição agressiva.

6. (C) Economicamente, Teixeira da Costa disse que a percepção pública sobre o Brasil estava sendo super otimista e que os mercados despencarão rapidamente, caso a situação internacional se deteriore. Ricardo Sennes, Diretor de negócios internacionais da empresa de consultoria Prospectiva, concordou com a avaliação e disse que as contas públicas estão sob forte e crescente stress. Que a economia brasileira continuava a ser não competitiva no longo prazo, por causa da fraca infraestrutura, alta carga tributária e políticas trabalhistas rígidas. Mas todos concordaram que a forte performance da economia brasileira nos últimos oito anos e a recuperação pós-crise econômica global ajudarão na campanha eleitoral de Dilma Rousseff. Sobre o papel de destaque que o Brasil teve na recente Conferência sobre o Clima, em Conference (COP-15), o professor Goldemberg disse que a performance do presidente Lula foi medíocre. E fez piada, dizendo que o Brasil deixou em Copenhague a impressão de que o Brasil desenvolveu-se muito nas duas últimas semanas. Mas elogiou muito a apresentação da secretária Clinton e disse que os países de ponta deveriam reunir-se em pequenos grupos (não como no G-77) para conseguir fazer avançar questões de financiamento e fiscalização.

O governador de São Paulo, primeiro colocado nas pesquisas eleitorais

7. (C) Em encontro de 90 minutos, privado, no Palácio do Governo, Jose Serra disse praticamente a mesma coisa sobre tendências da política nacional, corrupção crescente, gastos públicos e política externa.

Serra contou ao secretário-assessor Valenzuela que o Partido dos Trabalhadores está fazendo todos os esforços para construir uma base de poder de longo prazo, agora que conseguiu chegar ao governo. Serra alertou que o Brasil está alcançando níveis nunca vistos de corrupção e que o PT e a coalizão que o apóia usam os crescentes gastos públicos para construir uma máquina eleitoral para as próximas eleições. Por isso, e porque seu partido (PSDB), segundo o governador, é partido relativamente mais pobre, Serra não pareceu muito firmemente convencido de que chegará à presidência em outubro de 2010.

8. (C) Além de toda a política doméstica, Serra criticou a política externa do governo Lula e sugeriu que, se eleito, dará ao Brasil direção mais internacionalista. Serra citou Honduras como exemplo específico de fracasso do governo Lula, culpando o governo brasileiro e o presidente Zelaya por não deixarem que se construa solução viável. E falou muito positivamente de seu próprio engajamento, em questões de clima, com o estado da California, como exemplo de oportunidade para trabalho conjunto em questões complexas. Mas, reiterando a posição que tem assumido publicamente, Serra criticou a tarifa que os EUA impuseram ao etanol importado do Brasil, a qual, para ele, seria economicamente ilógica.

9. (C) Sobre o crescente populismo na região, Serra disse que a presidente da Argentina Cristina Kirchner pareceu-lhe “cordial e esperta” e sugeriu que, se o governo dos EUA está preocupado com as políticas populistas de Kirchner, muito mais preocupado ficará com a candidata Dilma Rousseff do PT. Alertou também que as referências que o governo dos EUA tem feito sobre uma “relação especial” com o presidente Lula não soa bem em todos os segmentos no Brasil e pode ser manipulada pelo PT. [COMENTÁRIO: À parte a Argentina, Serra pareceu em geral mal informado ou desinformado sobre recentes desdobramentos no cone sul, inclusive sobre a situação política do presidente Lugo do Paraguai, parecendo imerso, principalmente na política brasileira provinciana. FIM DO COMENTÁRIO.]

No final, Serra disse que está trabalhando em vários artigos para jornal, nos quais articulará suas críticas à política externa do governo Lula, a serem publicados nos próximos meses.


