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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Matéria Globo


Para especialistas, campanha será agressiva
 
Com base nos discursos de sábado, eles preveem que Dilma e Serra vão marcar posição com ataques pessoais
Gilberto Scofield Jr.
SÃO PAULO. Ainda que os candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) não tenham explicitado seus futuros programas de governo, o discurso de Serra no lançamento de sua candidatura e o de Dilma, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, deixam claro, para acadêmicos especializados em ciência e marketing políticos, que a disputa eleitoral será agressiva com ataques pessoais baseados na biografia de cada um , antagônica José Serra tende a fazer uma campanha de olho no futuro, enquanto Dilma Rousseff apontará para a continuidade e o passado e ampla: mais do que uma disputa entre candidatos, estará em jogo uma disputa de governos a era FH contra a era Lula.

Para Roberto Romano, professor do Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a disputa se dará no campo das esquerdas, na falta de um candidato claramente identificado com posicionamentos de direita. Mas este fator, observado nas entrelinhas dos discursos de anteontem, bem como no histórico dos dois candidatos mais bem posicionados na pesquisa, não significará um debate em torno dos mesmos temas.

Não vimos ainda discussões sobre programas de governo ou o que propõem os candidatos para áreas importantes como educação ou ciência e tecnologia diz Romano.

Mas já se percebe algum debate ideológico em torno do passado dos candidatos, como sua posições sobre o tamanho do Estado, ainda que, na área econômica, Serra e Dilma atuem como num jogo de espelhos, mirando políticas econômicas iguais.

Polarização à vista entre os governos de FH e Lula Analisando os discursos, Paulo José Araújo da Cunha, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, percebe uma imensa polarização eleitoral em torno não apenas de Dilma e de Serra, mas entre os que apoiam o governo do ex-presidente Fernando Henrique e o governo do presidente Lula.

Será uma campanha agressiva, que só tende a se exacerbar com o decorrer da disputa. Note que não é apenas Dilma que manda recado para Serra e vice-versa. Fernando Henrique e Lula entram na briga de insinuações, o que amplia a disputa para uma batalha de governo contra governo.

O sociólogo e historiador Marco Antonio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos, diz que os discursos se opõem nas perspectivas: Dilma Rousseff defenderá a continuidade do governo de seu padrinho, o presidente Lula, de certo modo mirando o passado, enquanto Serra vai buscar atrair os eleitores com promessas de um futuro melhor, dissociandose do governo atual.

Já se percebem nos discursos ataques pessoais usando as biografias de cada um.

Dilma diz que Serra fugiu da briga contra o governo militar.

Serra alerta para a falta de experiência política e administrativa de Dilma, que de fato vem enchendo esta disputa de emoções fortes por sua falta de experiência política e declarações que deixam os quadros do PT nervosos. Será uma campanha agressiva diz Villa.

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