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terça-feira, 12 de julho de 2011

OGlobo: Imprensa é incluída no projeto de poder de Correa

Controle da mídia

Publicada em 11/07/2011 às 23h36m

José Casado (jose.casado@oglobo.com.br)

RIO - Rafael Correa, presidente do Equador, é um fenômeno político. Com apenas 600 dias de carreira pública, no Ministério da Economia, candidatou-se e se elegeu presidente, em 2006. Com 100 dias no poder, reescreveu a Constituição. Antes de completar dois anos de mandato já controlava o Poder Legislativo. Nesta semana, completa um processo iniciado há 18 meses para obter, também, a submissão do Poder Judiciário: uma comissão designada e subordinada ao Executivo vai indicar novos juízes, entre os quais um grupo que poderá interpretar a Constituição equatoriana a favor de seu interesse em um terceiro mandato, em 2014.

O projeto de poder de Correa inclui, é claro, a imprensa. Prepara uma lei para controlar os meios de comunicação em todos os níveis - da propriedade acionária à participação no mercado, passando pelo conteúdo editorial com um comitê governamental específico.
A renúncia de Emilio Palacio, editor de Opinião e colunista do "El Universo", de Guayaquil, é apenas um capítulo nessa batalha.

Correa não gosta de opiniões contrárias, principalmente quando publicadas. Usa os meios de comunicação governamentais para, literalmente, xingar quem discorda. E utiliza tribunais para processar, como pessoa física, quem não concorda com o presidente da República. Quando não pode enfrentar o crítico, acusa o mensageiro. Foi o que fez, por exemplo, ao pedir indenização de US$ 10 milhões contra dois jornalistas, Gustavo Calderón e Christian Zurita. Eles são autores de um livro ("El Gran Hermano") com denúncias do irmão mais velho de Correa, Fabricio, sobre corrupção no gabinete presidencial. "Ele não aceita quem pensa diferente", lembra o irmão do presidente.

Correa, agora, está empenhado em "vender" suas ideias para a América do Sul. Na última quinzena o chanceler equatoriano Ricardo Patiño anunciou a decisão do seu presidente de lutar na União de Nações Sul Americanas (Unasul) para a adoção de "uma lei que regule o conteúdo dos meios de comunicação" em toda a região.

É um sonho que Correa compartilha com vários políticos sul-americanos. Em comum, além da sedução autoritária, eles têm biografias sitiadas por denúncias de corrupção e agressões à democracia.

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