241953 12/29/2009 16:53 09SAOPAULO667 Consulate Sao Paulo CONFIDENTIAL

o de baixo é bom!
C O N F I D E N T I A L SAO PAULO 000667 SIPDIS AMEMBASSY BRASILIA PASS TO AMCONSUL RECIFE E.O. 12958: DECL: 2019/12/29 TAGS: PGOV, PREL, ECON, EFIN, BR SUBJECT: SAO PAULO LEADERS OUTLINE CONCERNS WITH GOB TO WHA A/S VALENZUELA CLASSIFIED BY: Thomas J. White, Consul General; REASON: 1.4(B), (D) 1. (C) SUMMARY: On the final leg of his week-long visit to the Southern Cone, Western Hemisphere Affairs Assistant Secretary Arturo Valenzuela met with leading political and economic observers in Sao Paulo, who expressed concern with Brazil's foreign policy, public spending, and political maneuvering in the run-up to the October 2010 elections. In a subsequent private meeting with A/S Valenzuela, Sao Paulo Governor and presidential front-runner Jose Serra warned that corruption and radicalization was growing in the ruling Worker's Party (PT) and suggested that as president he would push for a foreign policy more in tune with the United States. END SUMMARY. Sao Paulo Political and Economic Observers --------------------------------------------- -------- 2. (C) Concluding his visit to the region with a stop-over in Sao Paulo on Saturday, December 18, A/S Valenzuela attended a lunch hosted by the Consul General with the ChargC) and nine leading political and economic experts including former Foreign Minister Celso Lafer, former Brazilian Ambassador to the United States Rubens Barbosa, and former Science and Technology Minister Jose Goldemberg. A/S Valenzuela provided an overview of his trip and emphasized the high USG priority placed on the bilateral relationship. He identified cooperation with Brazil on regional issues, including Honduras, as being of critical importance. 3. (C) All of the Brazilian invitees criticized the Lula Administration's foreign policy, voiced concern over the increasing radicalization of the governing Worker's Party (PT), and stressed the deterioration of public accounts. Former FM Lafer described Brazil's stance toward Iran as the "worst mistake" of Lula's foreign policy, while Ambassador Barbosa cited Brazil's role in Honduras as a prominent failure. All agreed that the GOB is focusing on international issues (Iran, the Israeli-Palestinian conflict, Honduras, etc.) in which Brazil has few national interests and little influence, at the expense of ignoring issues closer to home, including relations with Mercosur. 4. (C) Vice Chairman of the Brazilian Center for International Relations (CEBRI) Roberto Teixeira da Costa and Professor Goldemberg particularly questioned the GOB's interest in Iran, given a paucity of commercial prospects and unlikelihood of civil nuclear cooperation. [NOTE: In an aside with ChargC), Goldemberg, who is also a renowned nuclear physicist, said Brazil has nothing to offer Iran on nuclear fuel issues as Iran is already well ahead of Brazil in centrifuge capacity. Moreover, he said he fully appreciated Secretary Clinton's recent statement about countries working closely with Iran and that the GOB should take it seriously. END NOTE.] A/S Valenzuela emphasized that an increasingly isolated Iran is looking for any opportunities like the one offered by the Lula Administration to try to cover up its lack of cooperation and unpopularity with the international community. 5. (C) Domestically, the Brazilian participants described the PT's strategy to make the upcoming national elections a referendum on the Lula administration as an improvement over the Cardoso administration and emphasized the party's intention to run an aggressive campaign. Taking this tack, they argued, could portray Jose Serra as Cardoso's candidate and help transfer some of Lula's popularity to Dilma Rousseff, who has never run for public office before and has demonstrated little charisma as a candidate so far. Folha de Sao Paulo Ombudsman Carlos Eduardo Lins da Silva highlighted the PT's unprecedented financial strength to run a campaign after eight years in government, while political scientist Bolivar Lamounier said an increasingly radicalized PT would likely run a very negative campaign against the opposition. Lins da Silva added that, in the event the PT loses the 2010 presidential election, it could use its new wealth to serve as a very troublesome opposition. 6. (C) Economically, Teixeira da Costa said that public perceptions about Brazil were overly optimistic and that markets could shift downward quickly if the international situation deteriorates further. Ricardo Sennes, Director of international affairs' consulting firm Prospectiva, echoed the assessment, saying that GOB public accounts were under increasing strain and the Brazilian economy remained uncompetitive over the long-term due to weak infrastructure, high tax burdens, and rigid labor policies. All agreed, however, that Brazil's strong economic performance over the last eight years and current recovery from the global crisis would help Dilma Rousseff's campaign. Regarding Brazil's recent high-profile involvement in the Copenhagen Climate Conference (COP-15), Professor Goldemberg said President Lula's performance was mediocre, and jockeying by the GOB left the perception that Brazil developed its position in the last two weeks. Conversely, he praised Secretary Clinton's presentation and said that major country players should meet in small groups (vice the G-77) to foster progress on issues such funding and verification. SP Governor and Presidential Front-runner Jose Serra --------------------------------------------- ---------------------- - 7. (C) In a 90-minute one-on-one meeting at the Governor's Palace, Jose Serra expressed a number of the same concerns in regards to Brazil's national political currents, rising corruption, public spending and foreign policy. Serra told A/S Valenzuela that the ruling Workers Party (PT) is making every effort to build a long-term power base while in government. Serra claimed Brazil is reaching previously unseen levels of corruption as the PT and its coalition allies use rising public expenditures to construct a political machine for the 2010 elections. In the face of such efforts, and what he described as the comparatively weak apparatus of his own PSDB party, Serra was not firmly confident he could win the presidency in October 2010. 8. (C) Beyond domestic politics, Serra criticized the Lula Administration's foreign policy and indicated that he would take Brazil in a more internationalist direction if elected president. Serra cited Honduras specifically as a Lula Administration failure, blaming the GOB stand and Honduran President Zelaya for impeding a resolution. Conversely, he highlighted his engagement with the State of California on climate issues as an example of opportunities to work together on difficult issues. However, reiterating his public position on biofuels, Serra criticized the U.S. tariff on imported Brazilian ethanol as economically illogical. 9. (C) Referring to rising populism in the region, Serra said he found Argentine President Cristina Kirchner "cordial and smart" and suggested that if the USG has concerns about Kirchner's populist politics, that PT presidential candidate Dilma Rousseff should cause greater concern. He also warned that USG references to a "special relationship" with President Lula do not resonate well with all segments of Brazil and could be manipulated by the PT. [COMMENT: Beyond Argentina, Serra appeared generally uninformed of recent developments in the Southern Cone, including Paraguayan President Lugo's political situation, and seemed primarily immersed in Brazilian domestic politics. END COMMENT.] Finally, Serra said he was working on several articles and op-eds that would publicly articulate his criticism of the Lula Administration's foreign policy in the coming months. 10. (U) WHA A/S Valenzuela has cleared this cable. White

Wikileaks: William Waak 2

225709 9/17/2009 20:11 09SAOPAULO551 Consulate Sao Paulo UNCLASSIFIED//FOR OFFICIAL USE ONLY

NCLAS SECTION 01 OF 02 SAO PAULO 000551 SENSITIVE SIPDIS STATE FOR WHA/BSC E.O. 12958: N/A TAGS: PINR, PGOV, PREL, KPAO, BR SUBJECT: LEADING PSDB PRESIDENTIAL CONTENDERS STEER AWAY FROM PRIMARY SPLIT 1. (SBU) Summary: In the past week, potential candidate for the Democratic Socialist Party of Brazil (PSDB) presidential nomination and current Minas Gerais Governor Aecio Neves -- though still a candidate for the PSDB nomination -- has backed off from his former insistence that the party must hold a presidential nominating primary, a key demand that had been the cornerstone of Neves' challenge to PSDB nomination front-runner, Sao Paulo State Governor Jose Serra. Neves' re-positioning is probably driven in part by recent polling that shows Serra with a commanding lead over likely PT nominee Dilma Roussef. His sudden flexibility is good news for Serra and for the PSDB. The party can now avoid a debilitating knock-down, drag-out fight for the nomination and concentrate on honing its emerging message, which would appear to be an appeal for greater decentralization in the administration of the country. End Summary. No Primary Needed 2. (SBU) For the last year, Minas Gerais Governor Neves has insisted that the PSDB had to hold a primary to pick its presidential nominee. Such a mechanism represented Neves' best and perhaps only hope to challenge PSDB nomination front runner Jose Serra and, thereby, emerge as the principal opposition candidate to ruling Workers' Party (PT) candidate Dilma Rouseff. Serra is widely viewed a taciturn technocrat who enjoys the support of the PSDB leadership, while Neves, the young, charismatic governor of one of Brazil's most economically and historically significant states, has demonstrated a great ability to excite the party base and reach out to those outside the PSDB. The contest between these two PSDB heavyweights worried some in the party who feared a debilitating intra-party struggle that reminded them of 2002, when then-candidate Jose Serra failed to pull together all elements in the PSDB and subsequently lost the election to President Lula. What's more, the PSDB has never held a primary, and guidelines and standards for such a national event would have had to be drawn up from scratch. Finally, until recently, some had speculated that Neves might bolt the PSDB entirely and seek the PMDB nomination, splitting the anti-PT vote and significantly damaging PSDB chances in the 2010 presidential contest. Insiders Talk of a Deal 3. (SBU) In contrast to surface tensions, in recent weeks political insiders have spoken of the growing possibility of an agreement between Serra and Neves, where Serra would get the PSDB presidential nod and Neves the Vice Presidential spot. Journalist William Waack stated at a lunch with the CG on September 4 that Serra and Neves had already sealed the deal, agreeing to run together with Serra at the top of the ticket. A second participant at the event, Fernando Henrique Cardoso (FHC) Institute Director Sergio Fausto expressed surprise at Waack's assertion, but added that FHC would not permit the Serra-Neves rivalry to split the party. A Serra-Neves combination would unify the PSDB and could prove formidable. Both governors are highly popular in their respective states (recent polls give Serra 77 percent approval in SP and Neves has over 90 percent approval in MG) and they have contrasting, but potentially complementary political styles. Neves Shifts Rhetoric 4. (U) In an interview in Belo Horizonte September 9, Neves indicated that while he continues to prefer a PSDB primary, other "instruments" for choosing a candidate exist, including polls and other mechanisms for consulting the party base. Since his interview, Neves has made SAO PAULO 00000551 002 OF 002 several statements emphasizing his good relations with Serra. In a joint appearance September 14 in Sao Paulo with former President Fernando Henrique Cardoso, Serra and Neves spoke of party unity and their willingness to offer support to each other, whichever candidate wins the eventual PSDB nomination. Neves reiterated his preference for a party primary, but did not make it an absolute demand. Both emphasized the importance of their respective states in maintaining autonomy relative to a central government that they said is too centralized and collects too much in taxes. Neves Looking to the Future? 5. (SBU) While the press buzzes about a "pact" between Serra and Neves, local analysts point to a more subtle but still significant understanding. Consultant Thiago d'Aragao told Poloff that Neves had "no choice" but to become more accommodating to Serra and the PSDB. The PMDB is hurt by recent scandals and cannot provide an adequate platform for Neves' future ambitions. The Minas Governor has excellent chances of becoming Brazil's President some day, but he must bide his time. Political Scientist Rogerio Schmitt of the Center for Public Leadership agreed, stating that he and other SP analysts regard Neves' new line as laying the groundwork for a graceful exit from his campaign for the PSDB nomination, should his challenge not prosper. Comment: Not a Pact, But A Most Productive Understanding 6. (SBU) While it could be too much to call the new relationship between Serra and Neves a pact, it would appear that Neves has walked back from a potentially party-splitting confrontation with the Sao Paulo Governor. Neves' re-positioning comes on the heels of a late August IBOPE poll that gave Serra a commanding lead over PT leading candidate Dilma Roussef in a potential second round run-off (57-23). This, plus the logistical challenges of organizing a first-ever PSDB primary, probably convinced the Minas Governor to moderate his position. As things now stand, Neves can continue his quest for the party's nomination, but do so within bounds that would not foreclose reconciliation at the end of the process. WHITE

Wikileaks: William Waak 1

248788 2/13/2010 18:48 10BRASILIA49 Embassy Brasilia CONFIDENTIAL

C O N F I D E N T I A L BRASILIA 000049 SIPDIS AMEMBASSY BRASILIA PASS TO AMCONSUL RECIFE E.O. 12958: DECL: 2020/02/13 TAGS: PGOV, BR SUBJECT: BRAZIL'S PRESIDENTIAL ELECTIONS: DILMA ROUSSEFF COMES UP FAST BEHIND JOSE SERRA REF: RIO DE JANEIRO 32 CLASSIFIED BY: Lisa Kubiske, Deputy Chief of Mission, State, Embassy Brasilia; REASON: 1.4(B), (D) 1. (C) Summary. Late January polling indicates that likely Workers' Party (PT) presidential candidate Dilma Rousseff, President Lula's chosen successor, has closed much of the gap with front-running opposition Brazilian Social Democratic Party (PSDB) candidate Jose Serra, and now trails by less than ten points in a two-way race for October's election. The narrowing of the race was widely expected; the campaign now enters a zone where predictions are more difficult, as both Rousseff and Serra struggle to overcome public perceptions that have limited their respective voter preference ratings. Some observers see the latest polls as giving her an advantage, while others attribute the surge to hard campaigning by President Lula and suggest that his star power will not be sufficient to maintain the momentum once the intense glare of campaign TV reveals weaknesses in Rousseff's candidacy. Rousseff's rise has increased pressure on Serra to announce his candidacy and on Minas Gerais Governor Aecio Neves to accept a slot as Serra's VP running mate. Meanwhile, PT and its primary coalition partner the Brazilian Democratic Movement Party (PMDB) continue to argue about which party gets to run for which state and congressional races, excluding and alienating smaller coalition parties to the extent that PSDB may be able to recruit new allies from within coalition ranks. End summary. State of Play: An Expected Rise, A Long Way to Go 2. (C) Two late January national polls - Vox Populi and CNT - yielded very similar results, indicating a slight decline in preference for Serra and a significant rise for Rousseff. The Vox Populi poll shows Serra beating Rousseff 34 to 27 percent with Brazilian Socialist Party (PSB) candidate Ciro Gomes included in the race, and 38 to 29 percent without him. In both categories, this represented a nearly 15-point net gain for Rousseff from December. CNT shows that Serra leading Rousseff by a slim 33 to 28 percent in a race with Gomes included, and a much wider 41 to 29 percent lead without him. In both polls Gomes slipped from the previous month's poll, falling from 17 to 11 percent, while Green Party (PV) candidate Marina Silva maintains ratings in the high single digits. Gomes is pulling slightly more votes from Serra than from Rousseff, while Silva's vote comes entirely at Rousseff's expense. 3. (C) These outcomes were not unexpected. As Sen. Sergio Zambiasi (Brazilian Labor Party (PTB)-Rio Grande do Sul) joked to poloff on February 2 about the polls, "Maybe the only surprise is that (Rousseff's rise) happened exactly when everybody thought." Lula's aggressive presentation of Rousseff as the centerpiece of domestic legislation (including pre-salt oil) and international negotiations (Copenhagen) has managed to boost her name recognition, in the process bringing home much of PT's natural electoral base. PT contacts are encouraged and confident but they also recognize that Rousseff's rise is only an early step in the process. Candido Vaccarezza (PT-Sao Paulo), leader of the governing coalition in the Chamber of Deputies, acknowledged to poloff that, due to Lula's strong advocacy, most of the low-hanging electoral fruit has already been picked for Rousseff. The challenge, he said, will be to get her to 40 percent - which he acknowledged would take some work. (Vaccarezza strongly supports Ciro Gomes as a third-party candidate in order to lower the threshold for Rousseff.) Rousseff: The Start of Something Big or the Best She'll Get? 4. (C) Dilma Rousseff's rise in the polls creates a positive narrative for her heading into PT's national congress, to be held in late February, where she is widely expected to announce her candidacy officially. Third-party observers offered divided opinion about how much higher Rousseff can rise from here. Two competing Brasilia-based analysts told us in the past week that the race now tips toward Rousseff, because the economy will continue to be strong and because at this point, she only needs the support of a small fraction of the 80 percent of the electorate who approve Lula's performance. Humberto Saccomandi, International News Editor of Valor Economico and political analyst Rafael Cortez of Tendencia Consultoria told Consulate General Sao Paulo much the same. Most of these analysts added, however, that Rousseff repels many with her uncharismatic performance on television and she still has to prove she can hold her own in debates and public appearances. 5. (C) Rousseff's harshest critics most often emphasize that television and public speaking will kill her candidacy. Journalist William Waack described to CG Sao Paulo a recent business forum in which Serra, Rousseff, Neves and Gomes all participated. According to Waack, Gomes was the strongest overall, Neves the most charismatic, Serra detached but clearly competent, and Rousseff the least coherent. Other critics take a more subtle tack, arguing somewhat counterintuitively that Brazil's desire for continuity after years of progress and prosperity actually benefits Serra, because he is seen by many as more likely to follow the economic path laid out by Cardoso and followed by Lula. Helio Gurovitz, News Director at Epoca magazine, described Brazil as similar to Chile, arguing that the social base of the country has developed to the extent that it would prefer to alternate parties in power in order to retain continuity, rather than keep one party in power long-term, thereby facilitating a hard shift to that party's side of the political spectrum. Others just see her as the wrong candidate at the wrong time. The Chiefs of Staff for Senators Osmar Dias (Democratic Labor Party (PDT)-Parana) and Alvaro Dias (PSDB-Parana) - who are brothers representing the same state but opposite sides of the political fence - met poloff together on February 5 and were united on one point: Rousseff will suffer among reachable voters because she is clearly not Lula. 6. (C) If Rousseff's personal lack of charisma were not enough of a worry, PT also is having problems keeping PMDB, its primary coalition partner and the largest party in Brazil, happy in the state-level races, which may have adverse effects on Rousseff's campaign. PMDB has already committed itself to support Serra in Sao Paulo, the country's largest block of votes by far. PT-PMDB infighting also continues over which candidates to support in many other gubernatorial and legislative races, without signs of resolution in virtually every major state, including Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Parana, and Rio Grande do Sul. PT may have little choice other than to resolve most of these impasses by supporting PMDB candidates, leaving little space to support aspirants from smaller coalition parties. Sen. Zambiasi, whose PTB is one of those smaller parties, confirmed to poloff that his party, among others, has been offered very little from PT to stick with Rousseff in the 2010 campaign. While declaring himself a Lula supporter (he spoke diplomatically of Rousseff, who is from his home state), Zambiasi more-or-less confirmed local rumors that PTB is strongly leaning toward backing Serra, bringing the party's advertising time with them. He added that no decision would be made during the upcoming legislative session, adding that PTB is in no hurry to be "the first to jump off the roof." Pressure Grows for Serra and Neves to Declare 7. (C) Serra meantime has maintained a relatively low national profile while PSDB surrogates such as ex-President Fernando Henrique Cardoso and Senator Sergio Guerra draw headlines for sniping with President Lula and the government. Rousseff's rise has set off another round of speculation that Serra may decide to withdraw from the presidential race and run again for Governor of Sao Paulo. Presidential International Relations Advisor Marco Aurelio Garcia suggested as much in a February 8 meeting with the Ambassador, as has virtually every PT elected official in meetings with embassy officers over the past few months. While PT has an interest in pushing this line, it also comes from third-party sources and from Sao Paulo, including Valor Economico's Saccomandi. Others, including senior Sao Paulo-based PSDB contacts such as Mayor Kassab's Chief of Staff Clovis Carvalho and PSDB State Party President and Federal Deputy Antonio Carlos Mendes Thame, have told CG Sao Paulo officers that Serra will run. At this point, Serra is still not expected to announce his candidacy until March. 8. (C) Media speculation continues on the possibility of Minas Gerais Governor Aecio Neves joining the PSDB ticket as VP. Rio de Janeiro's O Globo reported recently that Neves is finding the pressure unhelpful in political management of his own state, where Neves is trying to shore up other state PSDB candidates, and where he continues to avow that he plans to run for Senate. Two PSDB staff sources in the Federal Senate also told poloff that Rousseff's rise is ratcheting up the pressure on Governor Aecio Neves to accept a slot as Serra's vice - a position Neves has previously indicated he does not want (reftel). Both see an Aecio vice-presidential nomination as an opportunity to regain momentum in the race, a vote-winner in Minas and surrounding states, and as the best possible vice presidential option in the quest to attract smaller parties from the governing coalition to PSDB's side. Interestingly, neither PSDB source considered himself a Neves fan. Both considered him to be more image than substance, easy for PT to attack for his lifestyle, and a poor potential substitute for Serra at the front of a presidential ticket. Former Cardoso Finance Minister and PSDB senior figure Pedro Malan told Rio Principal Officer February 5 that, while he believes Neves as VP candidate would strongly boost the PSDB's prospects for victory, it is now unclear to Malan whether Neves will ultimately take the decision to join Serra's ticket. "The calculus he has to make in terms of maintaining his influence and prestige in Minas Gerais over the long term and this upcoming election is more complex than some think," Malan said. As for Neves himself, it appears he hasn't entirely shut out the VP option: he told Rio Principal Officer on February 10 that, "Sometimes you have to give time to time-let's wait and see how things develop." Comment: The Race Is About to Begin 9. (C) After months revving their engines, Brazil's two most likely presidential contenders are poised at the starting line, both standing at poll positions most analysts anticipated for them at this point. Rousseff's expected official announcement, planned for shortly after Carnaval (approximately February 20), will lead to yet another round of speculation on Serra's plans until the moment when Serra finally announces (or doesn't) in March, marking the de-facto start of the campaign. The race from that point forward becomes very difficult to predict, both because of measurable "x factors" such as the candidacies of Ciro Gomes and Marina Silva, and because of variables almost impossible to predict - such as the impact of Serra's as-of-yet-undefined campaign strategy or whether the PT's difficulties in holding its coalition together in state and congressional races will have any real effect on voter choices in October's presidential contest. At this point, assuming that Serra runs, Brazil's presidential race is the definition of a toss-up. End comment. 10. (U) This cable was coordinated with Consulates General Sao Paulo and Rio de Janeiro. SHANNON

Wikileaks: Recado de Clinton

218138 7/24/2009 20:13 09STATE77662 Secretary of State CONFIDENTIAL//NOFORN

C O N F I D E N T I A L STATE 077662 NOFORN SIPDIS E.O. 12958: DECL: 07/24/2034 TAGS: PINR, PGOV, BR SUBJECT: (U) KUDOS FOR POLITICAL REPORTING (C-AL9-01632) REF: A. BRASILIA 000905 B. BRASILIA 000799 C. BRASILIA 000791 Classified By: MICHAEL P. OWENS, ACTING DIR, INR/OPS. REASON: 1.4(C). 1. (C/NF) KUDOS TO US EMBASSY BRASILIA POLITICAL SECTION FROM WASHINGTON ANALYSTS FOR CONSISTENTLY THOROUGH AND TIMELY REPORTING ON DOMESTIC POLITICAL ISSUES IN BRAZIL. REFTELS A-C ARE THE LATEST EXAMPLES OF REPORTING THAT WE HAVE USED AND WILL CONTINUE TO USE IN OUR ASSESSMENTS AS PRESIDENTIAL ELECTIONS APPROACH. BRASILIA 000905 PROVIDED A SOLID PRIMER FOR PRESIDENTIAL ELECTIONS NEXT OCTOBER; INSIGHTS WILL INFORM A FORTHCOMING ASSESSMENT TO ADDRESS POLICYMAKER INTEREST IN THE ELECTION OF PRESIDENT LULA'S SUCCESSOR. BRASILIA 000799 GAVE UNIQUE INSIGHT INTO THE CORRUPTION SCANDAL IN THE BRAZILIAN SENATE AND ITS IMPLICATIONS FOR POLITICAL INSTITUTIONS IN COUNTRY. BRASILIA 000791 PROVIDED VALUABLE INSIGHTS INTO THE PROSPECTS FOR PRESUMPTIVE WORKERS' PARTY PRESIDENTIAL CANDIDATE DILMA ROUSSEFF, WHICH WE WERE ABLE TO CITE IN HIGH-LEVEL BRIEFINGS AND WRITTEN PRODUCTION FOR POLICYMAKERS, INCLUDING THE SECRETARY OF THE TREASURY. SPECIAL THANKS TO POLITICAL OFFICER DALE PRINCE, WHOSE UNIQUE INSIGHTS INTO BRAZIL'S OFTENTIMES BYZANTINE POLITICAL SYSTEM HAVE PROVEN CENTRAL TO OUR ANALYSIS. CLINTON

WikiLeaks 24) CABLEGATE DE HEARNE

Extraído do blog Mariafro.

WikiLeaks
24) CABLEGATE DE HEARNE
246840/ 2/2/2010 19:13/ 10RIODEJANEIRO32/ Consulate Rio De Janeiro/ NCLASSIFIED//FOR OFFICIAL USE ONLY
Excertos dos itens “não classificados/para uso exclusivamente oficial” do telegrama 10RIODEJANEIRO32.

A íntegra do telegrama não está disponível.


ASSUNTO: Ideias sobre possíveis candidatos a vice-presidente para José Serra



RESUMO. 1. (SBU) Observadores políticos e atores do PSDB no país entendem que há possibilidade de candidato do PSDB à presidência (na dianteira, nas pesquisas de intenção de voto) convidar a candidata Marina Silva, do Partido Verde, para sua chapa, como vice-presidente. Embora pareça pouco provável, nesse ponto, que Marina Silva aceite esse papel, muitos creem que, pelo menos, ela apoiará Serra num eventual segundo turno contra a candidata do PT Dilma Rousseff. Apesar de a hipótese Marina não estar descartada, analistas do PSDB veem, como cenário mais provável, que o governador de Minas Gerais, Aecio Neves (PSDB) venha a completar a chapa com Serra, como candidato à vice-presidência, apesar de Neves já ter declarado publicamente que concorrerá ao Senado. Mas, com a vantagem de Serra encolhendo nas pesquisas recentes, ressurge a especulação de que Serra possa renunciar a favor de Neves como candidato do PSDB. Até aqui, Serra é o candidato mais provável, e muitos dos nossos interlocutores declararam que uma chapa Serra-Neves seria o melhor caminho para Serra enfrentar com chances de sucesso os esforços do presidente para traduzir sua popularidade pessoal em votos para Dilma Rousseff, na sucessão. FIM DO RESUMO.

NO RIO, ANALISTAS DISCUTEM ALTERNATIVAS PARA A VICE-PRESIDÊNCIA

2. (SBU) Em almoço privado dia 12 de janeiro, o importante colunista político da revista Veja Diogo Mainardi disse ao cônsul dos EUA no Rio de Janeiro que a recente coluna [de Mainardi] na qual propõe o nome de Marina Silva como vice-presidente na chapa de Serra foi baseada em conversa entre Serra e Mainardi, na qual Serra dissera que Marina Silva seria a “companheira de chapa de seus sonhos”.

Naquela conversa com Mainardi, Serra expôs as mesmas vantagens que, depois, Mainardi listou em sua coluna: a história de vida de Marina e as impecáveis credenciais de militante da esquerda, que contrabalançariam a atração pessoal que Lula exerce sobre os pobres no Brasil, e poriam Dilma Rouseff (PT) em desvanagem na esquerda, ao mesmo tempo em que ajudariam Serra a superar o peso da associação com o governo de Fernando Henrique Cardoso que Dilma espera usar como ponto de lança de ataque em sua campanha. Apesar disso, Mainardi não acredita que Marina associe-se a Serra, porque está interessada em fixar sua própria credibilidade, concorrendo, ela mesma, à presidência. Mas Mainardi disse que crê – como também Serra – que Marina Silva pode bem vir a apoiar Serra num eventual segundo turno contra Dilma.

3. (SBU) Em plano mais realista, Mainardi disse ao cônsul que o governador de Minas Gerais Aecio Neves dissera a Mainardi, no início desse mês, que Neves permanecia “completamente aberto” à possibilidade de concorrer como candidato a vice, na chapa de José Serra. (Nota: Dia 17/12/2009, Neves declarou oficialmente encerrada a discussão sobre sua pré-candidatura à presidência e mostrou interessem em concorrer como vice-presidente [referido em outro telegrama. FIM DA NOTA).

Apesar das declarações públicas de que concorrerá ao Senado, Mainardi disse que Neves planeja esperar um cenário no qual o PSDB, talvez à altura do mês de março, convide Neves para compor a chapa, com vistas a aumentar a chance do partido contra Dilma. As ambições pessoais de Neves e seu desejo, intimamente ligado àquelas ambições, de não atrapalhar o PSDB nas próximas eleições, levariam Neves a compor a chapa, ao lado de Serra – na opinião de Mainardi.

É a mesma opinião de Merval Pereira, colunista do jornal O Globo, o maior do Rio de Janeiro, que se reuniu com o Cônsul dia 21/1. Pereira disse ao cônsul que tivera uma conversa com Neves na véspera, na qual Neves dissera estar “firmemente comprometido” a ajudar Serra fosse como fosse, inclusive como vice-presidente, na mesma chapa.

Na opinião de Merval Pereira, uma chapa Serra-Neves venceria. Pereira disse também acreditar que não só Neves aceitará a vice-presidente de Serra, mas, também, que Marina Silva também apoiaria Serra num eventual segundo turno.
(...)

Visões de São Paulo

6. (SBU) [Nem precisa traduzir tudo: todo o PSDB de São Paulo, incluindo o Verde mais tucano – “o secretário de esportes de São Paulo, Walter Feldman” (...) “PSDB Sao Paulo State PSDB President and Federal Deputy Antonio Carlos Mendes Thame” e “Sao Paulo Municipal Secretary of Government and local PSDB insider Clovis Carvalho” –, todos, “disseram ao Cônsul que Neves é a escolha preferencial dos líderes do Partido para a vice-presidência, com Serra”. E todos , “manifestaram confiar que Neves aceitaria a convocação do Partido”. Todos “enfatizaram que o PSDB tem de vencer nos estados de Minas Gerais e São Paulo, para chegar à presidência e que o melhor meio para conseguir isso é unir Serra e Neves numa mesma chapa”].

Em separado, Bolivar Lamounier, co-fundador do IDESP, Sao Paulo Institute for Economic and Political Studies (IDESP), e Ricardo Sennes, Director de assuntos internacionais da empresa Prospectiva Consultoria Brasileira disseram ao Cônsul que acreditam que Marina Silva manterá sua própria candidatura, mas, num segundo turno, apoiará Serra, depois de ter “queimado as pontes” ao deixar o PT.

VISÕES DO PSDB EM BRASÍLIA

7. (SBU) [Também nem precisa traduzir tudo: Todo o PSDB em Brasília preferem “chapa pura”: “os senadores Eduardo Azeredo (Minas Gerais) e Alvaro Dias (Parana) disseram ao embaixador em Brasília que preferem ter o PSDB com chapa pura e disseram que há alta possibilidade de que aconteça.” (…) “o Deputado Federal de Pernambuco e vice-líder do PSDB na Câmara de Deputados Bruno Araujo disse que é pouco provável que Serra aceite candidato do DEM, sugerindo que a sempre decrescente popularidade do DEM oferece pouco a ganhar, a Serra, numa chapa ‘mista’, mesmo no nordeste, onde o DEM tem a maioria dos seus votos. Em conversa com o embaixador, essa semana, dois altos membros do PSDB reconheceram que Serra tem muito interesse em ter Marina Silva na chapa. Mas disseram que Marina Silva seria a última opção para minoria significativa no Partido, sobretudo no Rio e em São Paulo. Nenhum dos dois acredita que Marina Silva aceite o convite, mas mostraram-se otimistas quanto a obter o apoio dela no segundo turno.

(…)
COMENTÁRIO

10. (SBU) Dados a recente subida de Dilma nas pesquisas, a inabalável popularidade de Lula e o tempo que ainda falta até a convenção do PSDB em junho, os fatos que determinam quem Serra terá como vice ainda são fluidos, e nem Serra pode saber com certeza quem será o melhor candidato. As últimas pesquisas mostram diferença de um dígito entre Serra e Dilma, e já há boatos, outra vez, de que Serra pode desistir em favor de Neves, se achar que a disputa estará apertada demais no final de março. Ainda assim, Serra é o candidato mais provável e segue a procura pelo melhor vice. Uma vez que a possibilidade de uma chapa Serra-Marina é pequena, e que é pouco provável uma coalizão PSDB-DEM, os indicadores, hoje, sugerem que haverá chapa “pura”, do PSDB. A ambição de Neves, seu “star power” e sua lealdade ao partido tornam altamente provável uma chapa Serra-Neves, apesar de Neves, publicamente, dizer o contrário.

A popularidade de Aécio Neves no Nordeste (base de poder de Lula) e os votos que Neves traria para Serra em Minas Gerais, segundo colégio eleitoral do país, imporiam pesado desafio contra os esforços de Lula para coroar Dilma como sua sucessora. FIM DO COMENTÁRIO. HEARNE

Wikileaks & Eleições 2010 - 1

246840 2/2/2010 19:13 10RIODEJANEIRO32 Consulate Rio De Janeiro UNCLASSIFIED//FOR OFFICIAL USE ONLY

UNCLAS RIO DE JANEIRO 000032 SENSITIVE SIPDIS E.O. 12958: N/A TAGS: PGOV, PREL, BR SUBJECT: VIEWS ON POSSIBLE VP CANDIDATES FOR JOSE SERRA REF: 09 BRASILIA 1486 SUMMARY 1. (SBU) Political observers and party actors across the country contend there is a possibility of the Brazilian Social Democratic Party (PSDB) presumed presidential candidate and frontrunner Jose Serra asking Green Party (PV) candidate Marina da Silva to be his vice presidential candidate. While it seems unlikely at this point that Silva would accept such a role, most believe she would at least support Serra in a second round runoff with Worker Party (PT) candidate Dilma Rousseff. The Marina possibility notwithstanding, political insiders see as the most likely scenario that Minas Gerais governor Aecio Neves (PSDB) will eventually join Serra as his VP candidate, in spite of Neves' public statements he will run for Senate. Although the narrowing gap between Serra and Dilma Rousseff in the latest polls has renewed speculation that Serra might bow out in favor of Neves as the PSDB candidate, Serra remains the most likely candidate, and many of our interlocutors state a Serra-Neves ticket would be the surest way for Serra to successfully challenge President Lula's efforts to translate his own popularity into votes for Dilma Rousseff as his successor. End Summary. RIO OBSERVERS DISCUSS VP OPTIONS 2. (SBU) During a private January 12 lunch, prominent Veja magazine political columnist Diogo Mainardi told Rio Principal Officer that Mainardi's recent column proposing Green Party (PV) presidential candidate and former Lula environment minister Marina Silva as the ideal vice presidential candidate on Jose Serra's (PSDB) ticket was based on a long conversation between Serra and Mainardi, in which Serra said Marina Silva would be his "dream running mate." Serra outlined in that conversation with Mainardi the same advantages that Mainardi later listed in his column: Marina's life story and impeccable leftist credentials would trump Lula's personal appeal to poor Brazilians and place Dilma Rouseff (PT) at a disadvantage with the left, while helping Serra mitigate the association with the government of Fernando Henrique Cardoso which Lula/Dilma hope to use as a point of attack in the campaign. That said, Mainardi does not expect Marina to sign on with Serra, as she wants to establish her own credibility by running for president. However, Mainardi said he thinks - as does Serra - that Marina might well support Serra in a second round runoff with Dilma. 3. (SBU) On a more realistic level, Mainardi indicated to PO that Minas Gerais Governor Aecio Neves told Mainardi earlier this month that Neves remains "completely open" to the possibility of running as vice presidential candidate with Serra. (Note: On December 17, 2009 Neves officially terminated his "pre-candidacy" for the Presidency and indicated he had no interest in running for vice president - reported reftel. End Note). Despite Neves' public statements that he will run for Senate, Mainardi said Neves plans to wait for a scenario in which PSDB, perhaps by March, asks Neves to join the ticket, to assure the strongest possible chance against Dilma. Neves' own ambitions and his inextricably linked desire not to be a spoiler for the PSDB in the coming race would lead Neves to join the ticket, in Mainardi's opinion. This was echoed by Merval Pereira, columnist for Rio's newspaper of record "O Globo," who recounted to PO on January 21 a conversation Pereira had with Neves the day before, in which Neves said he was "firmly committed" to helping Serra in any way, including joining the ticket. A Serra-Neves ticket, opined Pereira, would win, and Pereira personally believed that not only would Neves run with Serra, but that Marina Silva would also support Serra in a runoff. 4. (SBU) Rio Federal Deputy Marcelo Itagiba (PSDB), who is closely involved with the Serra campaign, told Rio Poloff that Marina was his clear preference as Serra's VP. He cited the practical benefits to the Serra campaign, most notably the increase in television airtime he would gain by tapping into Marina's share (Comment: Given that party campaign airtime is based on legislative seats won in 2006 and the PV's minimal showing in that election, increased airtime for a Serra-Marina ticket would be negligible. End Comment). At the same time, Itagiba shared Mainardi's assessment of Neves, stating Neves would likely join the Serra ticket, if a Serra first round victory does not appear assured. "If this is the will of the party, Neves will accept," he said. 5. (SBU) While Rio Deputy Otavio Leite (PSDB), minority leader in the House of Deputies (Camara), told Poloff he did not believe Marina would accept any VP offer from Serra, he stated, the PSDB was counting on her support in a second round. On Neves, Leite offered a dissenting view from the other Rio interlocutors, saying Neves' election to the Senate was a foregone conclusion and would be a much more attractive option than VP, considering Neves' presidential ambitions, especially if the Senate term carried with it the Senate presidency, as many believe it will. Leite assessed that a mixed ticket with allied opposition party DEM would be a real possibility, naming Senator Jose Agripino from Rio Grande do Norte as a leading contender. Rio Federal Deputy Rodrigo Maia, president of the DEM party, also confirmed to Poloff that Agripino's name was on a shortlist of Serra VP candidates and discounted Marina's willingness to join a Serra ticket or even support him in a second round. "She will go back to Lula in the end," Maia said. "We cannot count on her." (Comment: Maia's opinion of Marina Silva reflects a significant difference between long-time allies PSDB and DEM. PSDB members are by and large comfortable with Marina while DEM, which has an agrarian base, sees her as philosophically incompatible and a potential threat to their economic interests. End Comment). VIEWS FROM SAO PAULO 6. (SBU) Sao Paulo Federal Deputy (PSDB) and City Secretary for Sports Walter Feldman told Sao Paulo Econoff that a unified PSDB presidential ticket with Neves would strengthen Serra's chances in the October elections. Describing Serra and Neves as Brazil's two best governors, Feldman expressed confidence that their combined record of administrative achievement in elected office would resonate with voters underwhelmed by Dilma Rousseff's performance at Minister in President Lula's cabinet. In subsequent discussions with PSDB Sao Paulo State PSDB President and Federal Deputy Antonio Carlos Mendes Thame and Sao Paulo Municipal Secretary of Government and local PSDB insider Clovis Carvalho, both told Econoff that Neves was choice of the party leaders for the VP slot and they were confident he would answer the call. Both emphasized that PSDB must deliver Minas Gerais and Sao Paulo states to win the presidency and that the best way to do that was to bring Neves onto the Serra ticket. Separately, Bolivar Lamounier, co-founder of the Sao Paulo Institute for Economic and Political Studies (IDESP), and Ricardo Sennes, Director of international affairs consulting firm Prospectiva Consultoria Brasileira told Econoff they expected Marina to carry through with her own campaign but throw her support behind Serra in a second round after having "burned bridges" with her exit from the PT. PSDB OUTLOOK IN BRASILIA 7. (SBU) Other PSDB players discount the likelihood of a mixed ticket. While acknowledging that Serra strongly prefers a coalition ticket and that Neves wants to run for senate, Senators Eduardo Azeredo (Minas Gerais) and Alvaro Dias (Parana) told Brasilia Poloff that the party faithful want a pure PSDB ticket, and claimed such an outcome was likely. Pernambuco Federal Deputy and PSDB vice leader in the House of Deputies Bruno Araujo also downplayed the possibility of Serra tapping a DEM representative, implying the DEM's diminishing popularity left Serra with little to gain from such a ticket, even in the northeast, where the DEM party has the most seats. In conversations with Poloff this week, two senior PSDB staff members acknowledged Serra' interest in Marina as a VP candidate, and described her as the latest big idea among a large minority within the party, especially in Rio and Sao Paulo. Neither believed Marina would ever accept such an offer but both were optimistic about gaining her support in the second round. RECIFE: THE NORTHEASTERN PERSPECTIVE 8. (SBU) Recife political analyst Andre Regis (also a lawyer, Federal University of Pernambuco professor and active PSDB member) told post recently that PSDB believes a Serra-Aecio ticket would do well in the Northeast. While he acknowledged that Dilma's poll numbers have gradually improved in the region, Serra still has some advantages over her with voters enthralled by President Lula's charisma and history. Admitting that Serra also suffers from an image as more of a technocrat than a politician, he asserted that Aecio would help shore up the opposition ticket if he accepted the nomination for vice president. 9. (SBU) Pernambuco PV president Sergio Xavier confided to post last week that, in his opinion, Marina Silva will maintain her own candidacy, but is certain to support Serra in a second round. He added that PSDB, being very weak in Rio, needs an alliance with PV there to benefit from a Fernando Gabeira candidacy for governor (Note: On January 26, the PSDB and PV announced Marcelo Fortes, PSDB's VP in Rio, would be Gabeira's running mate for governor of Rio state. End Note). Regarding possible DEM running mate Agripino, contacts in Natal told PO this month that he may not even win re-election to the Senate, due to his old-style image and lack of charisma. Serra would not get the needed boost in the Northeast if he were to tap Agripino, who was once implicated in a vote-buying scandal in Rio Grande do Norte. COMMENT 10. (SBU) With Dilma's recent ascent in the polls, Lula's unwavering popularity, and significant ground to yet cover between now and the PSDB's Convention in June, the factors that determine Serra's choice for VP candidate are still too fluid even for Serra himself to know who the best candidate will be. With the latest polls showing a single-digit margin between Serra and Dilma, speculation has even surfaced again that Serra might bow out in favor Neves as the PSDB candidate if he thinks the race too close at the end of March. Nonetheless, Serra is still the most likely candidate and his hunt for the strongest VP candidate continues. Given the long shot prospect of a Serra-Marina ticket and the politically inexpedient possibility of a PSDB-DEM coalition, current indicators point to a pure PSDB ticket. Neves' ambition, star power, and loyalty to the party make a Serra-Neves ticket a real possibility, in spite of Neves' public comments to the contrary. Neves' popularity in the Northeast (Lula's power base) and the votes Neves would bring Serra in Minas Gerais, the country's second largest voter state, would constitute a very powerful challenge to Lula's efforts to crown Dilma as his successor. End Comment. 11. (U) This cable was coordinated with and cleared by Embassy Brasilia and Consulates Sao Paulo and Recife. HEARNE